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- Por que escolheu esta mesa tão incógnita às escuras?
- Bom, primeiramente, quero dar uma transada rápida com você.
- Aqui? - ela fica pasma.
- É, aqui - digo, intrépido.
Ela cora na mesma hora, intimidada com a minha expressão.
- Você não tem fim, Leonel?
- Quando o assunto é sexo, não. Por isso escolhi esta mesa, às escuras, para nós dois. Eu quero sentir o seu prazer, só o seu.
- Você é um verdadeiro lunático.
- Talvez.
Músicas do cantor Sam Smith rolam pelo restaurante. É ótima para está ocasião. Me deixo levar pela música, absorto.
- Conhece essa música? - murmura Esther.
- Conheço, se chama Have Yourself A Me.
- Linda - comenta.
- É. Sam Smith canta muito bem.
Ficamos em silencio por um tempo.
- No que está pensando? - pergunta Esther.
- Em como a gente progrediu durante esses meses.
Ela sorri e pega minha mão, fazendo um laço ao meio da mesa.
- Você é o melhor professor que uma aluna poderia ter.
- Eu sei que por trás dessa frase tem mais coisas. Eu sou um bom professor em que sentido, senhorita? - sorrio meio que fazendo cara de desconfiado.
- Em todos, principalmente, na cama.
Uau!
- Tem mais coisas? - indago.
- Você é lindo, gostoso, sexy e elegante.
- Hum. Eu sou elegante?
- Muito.
Sorrio.
- Obrigado. Você também é muito elegante, Esther Marihá.
- O que foi? - ela franze a testa sem entender. - Por que a Marihá agora?
- Porque eu quero.
- Eu não gosto que me chamem de Marihá.
- Mas é o seu sobrenome.
- Um sobrenome que eu detesto.
- Marihá é um nome bonito.
- Não acho.
- Eu gosto de Marihá.
O garçom retorna à nossa mesa com a comida. Ele leva cada prato em seu devido lugar, e também trouxe vinho branco - o meu predileto. Agradecemos quando ele se retira, fazendo apenas um gesto de cabeça profissional. Nossa, o rapazinho é áspero. Dou a garfada na carne ao molho e levo na boca.
- Devagar - diz Esther me olhando.
- Coma sua comida.
- Você devora a comida que nem um cavalo.
- Eu estou com fome, muita fome - murmuro.
- Não comeu hoje?
O quê? Franzo as sobrancelhas sem entender.
- Comida, malicioso - ela me desperta do devaneio.
- Ah, não. Lembro-me que tomei um suco natural e comi duas maçãs no consultório.
- Nossa, depois diz que eu que sou a desnutrida.
- Não me compare com você. Eu não sou pele e osso.
- Você toma bomba.
Não aguento, solto uma risada, que nunca havia saído antes, e deixo a colher cair sobre o prato. É a primeira vez que alguém me diz isso e me faz rir tanto.
- Ah, Esther, você é muito engraçada. Então, eu tomo essa tal bomba para ficar robusto?
- É.
- Você acha que, como médico, eu não saberia os riscos que isso iria me causar?
Por essa ela não esperava.
- Esse corpo é resultado de muita malhação, Esther. Eu era magrinho e decidi ficar mais forte aos dezenove anos de idade, mas nunca tomei nenhum anabolizante. Se você enfrentasse o mesmo que eu na academia, você quebraria em pedaços.
- Nem sei como te aguento. Tudo em você é grande.
Essa noite está mais quente do que eu pensei.
- Ah, é? Grande é? - sorrio, provocando-a.
- Leonel - me repreende.
Continuo a devorar a comida. Ela também me acompanha.
- Como está o Athos?
- Bem.
- E a Angeliquê?
- Bem também.
- E seus pais?
- Estão bem.
- Quero trabalhar na sua clínica quando me formar - ela observa minha reação.
- Tem certeza?
- Tenho.
- Por que escolheu minha clínica?
Ela sorri toda tímida.
- Porque quero ficar mais perto de você. Assim, a gente pode fazer outras coisas depois do trabalho.
- Hum. Como o quê?
- Como...
- Sexo? - ergo uma sobrancelha em espectativa.
- Isso.
- Sexo na minha clínica, no meu consultório... hum... não sei se aprovo.
- Por favor.
- Está bem. Eu aprovo.
De repente, meu celular vibra no bolso esquerdo da calça jeans. Deslizo o dedo na tela e atendo.
- Oi.
- Oi, Leonel, é a Mary.
- Mary, que surpresa, minha linda.
- Estou ligando porque quero saber onde você vai passar o domingo.
- Ah, Mary, desculpe, não posso falar agora.
- Ahn?
- É sério.
Ela ainda não sacou? Eu não posso, dona Mary. Do outro lado, ouço Heithor cochichar algo no telefone. Ela demora um pouco para me chamar de novo na linha. O que ele está falando?...
- Oi, Leonel. O Heithor acabou de me dizer onde você vai passar o domingo. É surpresa que vai fazer a ela?
- Sim, e não quero que ninguém estrague. Entendeu, Mary?
- Entendi.
- Vou desligar.
- Está bem. Tchau.
Desligo e volto a atenção para Esther, ela já está na metade do seu prato. Nossa, ela está comendo mesmo. É, Srta. Winkler, eu não gosto de mulheres fraquinhas. Sorrio quando levo o garfo cheio de comida na boca. Ela franze a testa.
- O que foi?
- Você está comendo bem. Assim que eu gosto.

Minha estúpida obsessãoOnde histórias criam vida. Descubra agora