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Olho para todos os alunos que estão aflitos por estarem diante de tantos cadáveres. A vida é tão vasta e tão efêmera sob nossos olhares.
O choque ainda ecoa no âmago de todos eles. Alguns estão fazendo cara feia, outros estão com medo. Isso tem que acabar.
- Olhem para mim, por favor, vou fazer uma pequena explanação. Eu sei que tem muitos que sentem medo ou nojo, mas estamos aqui para transbordar esse medo. Olhem - pego o braço de um cadáver feminino e solto. - Mortos não fazem nada, eles não se mexem. Deu para entender? Eles estão mortos! Gente, por favor.
Um jovem moreno levanta a mão para mim.
- Dr. Blanchard, quando o senhor começou a frequentar a aula de anatomia, o senhor tinha medo?
- No começo sim, mas com o tempo fui me acostumando. Jovens, futuros médicos, vocês precisam lidar com isso, é fundamental.
- Por que, doutor?
- Porque não é só aqui que vocês iram se deparar com mortos, no hospital também. Muitos pacientes morrem durante o processo de cirurgia. Comigo já aconteceu várias vezes, mas nunca por negligência. O médico responsável por aquele paciente que morreu, vai ter que fazer atestado de hóbito, levantar laudos, etc.
- Entendi.
- Como estão vendo, a vida é passageira. O que tem de fazer, faça logo. Amem o quanto podem, transam o quanto podem.
Todo mundo ri. O meu humor voltou. Esther me joga um olhar de censura. Quatro horas depois, eles ficam responsáveis por encontrarem a veia humana sem os professores. Estou vendo que a Srta. Winkler não está sabendo lidar com agulhas. Aproveito o momento, e aproximo por trás.
- Não está sabendo lidar com a agulha, Srta. Winkler? - sussurro em seu ouvido.
Ela leva um grande susto, e deixa a seringa cair no chão atrás de si. Abaixo-me para pegá-lo, ao me levantar, passo a mão em sua saia e ergo ela para o alto lentamente. Esther fica perplexa, e hesita.
- Pare com isso - murmura.
- Tome aqui sua seringa - deixo o objeto em cima da mesa, roço minha ereção em sua bunda e me retiro.
Ela xinga um palavrão sem emitir som na voz. Vejo que outra menina também não consegue lidar com a seringa. Ela sorri para mim quando pego o objeto na mão. Ela é bonita, morena - adoro morenas, elas são muito gostosas -, mas também adoro minha ruivinha.
- Você não pode tremer, garota, relaxe o braço - repreendo-a, e ela obedece. - E a senhorita ficou muito tempo com a seringa na mão. Isso também não pode acontecer.
Ela cora com um sorrisinho sem-graça. Você está intimidando ela.
- Em qual hospital o senhor trabalha, doutor?
Olho para ela.
- Por que o interesse?
- P_por nada, doutor - gagueja, atrapalhada. Franzo as sobrancelhas.
- O que está acontecendo? Seja sincera comigo.
Ela fita as mãos sobre a mesa.
- O senhor é muito bonito e sua presença me intimida.
- Ora, ora, não podemos inverter as coisas, senhorita.
Você fez isso com a Esther.
- Eu sei, doutor. Me desculpe.
- Não se desculpe. Vamos ser apenas amigos. Está bem?
Ela faz que sim com a cabeça.
- Obrigada.
- Se precisar de algo, me chame.
É você que inverteu as coisas, Blanchard. Não tenho culpa se elas me acham bonito, minha função neste momento é dar aulas. Estou me lixando se intimido elas.
- Leonel! - chama Esther.
Hum, achei que não iria precisar da minha ajuda. Aproximo. Um rapaz também, e ajuda ela sem me ver aproximando. Cruzo os braços e paro à mesa. Ela dá uma gargalhada junto com o rapaz.
- Não fui eu - diz ela, terminando uma frase. O rapaz sai, e ela continua rindo.
- O que deseja, Srta. Winkler?
- O Thaly já me ajudou, obrigada.
Ergo uma sobrancelha.
- Ah, é?
- É.
- Me aguarde - ameaço, ela sorri e entendi.
- Quero que seja bruto.
- Pode ter certeza de que dessa vez vou ser mais ainda - olho para ela friamente.
Ela joga um sorrisinho falso para mim. Cadela assanhada! Mas vou pegar leve, não estou com muita raiva dela.

Minha estúpida obsessãoOnde histórias criam vida. Descubra agora