Capítulo 67

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No dia seguinte reuni toda a nova equipe no convés para as informações. Estavam todos em suas formações de acordo com as patentes. Natalie ficava linda de uniforme. – Bom dia a todos. Para quem não me conhece sou a capitã Priscilla Pugliese, sou chefe do trauma na marinha americana. Somos 27 médicos cirurgiões, 12 médicos residentes, 120 enfermeiros, 100 técnicos em enfermagem, 5 farmacêuticos, 20 analistas clínicos, além de todo o quadro mais que essencial nesse navio de limpeza, alimentação, lavanderia que cuidam de tudo que nós e os pacientes precisam, a equipe técnica que faz esse navio funcionar. Sem eles nada disso aqui funcionaria. Estamos protegendo nosso país e fomos chamados a servir. A principio ficaremos aqui por 30 dias e uma nova equipe será designada. O Navio Confort é o mais seguro dos Estados Unidos. Ficaremos a 3 quilometros do porto por segurança. Teremos vigilância 24 horas. Todos nós receberemos um chip para colocarmos nos nossos telefones para comunicarmos com a nossa família. Quando não for possível comunicação por telefone, envie e-mails, a internet via satélite estará funcionando. Lembrem-se, nada sai daqui, ninguém pode expor dados de pacientes ou do que acontece no Bahrein, por motivos de segurança. Está claro?

XX: SIM CAPITÃ... – todos responderam.

Eu: Nos informaremos de tudo as 17 horas de hoje, sobre pacientes internados, temos 229. Os confrontos estão intensos, estamos perdendo soldados. Então fiquem atentos. Receberão as escalas hoje e amanhã começa o primeiro plantão de 24 horas. – falei mais algumas coisas, fizemos o juramento a bandeira dos Estados Unidos e dispensei a todos. Vi a Keila. Ela é mãe de um coleguinha do meu filho na escolinha. O filho mais velho dela está com câncer em fase terminal, ele tem 17 anos, ela não deveria estar ali. Ela estava triste e sozinha. Eu fui até o escritório reservado a mim, abri meu notebook pessoal e abri o box de mensagem.

O que a Keila Preston está fazendo aqui? Vocês não tem um pingo de humanidade mesmo não é?

Fui respondida cinco minutos depois...

Quem é Keila Preston?

Eu respondi...

Keila Preston é uma médica do NYU. Ela tem 4 filhos e o filho mais velho dela está em fase terminal de câncer. Ele tem 17 anos. Qual é o problema de vocês? Mandarem essa mulher para cá enquanto o filho dela está morrendo, com medo e sem a mãe por perto? Ele só precisa da mãe, já que ninguém pode salvá-lo.

Eu estava furiosa...

Priscilla eu não sabia disso, eu não escolhi as pessoas, foi o general Anderson Patten.

Eu ri de ironia...

Tinha que ser esse imbecil. Ele não sabe diferenciar o cotovelo da bunda. Ele não é nem gente. Mandem um helicóptero vir buscar essa mulher no navio, não é justo o que estão fazendo com ela. A deixe viver os últimos momentos com o filho dela. Podem me prender se quiserem quando eu sair daqui, mas deixem essa mulher passar os últimos momentos do filho dela ao lado dele.

Fui respondida...

O presidente quer falar com você... Ele vai te ligar agora.

O telefone tocou...

Eu: Senhor Presidente.

Presidente: Capitã Pugliese. Estou consternado com essa situação. Não fui informado desse caso.

Eu: Essa mulher está sofrendo muito, o filho pode morrer a qualquer momento, ela não deveria estar aqui. Muitos de nós não deveríamos estar aqui e estamos, então pelo menos seja justo com ela.

Presidente: Vou mandar um helicóptero busca-la no navio e pedir que ela embarque no primeiro avião para os Estados Unidos. Vou pedir que enviem os documentos, os imprima e peça que ela os assine por favor.

Eu: Ok.

Presidente: Obrigado capitã, e que Deus abençoe vocês e os Estados Unidos da América.

Eu: Obrigada senhor... – desliguei.

Fiquei analisando alguns papeis e logo recebi o email com a papelada. Eu imprimi, li tudo, assinei, fui até o capitão expliquei a situação e ele assinou também. Pedi que chamassem a Keila.

XX: Capitã Pugliese – fez continência.

Eu: A vontade marinheira. Sente-se por favor.

XX: Aconteceu alguma coisa? – ela já estava preocupada.

Eu: Sim. Você não deveria estar nessa missão. Você deveria estar com sua família e seu filho nesse momento.

XX: Aconteceu alguma coisa com ele? – me encarou assustada.

Eu: Não. Eu vi você e não acreditei que estava aqui. Eu falei com a segurança nacional e falei com o presidente. Tem esses documentos para assinar e hoje as 16 horas vem um helicóptero te buscar. Você vai ser colocada num avião de volta para os Estados Unidos. Você está dispensada. Vai ficar com a sua família, com seu filho, aproveite cada segundo com ele. Sua convocação foi um erro. – ela chorou. – Vai amar e cuidar do seu menino. – segurei para não chorar.

XX: Obrigada capitã... Eu não sei o que sentiria se meu filho morresse e eu estivesse aqui. Ele está com tanto medo.

Eu: Eu não consigo nem imaginar. – ela assinou tudo, dei um papel que ela teria que apresentar quando chegasse aos EUA e ela saiu. Eu não vi a Natalie o dia todo, fui vê-la no jantar. – Oi – me servi e sentei do lado dela.

Nat: Oi... Esse navio é muito grande, eu ainda não consegui conhecer nem metade dele.

Eu: Vai ter tempo de conhece-lo.

Nat: Vi que a Keila foi dispensada.

Eu: Sim. Um absurdo ela ter vindo enquanto o filho está morrendo.

Nat: também achei um absurdo.

Eu: E o que está achando de estar aqui?

Nat: Ah... Queria estar em casa com meu filho. Não vestindo farda e atendendo soldados que se explodiram com bombas.

Eu: É eu sei, é difícil voltar as origens.

Nat: Muito difícil amor. Ops.

Eu: Não dá bandeira – ri e ela riu também. A gente jantou e fui andar um pouco.


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