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- Esther, eu...
- Por que você é assim? Por que faz isso?
Levo a mão na cabeça e reviro os olhos. Ela ainda não sacou.
- Aprenda duas coisas: primeiro, se você me irritar, eu não vou ter piedade. Segundo, eu não sou um monstro na cama, apenas gosto de dar uma lição para mulheres atrevidas. Você é uma delas.
- Ai, Droga! Mal consigo me sentar - murmura, levantando-se.
- Tome um remédio - recomendo.
- Não aguento - ela começa a chorar.
Ah, merda! Porra, pare de chorar agora mesmo! O que eu faço para essa menina ficar quieta?
- Esther, não, por favor não - aproximo-me da cama.
- Você não teve piedade de mim. Eu odeio isso.
- Eu estava com raiva de você ontem, por isso fiz isso.
- E por quê? Para mostrar que você é homem? Você não precisa dessa brutalidade.
Baixo a cabeça e encaro o lençol branco da cama.
- Me desculpe.

MAIS TARDE, NO INTERVALO do trabalho, meus amigos e eu nos reunimos para tomar um café na lanchonete do hospital, está tudo muito quieto.
- Hoje vai ter um show na boate House Of Music - comenta Sebastian, meu colega.
- Ah, é? E a marionete tem tempo para ir? - zomba outro colega, Ryan.
Caímos na gargalhada, fazendo todo mundo voltar os olhos para a nossa mesa.
- É sério, cara. Hum... Ryan, você se lembra daquela garota ruiva que estava lá?
Meu corpo enrijece. Ruiva? De quem ele está falando? Fito-o, desconfiado.
- Como essa ruiva é? - pergunto à Sebastian.
- É magra, tem olhos verdes, pálida e muito linda.
Esther! Ela é minha, seu idiota. Disfarço a fúria, mas por dentro estou explodindo de raiva.
- Você ficou com ela? - Olho para ele.
- Eu adoraria, mas ela me deu um fora.
Ah. É claro que ela não vai querer, você não é eu, se fosse comigo ela iria aceitar.
- Disse que estava saindo com uma pessoa - continua ele.
- Entendo.
Além do mais você é feio e velho, não tem que ficar pegando meninhas, seu tempo já passou.
Sua hipérbole não tem fim, Blanchard?
Ele não é tão velho assim.
Ah, Esther... Quantos cafajestes correm atrás de você? Se você fosse feia ninguém ia olhar, mas seu pai resolveu fazer uma mulher perfeita.
Se ela fosse feia nem você ia olhar.
Mas ela não é.

ESTOU EM PÉ com o corpo encostado na mesa, de calça jeans, camisa branca, paletó de terno preto e o jaleco por cima, observando os alunos à minha frente, jogando conversa fora com o colega do lado.
Esther está de papinho com John Staff - um dos meus alunos. Ele tem a idade dela.
Você está com ciúmes...
Tudo bem, confesso, estou com ciúmes. Me aproximo da mesa dela cautelosamente.
Esther ergue os olhos devagar, para cima, quando chego mais perto. Jogo um olhar pétrio para John.
- John Staff, troque de lugar com a senhorita Yany Winger.
Ele me olha e obedece.
- Chega de conversa fiada, Srta. Winkler - fito-a, impassível. Ela encolhe na cadeira e fica inibida com a minha presença.
- Me desculpe - murmura.
- Acho bom - sussurro muito zangado.
Ela aperta os lábios. Me retiro em seguida. Eu não vou deixar esses vagabundos meterem a mão no que é meu. O quê? Isso mesmo, ela é minha!
Depois das aulas, fico mais um pouco conversando com Elliel e Oliver sobre o hospital onde trabalhamos. Descemos juntos no elevador, em direção ao estacionamento. Nossos carros estão no meio de muitos que nem dá para enxergar - quase todos são idênticos. De repente, ouvimos gritos de mulher. Está pedindo socorro.
Aproximamos à medida que o grito fica mais alto. Droga. Um homem está agarrando a Esther à força. Sem pensar duas vezes, parto para cima dele, dando-lhe dois socos na cara e um chute em seu estômago, fanzendo-o se estatelar no chão. Esther chora muito, desesperada, e é consolada por Oliver. Elliel vem apressadamente com dois seguranças a seu lado.
- Levem esse merda daqui - digo.
- Ele... ele... - ela mal consegue falar, chora muito. Pego-a em meus braços.
- Doutor, ele queria me violentar - choraminga.

Minha estúpida obsessãoOnde histórias criam vida. Descubra agora