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Sento na cadeira e coloco as mãos na mesa, sentindo-me condoído. Oliver me olha.
- E então? - murmura ele. - Estamos no mesmo abismo.
- Eu já imaginava. O que a Leila aprontou dessa vez?
Ele suspira e rodopia o copo na mesa, abatido.
- Se eu disser, você nem vai acreditar.
Franzo as sobrancelhas.
- O quê?
- A Leila me traiu.
Safada. Eu acabava com ela na mesma hora, dava uma surra bem dada e fazia ela passar vergonha em público.
- Sério? - finjo em querer saber.
- É sério. Eu odeio ela - diz amargamente.
- Sinto muito, Oliver, nem parece que ela é uma safada.
Ele me olha com uma aflição fugazmente.
- Desculpe. Eu não queria ofender.
- Você tem razão. Nem parece, mas ela é. Você disse que precisava falar comigo.
- Ah, eu quero falar da Esther.
- Esther Winkler Marihá... ela é muito linda - murmura distraidamente. - Você gosta dela, não é mesmo, Leo?
Franzo a testa.
- Gosto, mas não quero me comprometer agora.
- Como assim? Não acredito que você chegou tão longe com ela.
- Cheguei, cheguei muito longe a ponto de ela me amar. Ela disse que me ama, Oliver.
Ele arregala os olhos, estupefato.
- A sua aluna te ama? Isso não tem lógica.
- O quê?
- Professor de faculdade comer a própria aluna. Leonel, você é louco? Está correndo perigo de ser afastado da faculdade. A Esther é muito... muito... Ah, não sei. Você é muito velho para ela.
Fico horrorizado depois de ouvir isso. Olha só quem fala.
- Poderia ferir mais o meu ego?
- Ah, Leonel, você sabe.
- Ela fez dezoito anos hoje.
- Dezoito? - ele respira. - Antes dela completar dezoito anos, vocês já estavam...?
- Transando. Isso. A gente transou bem antes. Tinha dezessete quando foi para a cama comigo.
- Você vai se foder na Faculdade de Medicina.
- Menos.
- Menos? - ele me olha, incrédulo. - Você tem vinte e seis anos, Leonel. Ela tinha dezessete. Preciso ser mais claro com você?
- Eu gosto dela. Dói saber que ela preferiu sair com Kaleb do que comigo. A Esther vai me pagar - murmuro a última frase como se estivesse no inferno.
- Por favor, faça o possível para que ninguém descubra que você anda comendo sua própria aluna.
- Já estão falando de mim.
- Ah! Ainda bem que eu não sou você.
- Estou me lixando para isso. O que estou preocupado mesmo é com ela e com Kaleb. Ele está querendo mais coisas.
- Eles pareciam bem íntimos quando estavam abraçados. Você não vai fazer nada?
- Claro que vou. O pior é que eu esqueci o aniversário dela.
- Faça uma surpresa esta noite. Vai dar certo.
- Surpresa? Não é nada mal - esfrego o queixo.
- Planeje algo bom.
- Já está planejado. Bem aqui - aponto com o dedo indicador para o alto da minha cabeça. Ele sorri.
- Tenho que ir. Não quero chegar atrasado. Tomara que ela ainda esteja acordada.
- Tomara. Boa sorte, Leo.
- Obrigado, obrigado mesmo, Oliver. Tchau.
Ele acena com a mão e eu me retiro. No fundo, num abismo profundo, eu estou morrendo de raiva da Esther, mas estou com vontade, fome, necessitado e louco para dar uma trepada com ela. Hoje é seu aniversário, portanto, acho que fazer amor bem-feito com ela vai minimizar as coisas.
Dentro do carro, ouvindo uma música da banda Nickelback - Neve Gonna Be Alone, relaxo no banco e penso um pouco nela apesar do trânsito estar lento. Estou apaixonado, estou apaixonado. Apaixonado! Ah, Esther, o que você fez comigo em tão pouco tempo?
Desde aquele dia em que nossos olhares se encontraram fugazmantes dentro da sala, me sinto inibido em relacão ao seu amor por mim. Por que, Deus, ela foi se apaixonar pelo primeiro homem que apareceu? - um homem que quer uma diversão e nada mais. Preciso ter uma conversa séria com ela sobre isso.

Minha estúpida obsessãoOnde histórias criam vida. Descubra agora