Capítulo 08

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PASSO PELA PORTA do restaurante CT Boucherie, corro os olhos pelo canto das mesas, Oliver ama sentar perto de janelas grandes. Lá está ele, de terno e gravata. Ele olha atentamente para a sua taça de vinho, está absorto. Aproximo da mesa.
- Hã... - murmuro com a voz rouca. Ele volta a atenção para mim.
- Ah, oi.
- Oi.
Puxo uma cadeira para me sentar à sua frente. Ele franze as sobrancelhas e me fita seriamente.
- O quê? - digo.
- Você já notou que estão falando de você na faculdade?
- Falando o que sobre mim?
- Que você é tarado, petulante e muito ousado.
Solto uma gargalhada. Eu? tarado, petulante e ousado?
- Não sabia. Quem disse isso?
- É brincadeira - ele ri.
- Nossa, cara, levei um susto.
- Mas eu tenho uma coisa para falar.
- Diga.
- Vou viajar para os Estados Unidos por uma semana e quero que você fique em meu lugar no laboratório de anatomia.
- Hum, e?
- Você ficou encarregado de tudo. O Elliel também, mas as coordenadas são com você. Já falei com o diretor.
- Ih... isso vai tomar o meu tempo.
- Deixe de cinismo, Leonel. Vai ser bom. Coloquei você como responsável para ver a Esther desgrudada um pouco.
- Ah, Oliver. Você está falando sério?
- Estou.
Faço cara feia para ele. Ele ri.
- Não fique assim. Um dia sem comer ela não vai fazer falta.
- Oliver - repreendo-o. - Eu não vou ter tempo para mim. Cada um dos professores têm sua função, a minha é mais razoável do que a sua.
- É um favor, Leonel. Quando precisar de mim, farei o mesmo.
Suspiro. Ele sabe que estou indeciso. E agora? Tenho que aceitar, ele é meu amigo.
- Tudo bem, eu assumo isso.
- Valeu, cara - ele relaxa o corpo, e sorri.
- Quando vai voltar de viagem?
- Na outra segunda-feira.
- Ah.
Peço mais vinho para uma garçonete novinha de cabelos pretos e lisos, ela aparenta ter uns quinze ou dezesseis anos.
- Obrigado - digo.
- De nada, senhor - ela sorri, e cora ao se deparar comigo fitando seus olhos escuros. Ela sai, envergonhada.
Meu celular começar a vibrar no bolso da camisa. Quem será?... Peço licença para Oliver e vou ao banheira atender a ligação.
- Oi.
É a Esther.
- Oi, Esther.
- Você disse que ia vir mais cedo, já são onze e doze.
- Ah... não vou poder porque marquei um encontro com o Oliver num restaurante.
- Ah - resmunga. - Eu vou embora então.
- Não, fique aí.
- Não posso, passei o fim de semana inteirinho com você.
- Tudo bem - aceito sem hesitar. Ela não quer ficar, então não fique.
- Só isso?
- Se você não quer ficar, não fique.
- Ai, que raiva! Você não percebe?
- O quê?
- Eu estou me corroendo para fazer amor agora.
Rio num suspiro. Isso faz com eu me saia glorificado. Vou brincar um pouquinho.
- Eu vou matar sua carência, Srta. Winkler.
- Vem logo, por favor - implora.
- Daqui a uma hora estarei em casa, se o trânsito não estiver um horror...
- Uma hora?! - bufa no telefone. - É muito tempo, Leonel.
- Relaxe. Como você está?
- Molhada, por culpa sua.
- Ora, ora, eu adoro sentir você toda molhada.
- Por favor - suplica ela.
- Calma, eu vou chegar devagar, depois que eu entrar, vou meter com força.
- Mais.
- Eu vou comer você.
- Ahn?... - murmura quase gemendo.
- Quero ouvir você gemer alto.
- Vem logo - implora.
- Vou deixar suas pernas bambas.
Ela respira alto.
- Por favor, Leonel, termine seu almoço e venha.
- Tudo bem. Até mais tarde.
- Até.
Desligo. Nossa, ela ligou porque está louca para fazer amor comigo, é claro, passou a manhã inteira sem mim. Ah, me espere, Esther Winkler, vou dar o que você quer. Minutos depois, estou na mesa de novo ao lado de Oliver. Ele ergue os olhos quando me vê sorrindo, sozinho.
- E esse sorriso bobo na sua face? - diz ele curiosamente. Odeio curiosos.
-- A Esther.
- O que tem ela?
- Ligou dizendo que está louca para fazer amor comigo.
Oliver franze a teste, e solta um riso baixinho.
- Essa menina não sabe no que está se metendo - murmura.
- Que isso, cara? Quem ver você falando assim pensa que eu sou um médico lunático.
- E não é? Você está dando sete passos para essa estúpida obsessão.
- Sete? Você anda contando o que eu faço com ela?
- Mais ou menos. Mas não leve a brincadeira.
Dois garçons vêm com duas bandejas na mão. Acho que é comida.
- Aqui está, senhores.
- Obrigado - diz Oliver.
Eles saem. Olho para o prato.
- Hum... pediu comida francesa, Dr. Lins? - zombo.
- Me lembrei da sua comida predileta - ele sorri.
- Bem lembrado.

Minha estúpida obsessãoOnde histórias criam vida. Descubra agora