Estou em dúvida onde colocar o quinto travesseiro. No lado esquerdo? Direito? Hum... acho que no lado esquerdo vai ficar bom. Pronto. Tapete vermelho, cobertor branco, lençóis e travesseiros. Aprecio a paisagem: luzes lá fora, vinho, talheres e dois pratos de louça branca.
- Está perfeito, Leo - diz Esther, segurando uma assadeira de vidro.
- Leo? - franzo as sobrancelhas. - Desde quando me chama de Leo?
- Desde hoje - ela deixa a assadeira na mesinha do chão. Sentamos, sorrindo um com o outro.
- Você fica mais jovem quando sorri.
- Ora, ora, obrigado, Srta. Winkler.
- Não há de quê.
Coloco a comida em nossos pratos, é risoto de bacon e ervilha. Em seguida, o vinho nas taças.
- Virou vegetariana?
- É raro eu comer carne. Não sou muito fã de bois - sorri.
- Você é desnutrida.
- Não sou não. Cada um tem seu gosto.
- É - levo a taça na boca e bebo o vinho branco. Dou a primeira garfada no risoto. Ela também faz o mesmo, duas vezes.
- Humm... Quel délice.
- Ahn? O que disse?
- Que delícia. É francês.
- Entendi. Você fala francês?
- Eu sou francês, nasci em Bordéus.
- Ah, sempre achei que você fosse brasileiro.
- Bom, o país é bonito sim, mas é tudo mal administrado - como mais um pouco e Esther também.
- É verdade - concorda ela. - Sua família é de Bordéus?
- Nem todos. Minhas primas nasceram aqui e algumas na França.
- Já foi em Paris?
- Várias vezes.
- Você viaja muito?
- Sim, participo de eventos fora do Brasil. Ano passado, dez médicos e quatro cientistas viajaram até a África para pesquisar a doença que afeta mais os africanos e como evitá-las. Eu também participei.
- Interessante. Você é muito famoso no Brasil - comenta.
- Quero que você também seja uma boa cirurgiã.
Ela sorri e se aproxima para me beijar.
- Hum. Vamos terminar de comer - murmuro em sua boca.
- Não quero mais.
- Seu prato está incompleto.
- E daí?
Ergo uma sobrancelha com cautela.
- E daí que, se você não terminar de comer, não vou fazer amor com você.
- Mas...
- Mas nada. Obedeça porque o seu mal mantimento está péssimo e eu não gosto disso.
- Está bem. Vou comer tudo.
Depois de dois minutos, ela termina a comida. Bebemos um pouco mais de vinho. Está uma delícia. Pego todos os pratos para levá-los à pia, ela junta os copos nos dedos e me segue.
- Eu tenho mais vinho. Você quer?
- Depende do tipo.
- É vinho branco.
- Quero.
Ela abre a geladeira e me entrega o vinho.
- Vinho gaúcho? - olho o lacre. - Nunca ouvi falar.
- É gostoso. Tomei a primeira vez e gostei.
- Hum.
Voltamos ao nosso canto perto da varanda. O friozinho está no ar, dá para sentir. Bebo o vinho e me sento num dos travesseiros confortáveis. Começo a rir de uma frase que eu havia dito quando era adolescente. Esther fica surpresa sem entender nada.
- Do que está rindo?
- De uma frase boba que eu gostava de falar para as minhas colegas. Eu era o mais engraçado da turma.
Ela sorri.
- Quero saber.
- Eu estudava à tarde. Numa terça-feira, todos estavam empolgados com a chegada de uma antiga colega nossa chamada Bruna, ela tinha se mudado para Paris e decidiu voltar na oitava série. Ela também era engraçada. Ela gostava de dar conselhos para as amigas. No primeiro dia de aula da Bruna, ela disse uma frase quando estava de fofoquinhas com outras colegas: Vamos brincar de nuvem? Aí eu completei: Eu fico nu e você vem - rio de mim mesmo. Ela também cai na gargalhada.
- Sério?
- Sério - rio de novo.
- Nossa, no primeiro dia de aula ela chegou arrasando.
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Minha estúpida obsessão
RomanceBruto, sexy, ambicioso, perigoso e amante da medicina. Isso define Leonel Blanchard, um médico sensual, que consegue jogar seu charme para cima de suas alunas. Linda, doce, pura e ingênua em relação aos homens. Esther Winkler é apenas uma adolescent...