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TODOS ESTÃO NA mesa de jantar, olho para eles quando chego em casa. Esther e eu nos aproximamos de mãos dadas. Maryelli ainda está lá embaixo, conversando com uma colega que a abordou na entrada da casa quando estávamos descendo do carro. Minha família me olha com uma grande perplexidade. Heithor e Cristoffer vêm na direção de Esther.
- É um prazer revê-la, Esther - diz ele, radiando felicidade.
- Obrigada, Heithor.
Ele a aprecia com malícia nos olhos.
- Hã... Heithor - repreendo-o, ele me olha. - Ela é só minha.
- Parabéns, sua namoradinha é linda. Quantos anos você tem, Esther? Quinze? Desculpe a curiosidade, mas acho o meu irmão muito velho para você.
- Não interessa, Heithor - digo, irritado. Esther joga um olhar franzino para mim, e aperta meu braço.
- Eu tenho dezoito anos.
Heithor ri.
- Comendo menininhas - sussurra em meu ouvido, e volta a se sentar na mesa. Olho para Esther, furioso.
- O que foi? - pergunta ela, passiva.
- O que foi? - repito, me sentindo odiento. Nos sentamos à mesa com todo mundo. Meus pais cumprimentam ela muito bem. Fico feliz por eles estarem satisfeitos com a minha escolha, apesar da sociedade ainda não saber.
- Cadê a Maryelli? - diz Cristoffer, desconfiado.
- Ah, está lá embaixo conversando com uma amiga.
- Como estão seus pais, Esther? - pergunta minha mãe.
- Estão bem, obrigada.
- Athos e eu fomos convidados para patrocinar um evento em Nova York, viajaremos na segunda-feira.
- Estou com saudades dele e de minha mãe. A senhora poderia entregar uma carta que fiz a meu pai?
- Claro, querida.
- Faz tempo que você não fala com ele? - pergunta meu pai.
- Sim. Faz tempo.
- Por quê?
- Não tenho tido tempo com os estudos.
- Simples, falte uns dois dias para vê-los que você irá repor tudo com o seu querido professor. Só para você - diz Heithor com ironia, rindo de mim. Meu pai fuzila ele friamente com os olhos.
- Ninguém falou com você, intrometido - murmura ele, impassível. Rá! Heithor fica chocado e sem-graça. Toma essa, idiota.
- Foi mal, pai - murmura, cabisbaixo.
- Me desculpe, Esther, às vezes o Heithor é muito implicante e burro.
- Não tem problema, Sr. Blanchard.
- Leonel, você recebeu uma carta quando saiu hoje de manhã - avisa ele.
- Quem mandou?
- Não sei, filho. Não mexo nas suas coisas - diz meu pai, sorrindo.
- Viu o remetente?
- Não, sua empregada está com a carta.
- Ah.
Quem será que mandou? Yara, a empregada da casa, nos serve um delicioso prato francês. Todos da minha família adoram comida francesa. O nome eu não sei, mas tem carne no meio. Quando Esther dá a primeira garfada com uma cara de quem não gostou, observo-a seriamente.
- O que foi?
- Não sou fã de carne ao molho. Você iria ficar zangado se eu não comer?
- Claro que eu iria. Coma, Esther, por favor.
- Mas, e se eu engordar?
Respiro, sem paciência. Olho para ela, furioso.
- Eu prefiro você gorda - rosno entre dentes. Ela fica estupefata, e depois ri ironicamente.
- Você nunca vai me ter assim - murmura.
- Cale a boca e coma essa droga logo.
- Eu vou comer só a salada com o purê.
Ela sorri, mas de um jeito falso. É impressionante esse tipo de coisa. Essa magricela acha que está gorda. Ah, Deus. Ela é tão dócil e meiga que não consigo ser grosseiro neste momento. Esther pega meu queixo e me dá um selinho.
- Amo você - ela sorri.
Ah! Me ama... Vou usar minha arma agora.
- Então, prove.
- Como? - ela franze a testa.
- Comendo a carne, o purê e a salada.
- Tudo bem, eu como sem hesitar.
- Ah, quero ver isso, Srta. Winkler - ela leva o garfo com um pedacinho de carne na boca, me olhando. Sorrio, embora esteja super irritado.
- Muito bem. Isso é uma prova de que você me ama.
Ela come mais uma vez. Também aproveito e começo a comer minha comida antes que esfrie.

Minha estúpida obsessãoOnde histórias criam vida. Descubra agora