Capítulo 13

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O SOM ESTÁ MUITO alto do lado de fora da boate. Se não me engano, é festa de rock. As pessoas gritam e gritam lá dentro.
Tive que voltar de viagem por uma tolice. Uma tolice que pode acabar com a Esther. O Thaly me paga.
- Tem certeza de que estão aqui? - pergunto a um dos seguranças contratado pelo meu pai.
- Tenho, senhor. Esse rapaz pegou a Srta. Winkler na porta de casa. Seguimos os trajetos dele na cidade.
- Ótimo.
A polícia está na frente da boate, viagiando as pessoas que passam pela rua à comando do meu pai, que também viu Thaly Alberto ultrapassar o semáforo com uma moto barulhenta.
Não vejo a hora de pegar esse indivíduo e dar o que ele merece.
- Filho, por favor, vá com calma. Não precisa ser grosseiro com a Esther nem com ninguém lá dentro.
- Eu estou calmo, pai.
- Não parece.
Tentamos passar na entrada da boate, mas somos barrados por dois rapazes maltrapilhos.
- Espere aí, vocês não foram convidados - diz um adolescente corajoso.
Eu quebraria você em pedaços, moleque insolente.
Meu pai passa na frente com uma arma na mão e a carteira de delegado.
- Delegado Bryan Blanchard da Força Tática. Vai liberar a entrada por bem ou por mal? Você escolhe, moloque.
Meu pai ergue uma sobrancelha para os dois rapazes, que liberam a passagem sem dizer nada.
O som alto ecoa no centro da boate, é rock e da banda Nickelback. As músicas estrondam os alto-falantes da boate. Luzes coloridas piscam na pista de dança e jovens pulam, eufóricos. Corro os olhos para os lugares às escuras. Há adolescentes bêbados e drogados, loucos com o barulho do som.
Meu corpo entra em chama só de lembrar que Esther está acompanhada de um viciado. Eu disse que não era para sair com ninguém, principalmente com o Thaly Alberto. Esse moleque não vale nada.
- Oi, Leonel - Yany me puxa para um lado, me pegando de surpresa.
- Você não estava viajando? - fala ela em meu ouvido, por conta do som alto.
- Estava - falo no dela. - Cadê a Esther?
- Quem? - ela franze a testa.
- A Esther. Onde ela está?
- Ah, sim. Ali, oh. - Aponta para o open-bar. - O Thaly Alberto está com ela.
Ergo a cabeça e encontro os dois.
- Ah, obrigado. E, pare de beber, Yany.
Ela ri. Nunca vi Yany nesse estado, parece uma louca que gosta de gozar a vida. Sussurro no ouvido do meu pai:
- Está rolando muita droga aqui dentro. Thaly tem problemas com maconha também. Ele deve estar usando essa porcaria neste local.
Meu pai me ouve atentamente.
- Vou revistá-lo quando chegar lá - diz.
Caminhamos até eles com muita dificuldade, pois a boate superlotada não ajuda na passagem. Muitos vão à loucura com as músicas de rock, alguns gritam, outros dançam, insólitos.
Fito Esther de longe. Ela usa um short preto e curto, uma blusa branca de manga caída nos ombros, com as escritas "Amo Rock" à frente. Ela veste como uma garota roqueira. Não acredito que depois de tudo que deixei claro, ela me desobedeceu.
Thaly, sentado num banco, bebe e fuma sem se preocupar com nada ao redor. Aproximo deles.
- O que você está fazendo aqui, Esther?
Ela me olha assustada e pasma. Observo cada detalhe de sua faceta e noto que ela está usando lentes pretas nos olhos. Que ridículo. Ela poderia ser mais inteligente e não acompanhar um drogado que, provavelmente, quer se enfiar entre suas pernas.
Esther abre a boca, porém não diz de tão bêbada. Isso não combina com ela.
- Me responda! - grito, furioso.
- Eu...
- Leonel, discuta com ela depois - aconselha meu pai, com cautela. - O senhor está preso Thaly Alberto.
Thaly encara meu pai.
- Por que eu?
- Porque você está com drogas num local proibido.
Olho para ele, que ri da minha cara.
- Aí, ninguém te chamou aqui, doutor.
- Cala essa boca, infeliz.
Depois que dois policias revistam Thaly dos pés à cabeça, eles encontram maconha dentro de duas sacolas pequenas e um envelope laminada no bolso dele. É camisinha. Meu pai ergue o objeto para eu olhar.
- Ia usar com quem? - digo.
Ele continua rindo como um palhaço.
- Adivinhe, Dr. Blanchard.
Acerto ele com dois socos na cara, bem forte. Ele cai no chão sem forças para se recompor. A multidão se aglomera ao nosso lado, fazendo um círculo gigante. Meu pai me segura quando percebe que vou bater mais uma vez. Ouço gritarias no fundo da boate, pedindo mais violência.
- Por favor, Leonel.
Thaly levanta do chão.
- Aí, doutor, o senhor não é de nada, meu velho - zomba ele.
Acerto ele novamente, dessa vez, em um ponto do rosto que conheço bem como médico e sei que vai quebrar - o maxilar. A boca dele começa a sangrar. Acerto seu abdômen com dois socos, rápido e forte, sem dar trégua. Os policiais me seguram abruptamente, enquanto a gritaria continua ganhando poder.
- Leonel, por favor - branda Esther. - Pare!

Minha estúpida obsessãoOnde histórias criam vida. Descubra agora