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- Meu Deus, que vergonha vocês me fizeram passar - digo a todos. Eles me olham, também meio envergonhados.
Vou para a cozinha com passos firmes, meu coração está saltitando de raiva. Aquelas duas planejaram tudo certinho, ah, elas me pagam. Piranhas!
Esther está passando um pano molhado no vestido da cor lilás. Ela me olha, zangada.
- Está satisfeito com a sua provocação?
Respiro, me sentindo culpado por tudo.
- Minha intenção não era essa, Esther, me desculpe.
- Por favor, saia.
- Esther.
- Saia - ordena.
- Não vou sair. Eu estou pedindo desculpas, você também me provocou.
- Eu não estava provocando ninguém, Leonel.
- Ah, não?
Ela faz cara feia.
- A Liara fez isso de propósito, você conhece ela mais do que eu e sabe.
Levo as mãos na cabeça impaciente. Maldita, Liara! Ela tira o vestido e fica de calcinha e sutiã. É horrível ver os hematomas em todas as partes do seu corpo, e também saber que eu fiz isso.
- Veste isso aí, alguém pode entrar aqui e te ver - alerto.
- Pouco me importa. Volte lá com as suas primas e me deixe aqui, sozinha.
- Ah, Deus! Você quer brigar no meu aniversário?
Por um momento, ela para e pensa, eu observo sua reação: ela fica compreensiva.
- Está bem, me desculpe - ela olha para o corpo, incrédula. - Senhor, o que eu fiz para merecer isso? - murmura para si.
Voltamos para a mesa de jantar. Liara e Deborah estão rindo de algo. Vocês duas vão me pagar. Está na cara que foi uma armação. Puxo uma cadeira para Esther se sentar ao meu lado.
- Esther, querida, me desculpe por esse descaso -- diz Liara meio sorrindo.
- Chega das suas gracinhas, Liara. Estou perdendo a paciência com você - meu pai altera a voz.
- Sr. Blanchard, não discuta, deixe isso para lá - Esther fala com uma voz mansa.
Levo a mão em sua cintura carinhosamente, ela relaxa o corpo e posa a cabeça em meu ombro. Respiramos juntos.
- Está mais calma?
Ela faz um gesto de cabeça. Coloco outra mão em sua coxa sobre o vestido lilás. Ela soube esconder os hematomas perfeitamente. Ela pega minha cabeça e acarecia meus cabelos. Ficamos nessa posição por um tempo.
- Pai, preciso de quarenta mil dólares.
O que Heithor vai fazer com tudo isso? Damos a atenção para o Dom Juan do Rio de Janeiro.
- E para que, hein?
- Tenho uns assuntos pendentes.
- Vai gastar com as prostitutas que você sai à noite?
Rio em mente. Heithor já comeu todas as prostitutas caras desta cidade, acho eu.
- Não é para isso.
- Ah, não? - digo. - Você já comeu o Rio de Janeiro inteiro, Heithor. Deve estar devendo alguma por aí.
- Leonel - Esther me censura.
- Ele é um verdadeiro galinha - murmuro, rindo.

Minha estúpida obsessãoOnde histórias criam vida. Descubra agora