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O restaurante está cheio de homens e mulheres. Há dois anos coloquei vários tipos de regras para manter esse motel em perseverança, ele estava indo a falência nas mãos do meu irmão Heithor, quando eu estava viajando para a minha cidade natal, Bordeaux (França).
Sentamos no mesmo lugar em que sento quando venho aqui, todo mundo sabe que este é o lugar do dono - ao lado das paredes de vidro transparente, com cortinas vermelho-sangue. O canto que considero sensual. O garçom vem até nós, trazendo um balde de gelo com uma garrafa de vinho dentro.
- Aqui está seu vinho, Dr. Blanchard.
- Obrigado, Pablo.
Esther olha para ele, abrindo um largo sorriso. Que isso? Ela quer flertar com os meus empregados? Observo-a com uma expressão impassível.
- Pablo - ela olha para ele, que deixa a bandeja na mesa.
Ahn?
- Esther!
Os dois se abraçam na minha frente. Na minha frente! Solto a respiração - que nem percebi que estava prendendo. Eles são íntimos.
- Ah, que bom que nos encontramos, amiga - murmura ele no pescoço dela.
Eles me ignoram de vez. Que ódio! Não gosto que façam isso comigo. Esse empregadinho filha da puta me deixou irritado.
- Há quanto tempo não nos falamos, Pablo? Você nunca mais ligou para mim desde que sua namorada morreu.
- Me desculpe, eu andei muito confuso desde a morte dela. Você... está linda.
- Obrigada - ela sorri timidamente.
- Hã... Sr. Pablo, poderia voltar ao seu trabalho? Esqueceu que eu mando aqui? - digo, deixando-o desarmando.
- Me desculpe, doutor, mas é minha amiga e não a vejo há muito tempo.
- Problema é seu.
Ele revira os olhos e bufa. Ah! Ele está te testando. Esther me olha.
- Hum... não gostei do seu olhar torto, Sr. Pablo. Dá próxima vez... Ah, mas dá próxima vez, você vai entortar seus olhos na porta da rua - ameaço.
Ele sai, com raiva. Esther me encara incrédula com o que acabei de dizer.
- Ele é meu amigo, você não tinha o direito de falar assim com ele - diz com aquela voz suave de quem não sabe se defender.
- Eu mando e desmando nessa merda, então, não adianta empregadinho querer vir tirar sarro da minha cara.
Sirvo o vinho para nós dois na taça. Esther me olha, furiosa.
- O que foi? - rosno.
- Você não trata as pessoas bem, esse é o problema.
Rio.
- Não tem graça.
- Ah, tem sim, Esther. É claro que eu trato as pessoas bem.
- Não parece. Os seus empregados devem odiar você, e com razão.
O quê?
- Chega - aviso.
- A verdade dói, não é?
- Ah, a senhorita vai continuar?
Os planos que eu tenho em mente vão calar a sua linda boca, Esther Winkler. Depois que bebemos todo o vinho, a levo para um dos meus quartos. Tranco a porta quando chegamos.
- Eu preciso ir para casa, doutor - lembra ela.
- Casa! - bufo. - O que vai fazer lá, sozinha?
Ela cora.
- Quero descansar.
- Nada disso - puxa ela pelo braço.

NO DIA SEGUINTE, acordo mais cedo me perguntando onde estou, e logo cai a ficha de que é no motel. Passei a noite aqui e a Esther também. Estamos nus, enrolados no lençol branco da cama. Me mexo, piscando os cílios três vezes. A noite de ontem foi gostosa.
Você acabou com ela na cama.
Coitada. Foi uma transa pesada do caralho.
Porra! Será que ela não percebeu que, se me deixar fora do sério, eu fico bruto na cama? Minha intensão não é machucar, mas essa garotinha me provoca. Não consigo pegar leve quando estou zangado.
Ela acorda, fungando o nariz.
- Ai - geme.
- O que foi?
Não disfarço a preocupação. Estou preocupado mesmo. Será que ela está bem?
- Está doendo, Leonel - reclama.
- Ah, Esther, eu...
- Estou dolorida, e muito - murmura.
Ah, céus!

Minha estúpida obsessãoOnde histórias criam vida. Descubra agora