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Meu banho foi uma delícia. O chuveiro estava com a água morna. Deixe-me ver que tipo de roupa vou vestir: opto por uma camisa branca e uma calça jeans azul escura. Coloco duas pulseiras caveirinha, mexo nos cabelos molhados e saio.
Mais músicas surgem da sala de star. Desta vez é de Nicky Tirta Dan Vanessa Angel, catando Indah Cintaku. Esther vem em minha direção, sorrindo.
- Ora, você está impecável, Dr. Blanchard.
- Obrigado, Srta Winkler.
Estamos no meio da sala. A música continua.
- Vamos dançar.
Ela corre os olhos ao redor da casa e depara com todo mundo nos olhando.
- O que foi?
- Estou com vergonha.
- Vem, deixe eles - puxo ela para perto de mim. Me mexo, ela também, envergonhada.
- Você está cheiroso.
- Obrigado. Fez o meu bolo?
- Está assando. A sua mãe me ajudou - ela posa a cabeça em meu peito. Beijo seus cabelos.
- Liara e Deborah não vão com a minha cara - balbucia ela.
- Eu sei.
- Elas gostam de você.
- Mas eu não. Eu Gosto de você.
- Eu também.
Olho para ela.
- Escrevi nosso nome no bolo, de cor-de-rosa.
Continuo olhando para ela, sem falar nada. Ela franze as sobrancelhas.
- O que foi? - murmura, com um olhar franzino.
- Você fez eu acreditar em coisas que deixei de dar importância. Às vezes, eu me pergunto se você existe mesmo.
- É claro que eu existo. Me dê um beliscão.
Sorrio.
- Não - beijo ela. Minha família me aplaude.
- Pare com isso, Leonel - seu rosto fica vermelho.
- Não posso te beijar?
- Pode, mas agora não, por favor.
Beijo ela mais ainda, de proposito.

O BOLO ESTÁ em cima da mesa do balcão, ele é recheado de cobertura de morango e granulado cor-de-rosa. Já são duas horas da tarde. O sol bate nas janelas grandes da casa, trazendo um calor infernal para dentro do ambiente.
Todos estão sentados na mesa de jantar, esperando o bolo. Heithor está de papinho furado com Esther, ela fica rindo toda hora. Não estou gostando disso. O ciúme está se apoderando de mim. Fuzilo os dois com um olhar pétreo.
- Já revisou os gastos da Casa de Praia? - Cristoffer me desperta do devaneio inciumado.
- Ainda não, vou analisar tudo segunda-feira.
- Mas você vai viajar amanhã.
- É, não pensei nisso. Gael vai levar os papéis no meu escritório.
- Quer que eu cuide de tudo enquanto estiver fora?
- Quero, obrigado, Cristoffer.
- De nada - ele sorri.
Os dois saem da mesa. Faço cara feia. Para onde vão? Ela deve estar querendo me provocar com Heithor. Eles voltam meio minuto depois, segurando o bolo. Tento disfarçar a irritação. O bolo fica exposto à minha frente. Velas com o número vinte e sete estão acesas.
- O seu bolo está lindo - ela sorri, mas eu não, continuo sério.
Melhore essa cara, Leonel.
Ganho um beijo na bochecha de surpresa pela Deborah e pela Liara.
- Parabéns, lindo.
- Obrigado, Liara.
Esther me olha em desaprovação. Ah, é? Agora eu posso. Uso Liara para provocar ciúmes, dou um beijo nela carinhosamente e acarecio seu cabelo. Ela senta ao meu lado e Deborah também. Esther fica ao lado dos meus pais, agonizando a raiva.
O parabéns começa a ser cantado em voz alta. Depois de cinco minutos, faço um pedido em mente e assopro as velas. O primeiro pedaço vai para mim, cortado pela Liara.
- Obrigado, prima.
- De nada. O segundo vai para quem? - pergunta ela, me olhando. Olho para todos.
- Entregue a Esther.
Liara revira os olhos, exasperada, e entrega o segundo pedaço.
- Tome aqui, boneca.
- Acho que você deveria tomar mais cuidado quando for falar coisas que não deve -- Esther ameaça.
Nossa, quem diria, hein? A quietinha tendo coragem para ameaçar a rival. Observo tudo. Liara esbarra em sua taça de vinho, fazendo-o cair sobre o colo de Esther. Droga! Ponho as mãos na cabeça.
- Olha aí, Liara - diz meu pai, zangado.
- Ah, desculpe, Esther.
- Tudo bem.
Meu pai ajuda Esther a se levantar da cadeira. Ela ficou encharcada de vinho.
- Você é mesmo uma desastrada, Liara.
- Ai, tio, desculpe.
- Saia daqui. Esther, vamos para a cozinha, você tem que limpar essa sujeira toda.
- Eu vou sozinha, Sr. Blanchard.
- De jeito nenhum, eu ajudo você.
- Deixe comigo, pai - digo.
- Não, fique aí - ela me interrompe e sai, irritada.
- Liara, meu bem, você não viu a Esther? - minha mãe a censura com um olhar.
Liara dá de ombros.
- Eu não fiz porque quis, tia.
- Hum, você foi muito malvada, prima - diz Deborah ironicamente.

Minha estúpida obsessãoOnde histórias criam vida. Descubra agora