Capítulo 06

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ELA ESTÁ DESCONTROLADA, sai do bar bêbada, saltitando, está rindo consigo mesma, mal consegue ficar em pé. Ela atravessa a rua e um carro desgovernado vem e a atropela, fazendo com que ela salte para cima e caia no chão, desmaiada. Está morta? Não! Não! Não! Ela não!
- Não! - grito. Ah, droga! Foi um pesadelo. Levanto da cama e vou ao banheiro, ligo o chuveiro e entro.
Relaxo o corpo. Foi só um pesadelo, acalme, a Esther está bem. Começo a me ensaboar com um sabonete líquido, suspiro fundo. Foi só um pesadelo, repito na mente. Meu Deus, o que essa droga quer dizer? Que ela vai morrer? Por que estava tão bêbada? Por que estava sozinha? Ah, céus! Esfrego o rosto, termino o banho e pego a escova de dente. Tremo ao aplicar o creme dental - o medo se apodera de mim.
Foi só um pesadelo. Por que estou tremendo? Levo a escova na boca e movimento-a, depois de dois minutos, volto ao meu quarto. Tenho que ligar para ela, pego o celular e disco seu número. Enquanto chama, visto minhas roupas.
- Droga - resmungo, quando cai na caixa postal. Ela não deve estar bem, disco o número novamente, está chamando.
Ela não atende, não atende! Droga. Jogo o celular na cama, saio do quarto furioso e desço, minha família está aqui. Estão todos na mesa de jantar. Passo por eles rapidamente.
- Leonel - diz minha mãe. Ignoro-a e saio.
- Filho - meu pai me encontra na sala, eu paro e olho para ele.
- O quê? - digo bruscamente.
- O quê? - repete ele, incrédulo, com a minha reação. - Isso é jeito de falar com um pai, Leonel? Olha, não é porque você é dono de si mesmo que vai me tratar dessa forma, ainda posso lhe dar uma surra.
Ahn? Sermão a essa hora? Pelo amor de Deus, dai-me paciência!
- Pai, por favor, eu estou com pressa. Não está vendo?
- Claro que estou, mas a sua mãe te chamou e você a ignorou.
Suspiro.
- Eu converso com vocês depois - saio.
- Aonde vai? - grita no corredor.
- Procurar a Esther.

ESTACIONO O CARRO em frente ao seu apartamento. Saio e corro até a recepção, uma mulher me atende.
- Por favor, poderia me informar se a Srta. Esther Winkler está em seu apartamento? - digo, ela dá um sorriso sarcástico para mim.
- Ah, não sei, mas posso ligar para o número do interfone.
- Pode ser.
Ela clica em uma pasta e encontra o número, disca no telefone e espera, paciente. Ela me olha do pé à cabeça e sorri para si mesma. Qual é a dessa mulher? Ela entorta o lábio, balança a cabeça em negativa, respira e desliga.
- E aí?
- Ninguém atende.
- Eu vou subir.
- Não, estranhos não podem entrar.
- Deixe ele, Vanessa - diz um senhor de meia idade, magro. - O rapaz é namorado da Srta. Winkler, certo?
- Certo.
- Entre. Vanessa, dê uma cópia da chave a ele - ela abre uma gaveta e pega uma chave.
- Obrigado.
- É o Dr. Leonel Blanchard?
- Ele mesmo.
- Você é um bom médico, parabéns.
Dou um sorriso sardônico para o senhor.
- Obrigado - me retiro, e pego o primeiro elevador.
O que está acontecendo com você, Esther? Bato as chaves do apartamento dela e do meu carro na parede do elevador, minha paciência está se esgotando. Merda. Esse pesadelo... O que quer dizer? O elevador para, vou direto a porta e coloco a chave. Entro.
- Esther! - chamo, andando por todos os lugares. - Esther! - repito. Droga! Ela não está. Pego o outro celular no bolso e torno à ligar. Chama. Ouço ele tocar no sofá. Ah! Hoje não é o meu dia, ela deixou o celular em casa.
O jeito é esperar aqui. Onde ela se meteu? Seu celular começa a tocar. Athos júnior?... Ah, é o seu pai. Vou deixar tocar, se eu atender ele vai desconfiar e ficar se perguntando por que eu estou na casa de sua filha. Ele desliga e retorna de novo. Coitado, está mais preocupado do que eu.

Minha estúpida obsessãoOnde histórias criam vida. Descubra agora