Capítulo 12

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O SONHO FOI longo, muito longo. Acordo com falta de ar, o celular toca, mas não dou a minima. Que droga! Lembrei daquela merda de cena de novo. O celular toca mais uma vez, dou um soco no travesseiro sem paciência, é a Esther.
- Alô - digo secamente.
- Leonel, o que foi?
Levo a mão na cabeça e suspiro.
- Nada. O que você quer?
- Saber de você.
- Eu estou bem, Esther. Satisfeita?
- Nossa, por que está me tratando assim? Dormiu bem?
- Não. E não quero perguntas, ouviu?
- Mas...
- Mas nada! Eu já falei.
- Leonel - exclama ela. - O que foi? Sou eu, Esther.
- Eu sei.
- Então, por que está assim?
Suspiro mais uma vez.
- Olha, ligue depois, está bem?
- Não. Eu quero saber o que está acontecendo com você.
- Eu já disse, Esther. Você não vai conseguir arrancar mais nada de mim.
- Tudo bem. Como está indo sua viagem?
- Ótima.
Ficamos em silêncio por um momento, e ela arrisca a falar.
- Quando vai voltar?
- Daqui a quinze dias.
- Está zangado comigo?
- Não.
Sim, não, sei lá. Estou com raiva de todo mundo.
- Vou desligar.
- Ok. Tchau. Fique bem.
Jogo o celular nas paredes com muita raiva. O que está acontecendo comigo? Era a Esther, minha Esther que estava falando ao telefone. Droga! Por que descontei minha fúria nela? Por que, Deus? Você é um idiota, Leonel. Tratei ela com arrogância.
Tento ligar de novo, mas a rede não está disponível. Ela desligou o celular. A culpa é sua, imbecil. Ah! Esther, me desculpe. Estou atordoado com tudo, acordei meio lunático hoje. Ligo para Mary. Ela atende na quinta chamada.
- Oi, irmão.
Ela fica exultante.
- Oi, Mary. Preciso de ajudar - falo baixinho.
- O que foi?
Neste momento, estou tendo uma pontada de arrependimento por ligar para ela. Eu deveria conversar com uma pessoa vivida.
- A mamãe está?
- Não, só eu.
- Ah - suspiro alto. Ela percebi minha reação.
- O que foi?
As lágrimas ameaçam a sair, uma coisa dentro de mim está inalado no peito. Solto a respiração. A emoção é forte. Mary me chama várias pelo nome. Ela fica preocupada.
- Fale comigo, meu irmão, por favor. Desabafa tudo que está aí dentro.
Sinto um nó na garganta. Quero ajuda.
- Preciso de ajuda - suspiro. Meus olhos acumulam as lágrimas, mas elas não caem - De muita ajuda.
- O que está acontecendo?
- Mary... - paro. - Eu vou peder a Esther daqui um tempo.
- Não, Leonel, vocês estão tão bem. Não pense negativo.
- Eu não posso ficar com ela como eu quero. Tenho que fazer algo para não destruir sua vida, uma decisão tem que ser tomada por mim. Ela não merece sofrer.
- Aonde quer chegar com isso?
- Eu voltei àquela cena de novo, da traição. Quando acordei, a Esther ligou para mim, eu foi grosseiro com ela. E ela, com o seu jeito compreensivo, tão dócil, não ligava com meu modo cioso. Que tipo de mulher é essa? Eu não sei explicar.
- Ai, meu Deus! Tenta esquecer esse pesadelo do passado, para poder seguir em frente com ela. Isso é um surto psicótico, sabia? Não deixe a Jaqui te perturbar, Leonel.
- Não consigo, Mary. Esse caso não me sai da cabeça.
- Tente. Quando uma pessoa não tenta, ela está falhando mil vezes. Por favor, não acabe com esse médico excelente que a família Blanchard tem orgulho.
- Eu preciso de ajuda.
- Você vai ser ajudado, eu estou aqui. Deus está com você, meu irmão, Ele não vai desampará-lo.

Minha estúpida obsessãoOnde histórias criam vida. Descubra agora