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- O que ele queria? - falo grosso, impassível.
- Conversar.
- Conversar sobre o quê?
- Sobre a faculdade.
Ela enrubesce, depois fica em silêncio.
- Poderia me acompanhar até o escritório? Preciso ter uma conversa a sós com você.
- Está bem - ela se retira.
- Tânia, sirva o café para a Srta. Winkler.
- E o senhor?
- Eu como alguma coisa na clínica. Estou atrasado. Já são seis e quarenta.
- Como quiser.
Me retiro com passos firmes, direto para o escritório, zangado. Ela não pode simplesmente conversar com um cara que mal o conhece. Ela não sabe nada sobre àquele moleque petulante.
Abro a porta e fecho em seguida atrás de mim, Esther está sentada em cima da minha mesa. Ela me joga um olhar franzino dos pés a cabeça.
- Você tem noção de como fico quando estou irritado? - aproximo, faço um círculo com os punhos em volta da mesa, impedindo sua passagem. Ela esguia o corpo.
- Por que está irritado?
- Porque... bem, porque a Srta. Esther Winkler Marihá anda fazendo coisas que eu, Leonel, não gosto. Sabe? Eu adoro disciplinas, mas posso perder toda a educação que recebi dos meus pais.
- Leonel, o que foi? O que eu fiz?
Cerro as mandíbulas totalmente impaciente. Suspiro fundo próximo à sua boca. Ela percebi minha ira, e acho que está com medo de mim.
- Você sabe que eu não aprovo o Thaly Alberto como seu amigo e mesmo assim você ainda conversa com ele! - grito alto, amarrotando a mesa com meus punhos. Ela fica estupefata e baixa a cabeça, envergonhada.
- Ele é só um amigo. Não tem nada demais.
Seja bruto com ela, porra!
- Como é que é? Não tem nada demais? Olhe para mim! - grito. Ela obedece.
- Você não vai sair de casa para nada. Ouviu bem, Esther?
Ela emudece, e isso me deixa ainda mais irritado.
- Você me entendeu?! - grito de novo.
- Porque essa implicância?
- Porque eu conheço o Thaly Alberto há cinco anos, sei do que ele é capaz para seduzir menininhas ingênuas feito você.
E porque ele é um viciado em drogas, querida.
- Chega, por favor - ela pega meu braço.
- Eu estou avisando. Se você se atrever a sair com ele, esqueça que eu existo.
- Não! - ela me pega num abraço apertado, não saio do lugar para retribuir, ignoro-a completamente.
- Leonel, por favor, não.
- Então me obedeça.
- Me desculpe, não vou sair com ele - murmura.
- Acho bom.
Ela me olha com os olhos cheios d'água e pega meu rosto com as duas mãos. Eu continuo sério, com o rosto sereno e frio. Realmente, eu não queria gritar com ela, mas meu lado mal é péssimo.
- Eu amo você - ela me beija com reverência.
- Esther, entenda, não quero separar você dos seus amigos. Eu conheço o Thaly Alberto, por isso não quero que vocês sejam amigos. A amizade dele é sempre com segundas intenções. Não confie nesse moleque, por favor.
- Entendi.
- Fique aqui em casa até eu voltar do trabalho. Estou atrasado, tenho que ir.
Nos dirigimos à porta da frente de mãos dadas, pego ela nos braços e a beijo com vontade. Depois daquela discussão, me deu vontade de fazer isso.
- Não saia daqui para nada.
- A que horas você volta?
- Cedo. Às dez da manhã.
- Tudo bem. Tchau.
- Tchau.

OS PACIENTES ACABARAM, graças a Deus, estou livre. O tempo passou tão rápido hoje que nem percebi. As horas se passam, e eu fico nas nuvens com os problemas. Recebo uma mensagem de texto.

*Quero te encontrar no restaurante de sempre, às onze e meia.
Beijos!
Karla Peterson*

Ah, não acredito. Essa mulher não cansa de levar um fora? A culpa é sua. Eu transei com ela uma vez, foi bom, mas eu não quero repetir por causa da Esther. Não posso bobear agora que estou tão bem com ela. Recebo mais mensagens, mas por email.

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De: Denize Father
Assunto: Trabalho
Data: 15/07/2010 08:56 AM
Para: Leonel Blanchard

Passando para avisar que o diretor do hospital Real Cordis dará uma palestra hoje à noite, em sua clínica, a partir das sete horas.

Hospital São Vicente de Paulo. Dra. Father (RJ).
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E como a Faculdade de Medicina fica nisso, Sra. Father? Não irei em palestra nenhuma, quero que o diretor vá para a puta que pariu. Abro outro email.

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De: Oliver Lins
Assunto: Encontro
Data: 15/07/2010 09:06 AM
Para: Leonel Blanchard

Leonel, marquei nosso encontro no restaurante CT Boucherie, às dez. Quero almoçar lá. Concorda?

Hospital Particular do Rio de Janeiro Real Cordis (RJ).
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Ahn? Ele já chegou ao hospital? Nossa, saiu da minha clínica muito rápido. O que será que ele tem para dizer? Digito um email.
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De: Leonel Blanchard
Assunto: Encontro
Data: 15/07/2010 09:10 AM
Para: Oliver Lins

Tudo bem. Encontro você lá.

Bairro Leblon - 165 - 4° andar, clínica Blanchard (RJ).
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Minha estúpida obsessãoOnde histórias criam vida. Descubra agora