6.5K 401 7
                                    

A vontade que eu tenho neste momento é de dar uma surra na Pérola para que ela nunca mais mexa comigo.
- Doutor, o Sr. Lins ligou para cá.
- O que ele queria? - meus olhos ficam firmes diante da mesa, absorto.
- Não sei. Ele queria falar com o senhor.
- Obrigado. Alguém ligou do hospital?
- Não, senhor.
Tânia sai. Pérola me olha, sorrindo.
- Sempre ocupado, não é mesmo? Dormiu tarde ontem à noite. Mas valeu apena te acordar.
- Você não tem vergonha na cara? Se passou por uma prostituta ontem.
- Ah... mas foi ótimo, você me encheu de tesão.
Fico imóvel, impassível e sério, olhando para a mesa. Passo os dedos nas costas da mão lentamente.
- Eu adoro homem bruto na cama - balbucia. - O senhor foi nota dez, doutor.
- Cale a boca - ordeno em voz alta. Levanto num movimento super rápido e a pego pelos cabelos, jogo-a nas paredes e meto dois tapas na cara dela.
- Vai embora daqui, sua vadia! - grito, puxando ela para a sala. - Você vai sair dessa casa à força.
Ela tenta lutar contra mim, mas é impossível com a força que tenho.
- Me solte, seu idiota.
- Idiota?! - jogo ela no chão.
De repente, meu irmão surge pela porta dos fundos. Ele me segura antes de eu meter outra bofetada nela.
- Que isso, Leonel? Largue ela - grita ele.
- Me solte, Cristoffer. Ela merece levar uma surra bem dada.
- Pare, agora!
Ele ajuda Pérola a se levantar do chão. Ela me olha, perplexa.
- Você tem muita sorte. O meu avião vai decolar daqui a pouco, senão eu ia agora mesmo na delegacia prestar uma queixa contra você.
- Por que não vai?! - grito, ficando vermelho de raiva. - Ande, ligue para a polícia, vamos ver quem pode mais. Você vai se arrepender de ter mexido comigo.
- Se acalme, Leonel, você está muito alterado. Pérola, por favor, vá embora.
- Tudo bem. Eu quero todo o meu dinheiro, Dr. Blanchard.
Caio no sofá da sala depois que ela dá as costas e some pela porta. Graças a Deus! Tomara que morra.
- O que foi isso, meu irmão? - diz ele, incrédulo.
- Essa piranha estava me chantageando.
- A troco de quê?
- De dinheiro, carro e sexo. Tive que passar a noite com essa imunda - murmuro com repugnância.
- E qual é o motivo dessa loucura?
- Ela queria transar comigo, mas eu disse não, então ela usou a melhor arma contra mim: contar a imprensa sobre meu relacionamento com a minha aluna, a Esther. Essa vagabunda me paga, vai ter troco.
- Meu Deus, eu nunca pude imaginar que Pérola fosse assim.
- Essa mulher não presta. E agora, Cristoffer? Como vou dizer isso a Esther? Ela não vai acreditar em mim - olho para ele, suplicando socorro.
- É claro que vai. Fale no máximo usando um eufemismo para minimizar a tensão entre vocês.
Levo a mão na cabeça, preocupado. Olho para o relógio.
- Puta que pariu, cara. Tenho paciente me esperando desde cedo. Já são sete horas, vou chegar super atrasado.
- Não vai atender em casa?
- Não, é na clínica agora.
Levanto-me apressadamente. Chamo Tânia para cuidar de tudo enquanto eu estiver ausente.
- Estamos entendidos?
- Sim, senhor. Pode ir tranquilo.
- Aonde vai depois do trabalho, Leonel? - diz meu irmão.
- Vou passar o resto do dia com a Esther. Ah... Tânia, colocou minhas coisas no carro?
- Sim, senhor.
- Ótimo, obrigado. Cristoffer, tenho que ir. Você vai ficar aqui?
- Não, eu estava passando aqui por frente e resolvi vir te visitar. Vou trabalhar também.
- Vamos até a garagem juntos.

ABRO A PORTA DA SALA, tem gente esperando. Não deve ser só eu, tem outros médicos aqui também. A recepcionista - que adora encher minha paciência - vem correndo tagarelando em meu ouvido. Ela deve achar que eu não sei dos meus compromissos.
- Dr. Blanchard, Dr. Blanchard - chama ela, seriamente. Ela quer competir comigo o mau humor?
- O senhor tem uma cirurgia daqui a uma hora. Está atrasado.
Reviro os olhos e suspiro que nem um touro. Ela percebe.
- E você acha que eu não sei dos meus compromissos?! - grito. Ela fica imóvel e perplexa. Todas as pessoas voltam a atenção para mim, eles ficam surpresos com a minha reação.
- Odeio puxa sacos! Ninguém tira sarro da minha cara, ouviu bem? Ninguém! A senhorita está aqui para receber ordens minhas. Não cabe a você vir me dizer o que fazer. E não adianta ficar com essa cara feia. Se não gostou, se demita, assim, terei menos médicos incompetentes dentro dessa bendita clínica - falo em voz alta.
Sua cara vai no chão. Ela perde os sentidos com cada palavra ditas ciosamente da minha boca. Boquiaberta, ela some da minha frente.

Minha estúpida obsessãoOnde histórias criam vida. Descubra agora