15 de fevereiro de 2010O hospital está cada dia mais cheio. Estou cansado de ver tanta gente acamada até mesmo no chão do corredor. Crianças... idosos... Ah, céus! O que eu faço para ter um pouco de sossego?
Saia por aí e transe sem parar.
Que devaneio chato, hein, Leonel? Bom, pensando bem, não seria nada mal. Faz tempo que não saio com uma mulher. Mas nunca tenho tempo, ainda mais agora que vou começar a trabalhar na minha clínica e deixar o hospital.Calma, Leonel, você precisa relaxar...
Sem contar que tenho que dar aulas na Faculdade de Medicina. Os alunos vão se formar daqui há três anos e falta pouco.
Este ano mal começou e eu já estou com a agenda lotada. Tem muita coisa a ser resolvido no hospital onde trabalho — Samaritano, situado no bairro Botafogo, rua Bambina, 98 (RJ).
Trabalho aqui há três anos. É um bom hospital, mas, sinceramente, prefiro trabalhar na minha clínica. Venho ao hospital porque as vezes faltam médicos e o diretor sempre recorre a mim — que nunca disse não aos cariocas. Eu vivo mais para as pessoas do que para mim.Meu casamento terminou, estou solteiro e livre (carente também).
No momento, estou me lixando para um relacionamento sério, acabou isso. Aquele Leonel carinhoso e feliz morreu. Eu me tornei um homem diferente. Juro que nenhuma mulher vai voltar à pisar em cima de mim. Nenhuma! A ex que tive foi mais uma puta varrida que passou pela minha vida, deixando uma marca dolente em meu corpo.Coitada daquela que atravessar o meu caminho. Eu não vou ter piedade de ninguém. Confesso que virei uma pessoa má — o esculápio destemido pela vingança. Parece um filme, né?
Hoje é segunda-feira. Segunda! Ninguém merece. Tenho que sair daqui, esse hospital está me deixando atordoado. Ou será o estresse? Médicos trabalham e pensam muito.
O que esse ano tem para mim? Coisas boas? Ruins? Filhos? Não, filhos não. Isso vai depender de mim, então, nesse caso, eu não quero. Não tenho tempo para nada, só para as pessoas.
Sentado na cadeira, levo as mãos na nuca e fito meus olhos sobre o vidro transparente da mesa. O telefone toca, me tirando do devaneio.
— O que é dessa vez, Sophia?
Minha voz soa baixinho.
Sophia é a enfermeira do corredor do último andar do hospital.— Tem uma jovem no quarto 507 que está passando mal, doutor. Mandaram lhe chamar urgente.
Antes de me levantar, um email surge na tela do computador.
Eu não disse que ninguém me deixa em paz?
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De: Oliver Lins
Assunto: Faculdade de Medicina
Data: 15/02/2010 09:32 AM
Para: Leonel BlanchardPassando para avisar que haverá mudanças na faculdade a partir de hoje, não posso escrever por email porque acredito que tomaria todo o seu tempo. As aulas iram começar mais cedo às ordens do presidente Henrico Bruscky.
→Hospital Particular do Rio de Janeiro Real Cordis (RJ).
______________________________Mudanças? Oliver é o primeiro a ser avisado? Antes era eu, que estranho...
Levanto-me apressadamente da cadeira e vou direto para o elevador do andar de baixo.
Aposto que essa garota está grávida. Já ouvi esse chamado antes e eu sempre acerto.
O elevador abre com um som insuportável de “trin”. Abro a porta do quarto e me deparo com dois homens e a enfermeira em cima da garota, que aparenta ter uns quatorze anos. Usa roupas de algum colégio que nunca ouvi falar, é morena e quase magra. Os cabelos cacheados e bagunçados, com a cara de quem chupou limão azedo.
— Doutor, por favor, ajude minha filha — apela um senhor careca, enfurecido com algo.
É bom ele que vá baixando a bola, porque o que tem de gente mal-educada que já esculhambei hoje é até demais. Eu não vou suportar mais um.
— Ela tomou um analgésico, mas a tontura não passou — diz um jovem rapaz loiro, também preocupada.
Deve ser o namorado dela.
Agora sou o Sr. Atenção — eles me olham, cheios de expectativas — claro, eu sou o médicoEncaro Sophia impassivelmente, com as mãos no bolso da minha calça jeans. Ela já deveria ter prestado os primeiros atendimentos, enquanto eu estava à caminho.
— O que está esperando para levá-los à sala de espera, hein?
Ela fica meio sem jeito ao me olhar de volta.
— Desculpe, doutor. Me acompanhe, senhores.
Ela some com os dois pela porta, me deixando sozinho com a Srta. Tonta.Fico de frente com a garota, encarando seus olhos fugazmantes. Ela parece um pouco nervosa.
Vamos lá, mocinha, você deve estar trepando com alguém e, por irresponsabilidade, engravidou.
— Muito bem, moça.
Vamos lá — retiro o medidor de pressão do pescoço.Depois de conferir a pressão, digo:
— Sua pressão está normal, não baixou e nem subiu.
A menina não consegue ficar parada, ela cai sobre mim meio sonolenta, dando-me um susto.
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Minha estúpida obsessão
RomanceBruto, sexy, ambicioso, perigoso e amante da medicina. Isso define Leonel Blanchard, um médico sensual, que consegue jogar seu charme para cima de suas alunas. Linda, doce, pura e ingênua em relação aos homens. Esther Winkler é apenas uma adolescent...