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— O quê?
   Droga. Estou aumentando esperanças daquele beijo que dei nela. O que será que ela vai dizer em relação àquele momento do meu ataque?
— Eu gostei do seu beijo.
   Eu sabia, minha intuição não falha. É claro que ela gostou.
— Você beija muito bem...
   Todas as mulheres que já beijei dizem isso. Nunca parei para pensar em como me saio num beijo.
   Volto a atenção para o celular.
— ...mas você sabe que a faculdade demite e puni professores que se relacionam com alunas — murmura ela preguiçosamente.
   Que se dane as regras, Esther, eu quero você e ninguém vai me tirar isso.
— Estou ciente disso, Esther. Mas as regras não vão me impedir de fazer o que eu quero.
— Doutor, aquele beijo... Por que fez aquilo?
— Quer saber mesmo?
— Quero.
— Bom, você é uma garota linda, Esther. Me atraí, é estudiosa, inteligente. Gosto disso em você, do seu jeito meigo. Eu não me controlei.
   Caminho até a varanda do meu quarto enquanto falo, escancaro o janelão, deixando ar fresco entrar no andar de cima da casa. Estou só de cueca e duas mulheres lá embaixo, na rua, perto da casa de uma professora, param de conversar para me olhar. Assanhadas.
— Como pegou o meu número?
   Quando eu quero uma coisa, cariño, eu consigo.
— Eu tenho todos os seus dados no meu computador. Você sabe, de todos os alunos.
   Volto para dentro do quarto imediatamente, pois as duas mulheres estão me olhando demais, e agora elas descobriram o misterioso homem que mora na casa mais escondida das outras.
— O senhor está bem, doutor?
— Me chame de Leonel. E não, não estou bem.
— Por quê?
   Seu tom de voz muda para preocupação. Não acredito que ela está preocupada comigo. Isso é mentira.
— Porque estou sozinho em casa, pensando muito em você. Céus! Eu já disse que você é gostosa pra caralho?
— Leonel, por favor.
   Ela tenta mudar de assunto, mas prossigo:
— Eu não posso mentir. A vontade que eu tenho é de tirar sua roupa e me enfiar entre suas pernas. Você não sabe os planos que tenho quando eu colocar minha boca em seu corpo, Esther. Eu vou te arrebentar em muitos orgasmos usando apenas a minha língua.
— Por favor, professor, pare — murmura quase gemendo.
— Quero tanto beijá-la de novo. Eu acabaria com você. Nada mais pode ser excitante para um homem do que uma mulher que mexe com a sua imaginação, e você mexe com a minha, garota.
— Doutor...
— Estou ansioso para ver você. Esther, eu...
— Tenho que desligar.
   Chegou a hora do meu jogo.
— Só podemos fazer isso sem a interferência do seu irmão.
— Meu irmão? — ela fica surpresa.
   Acho que não sabe que o irmão veio na minha casa me atormentar. Ou será que sabe? Mulher traíra finge muito bem.
— Converse com ele e diga o que senti, se não fizer isso, eu posso me lascar feio — sorrio com um pouco de ironia.
   Mas a verdade é essa: posso me lascar.
— O que ele disse?
— Que, se eu me aproximar de você, ele vai abrir o bico.
   Você não tem jeito, Blanchard.
   Sorrio comigo mesmo.
— Fale com ele, Esther.
   Uso um tom de inocência na voz. Quem sabe assim ela me compreende.
— Está bem.
   Yes!
— Me responda: você quer o mesmo que eu?
   Ela emudece.
— Fale, Esther.
— O Senhor...
— Não me chame de senhor — interrompo ela.
— Não podemos.
— Claro que podemos. Na vida a gente pode tudo, mas há limites, mas podemos, sim. Você ficou atraída por mim, confesse.
— Quem disse?
— Seu irmão.
— Maldito — xinga baixinho.
— Então, Esther.
— O quê?
— Como nós ficamos?
— Não existe nós.
— É claro que existe, ainda mais depois daquele beijo. Se não gostou por quê não me fez parar?
— Tudo bem. Mas isso não significa que a gente pode ficar juntos.
   Vamos ver.
Não pense demais.
— Vou desligar — avisa.
   Por fim, acabo me cedendo.
— Ok, Esther. Até mais.
— Até.
              

   A FESTA DE ARQUITETURA ESTÁ bombando. Minha irmã tinha razão, está cheio de mulheres, a maioria é arquiteta. Os nomes estão todos expostos num telão, inclusive, o de Taylison Winkler, que também está participando.
   Nossa, estou quase ficando louco para ver a Esther, ela deve estar linda. Tomara que venhe de uma roupa comportada, ou eu vou ter que fazer coisas da qual irei me arrepender.
   Meus irmãos reservaram uma mesa com a melhor vista para a festa, dá para ver todo mundo à nossa frente. Além de Mary e eu, também vieram Heithor, Cristoffer e sua esposa Jeffy.
— Temos que pegar uma gatinha hoje, Leonel — sussurra Heithor no pé do meu ouvido.
   Sorrio, me divertindo com o que ele disse. A Esther está na minha lista.
Eu também — diz Mary.
— Nada disso, sossegue aí, Maryelli.
   Ela faz cara feia para mim.
   Deixe ela, porra. A sua primeira vez foi com treze anos.
Leonel, por favor.
— Deixe ela, irmão — diz Cristoffer.
   Olho para ele em desaprovação, mas são quatro contra um. Que isso? Será que eles não sabem como uma mocinha deve se portar.
— Tudo bem, mas... — levanto o dedo indicador, tentando ser mais engraçado  — ...vou contar para a mamãe depois.
   Todo mundo ri.
— Assim não vale, Leo — diz minha cunhada.
— É brincadeira, gente.
   O garçom entrega um balde com gelo e duas garrafas de champanhe dentro, Mary recebe um coquetel de frutas sem álcool. Brindamos à nossa diversão. Meio minuto depois todos ficam entretidos numa conversa sobre estilismo da empresa Blanchard York. Estão lançado um novo tênis da marca York, muito caro, e isso não passa despercebido por Maryelli e Heithor.
   De repente, em outra mesa, me deparo com Esther sentada ao lado de Taylison e Yany, próxima à janela de vidro que vai do teto até o chão. Ela está linda usando um vestidinho rosa-claro e curto. O blazer combinando com o salto altíssimo de cor preta e os cabelos soltos, batendo na cintura.
   Deus, me segure. Ela está muito gostosa.
   Você pensa em sexo?

   Chamo o garçom sem que meus irmãos percebam. Jogo apenas um sinal para o rapaz e logo ele entende.
— O que deseja, senhor?
— Leve um champanhe para aquela moça de vestido rosa-claro.
— Qual moça? — ele olha para os lados.
— Que está sentada ao lado do arquiteto Taylison Winkler.
— Ah.
   Ele para por um momento.
— Quer escrever algo para ela? Sempre dá certo.
   Até que o idiota pensa nas coisas.
— Quero.

Minha estúpida obsessãoOnde histórias criam vida. Descubra agora