O mordomo da casa abre a porta da frente para nós. Wallace nos recebe exultante. Sorri de orelha a orelha quando me vê.
Ele gosta de você.
Damos um passo para dentro da casa e sou pego de surpresa num abraço regurgitante de Wallace, mas retrocedo depressa.
- Wallace, por favor - altero a voz. Ele se desvencilha de mim, envergonhado.
- Que isso?
Censuro ele com um olhar.
Esther aperta minha mão como quem diz: "acalma-se". Ajeito meu blazer cor de chumbo, que ficou todo ameaçado.
Wallace pigarreia.
- Perdão, doutor.
- Não quero que esta cena volte a se repetir. Estamos entendidos, Wallace Bergamo?
- Ah, claro. Sim, senhor.
- Ótimo. Cumprimente a Srta. Winkler. Ela é minha namorada - digo todo orgulhoso.
Ele olha para ela, pernicioso.
- Olá, senhorita.
- Olá, Wallace - Esther sorri educadamente.
Aproximo-me dele, com as mãos no bolso da calça jeans e com postura reta. Encaro Wallace com frieza.
Eu não gostei do seu abraço.
- Melhore essa cara. Não estou para brincadeiras.
Ele fica nervoso com o tom da minha voz.
- Sim, senhor.
Conduzo Esther para o grande corredor da casa. Caminhamos de mãos dadas e subimos as escadas para encontrar minha família lá em cima, na sala.
- Wallace gosta de você - balbucia Esther sorrindo, resoluta.
- O que me causa voluptuosidade são mulheres. Eu não sou contra gays, mas não curto isso.
Ela ri. Franzo a testa sem entender a risadinha dela.
- Por que está rindo, Srta. Winkler?
- Porque as vezes você é engraçado nessa área de homem intolerável.
Rio também e beijo a costa de sua mão. O meu humor voltou graças à magnífica Esther.
A família Blanchard está reunida como sempre. Eles se levantam do sofá quando nos vê. Esther tira os óculos rapidamente e sussurra em meu ouvido antes de minha mãe se aproximar:
- E se ela perguntar do hematoma?
Agacho a cabeça para responder:
- Invente qualquer coisa, ou diga a verdade, se quiser.
- Não!
- Então invente algo.
Minha mãe pega Esther num abraço apertado.
- Esther, querida.
- Oi, Sra. Blanchard.
- Lídia - corrige ela, rindo.
Meu pai também a cumprimenta, depois ele me abraça.
- Que bom que veio, filho - murmura em meu ouvido. O abraço é demorada, mas ele me solta em seguida.
- Obrigado, pai. Como estão todos?
- Muito bem.
- Que bom.
Heithor salta do sofá com uma cara de safado. Ele dá um sorrisinho para mim. Cumprimento ele com um aperto de mão e um abraço, também.
- Você está bonitão hoje, Leonel - zomba o cara pálida do meu irmão.
- Gozador, sempre com esse jeitão de moleque irresponsável - rebato.
Ele ri.
Cristoffer está ao lado de Jeffy, sua esposa. Eles me abraçam e também faz o mesmo com Esther. Pego ela pela cintura antes que o danado do Heithor venhe com gracinhas.
- Sente-se, Esther.
Ela obedece. Segundos depois, é pega de surpresa por Heithor com uma taça de vinho na mão. Ele agacha ao lado dela no sofá e entrega a taça em sua mão, meio sorrindo.
- Obrigada, Heithor.
- De nada. Quer um também, meu irmão? - ele me olha.
- Sim.
- Na cozinha tem.
Faço cara feia para ele. Por que não vai se foder, cara? Não vou dar a mínima para a testada que você me deu.
- Engraçadinho - digo.
Esther ri, me olhando.
- É brincadeira, mano. Vou pegar para você também. Espere aí, beleza?
- Beleza, safado.
Meus pais voltam à sentar-se no grande sofá da casa. Estou sentindo falta de uma pessoa... Ah! Mary.
- Cadê a Mary? - pergunto.
- Ah, essa aí, olha... - minha mãe coça a cabeça, dando um suspiro. Parece preocupada.
- Ela está trancada no quarto, zangada com todos - diz meu pai, passivo. Ele cruza as pernas no sofá e abraça minha mãe carinhosamente.
- O que houve com ela? - pergunta Esther.
- Precisa de conselho, é mão-furada. Ela não sabe controlar o que gasta. Cortei todo o dinheiro dela, então, se irritou e se trancou no quarto.
Respiro. Maryelli não sabe lidar com dinheiro grande, ela gasta mesmo.
- O senhor vivi mimando ela.
Levanto-me do sofá. Esther me olha.
- Aonde vai?
- Conversar com a Mary.
- Ah.
- Fique aí.
Bato na porta do quarto de Mary e espero. Bato de novo. Ela diz para entrar, com uma voz aguda. Entro, paciente, em seguida fecho a porta atrás de mim. Ela está deitada, agarrada a um travesseiro, teclando com alguém no celular.
- Oi, Mary.
- Oi - ela nem me olha, continua teclando. Odeio que me ignorem.
- O que está havendo?
Ela não dá a mínima para mim. Respiro fundo. Crianças rebeldes! Ah! Por isso que não quero ter filhos tão cedo.
- Olhe para mim quando eu estiver falando com você, Maryelli - falo sério. Ela revira os olhos e me olha de com cara feia.
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Minha estúpida obsessão
RomanceBruto, sexy, ambicioso, perigoso e amante da medicina. Isso define Leonel Blanchard, um médico sensual, que consegue jogar seu charme para cima de suas alunas. Linda, doce, pura e ingênua em relação aos homens. Esther Winkler é apenas uma adolescent...