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Ela fica trêmula.
- Eu nunca imaginei que você fosse esse tipo de homem - murmura entre soluços.
- Eu não sou - grito de novo. Ela vira e caminha até a entrada da porta.
- Volte aqui, Esther!
Vou atrás dela e a pego pelo braço, forçando a tensão entre nós. Olho para ela com aquela aflição fugazmente. Decida já!
- Fique, por favor - sussurro quase implorando.
- Não, doutor.
Droga! Fique, não está vendo que eu estou morrendo de tão apaixonado por você?
- Dr. Blanchard, eu... - ela faz uma pausa meio confusa com as mãos entre laçadas à frente da coxa e com a cabeça baixa. - Eu amo o senhor.
Congelo na mesma hora. Para tudo! Não é possível, Leonel. Ela te ama? Te ama? Como? Viu o que você fez? Nossos olhares se aprofundam um no outro, desejando não estar naquela situação e, talvez, numa cama provando minha paixão e o amor dela por mim. Me ama? Não! Fui longe demais.
- Eu amo o senhor - repete, chorando.
Ela corre para os meus braços e eu fico ali, sem falar nada e muito menos mexendo para retribuir o abraço de tão perplexo.
- Por favor, me abrace também.
Ai, meu Deus!
- Esther, eu não quero nenhuma mulher enchendo meu saco falando mentiras. Isso é coisa séria. Eu já sofri por amor e não quero mais repetir esse inferno.
Ela me aperta fortemente, me fazendo arrepender do que eu disse.
- Mas não é mentira, você é o homem que me deflorou, o único que chegou tão longe... - murmura com muito desejo na voz.
O único! Por um lado pulo de felicidades, mas por outro... Merda! Não quero pular no galho que já pulei antes.
- Você não me ama?
Emudeço. Isso vai cortar o coração dela, mas a verdade tem que ser dita.
- Não - sussurro, e fecho os olhos como se alguém tivesse cravado uma faca nas minhas costas. Esther aperta os lábios, estarrecida.
- Eu... Você vai ficar bem sozinho.
Não!
- Preciso ir embora.
Ela não sabe o que fala, está apática, muito nervosa e pálida.
- Tchau, Leonel - ela sai.
Meu coração dispara, minha boca fica seca. De repente, as lágrimas escorrem pela minha face. Estou chorando! Porra! Estou chorando! Nunca chorei por uma mulher, por que isso agora?
Minha cabeça começa a doer, e é nessa hora que me sinto tonto. Puta que pariu. Vou desmaiar, não consigo me conter em pé. Droga! O efeito da batida na escada está resultando nisso.
- Pérola! Roquens! Yara... - grito muito fraco já sem forças na voz. Caio no chão e apago de vez.

OUÇOS VOZES, SOMENTE vozes e um barulho insuportável, fazendo tin, tin, tin. Estou inconsciente e deitado numa cama, minha cabeça não está mais doendo, mas não estou acordado. O falatório para e uma mão segura a minha, ela é pequena e macia. Esther! Ela nunca sai de perto de mim, é uma menina linda, minha menina. Linda. Não conheço outra mais linda que minha Esther Marihá.
- Por favor, doutor, volte, fale comigo, há somente nós dois agora - murmura ela com a cabeça debruçada em meu abdômen.
Adoro quando ela me chama de doutor, além de erguer o meu ego, me faz ficar louco pela sua boca. De repente acordo com o cabeça doendo.
- Leonel! - ela me abraça.
Gemo. Aperto o botão debaixo da cama para ficar mais confortável. Eu consegui acordar! Obrigado, Deus. Arregalo os olhos.
- Ai, ai, ai - gemo de novo.
Meu corpo está dolorido. Esther me beija na boca, nas bochechas e no orbicular dos meus olhos.
- Esther.
- Como está se sentindo?
- Com o corpo dolorido - murmuro, pegando suas mãos e beijando cada dedinho. - Há quanto tempo está aqui?
- Desde ontem à noite. Você não foi dar aula e pegou todo mundo de surpresa, então, eu soube pelo jornal do meu apartamento quando cheguei da faculdade. Fiquei preocupada e vim correndo até aqui, ontem, às onze horas da noite - ela me beija na boca de novo, um beijo com reverência.
Nunca ninguém se preocupou assim comigo, muito menos meus pais, eles me vêem como o filho que sabe resolver tudo.
- Obrigado.
- Você ficou em coma por dois dias porque bateu a cabeça muito forte na escada.
- Não está mais doendo. Quem é médico que está me avaliando?
- O Dr. Douglas Xavier, é um senhor de idade.
- Ah, sei quem é. E cadê a minha família?
- Eu disse que podia passar a noite com você, eles me deixaram e foram para casa descansar.
- E durante esses dois dias, você comeu alguma coisa?
Ela me olha, rubra. Isso é sinal de que não comeu, por isso ficou surpresa com a pergunta. Eu odeio quando ela não come. Ela está muito abaixo do peso.

Minha estúpida obsessãoOnde histórias criam vida. Descubra agora