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- Me solte - murmura num gemido.

Parece que a situação está deixando-a desconfortável.

- Calma, vou soltar devagar.

Minha voz soa irônica. É... vou soltar devagar, pra sentir você, lindinha.

- Ah, droga - resmunga. - Eu não queria tropeçar.

- O que tem de acontecer sempre acontece - solto-a.

Ela leva as mãos na cabeça, confusa. Parece não acreditar que praticamente caiu em cima de mim.

- Me desculpe, doutor.
- Não se desculpe.

Ela é tão abstinente, tanto no modo de falar quanto no corpo. Tiro os óculos escuros para poder me concentrar nela.

Que menina linda, ingênua e sem malícia nesses lindos olhos verdes.

Bom, o que eu quero sempre consigo. Agora que estou aqui não vou fazer feio.

- Aceita tomar um café comigo no restaurante ali do lado?

Ela enrubesce e fita as mãos entrelaçadas, me olha outra vez e dá um sorrisinho tímido. É das tímidas.

- É melhor eu ficar por aqui.
- A gente pode conversar para saber mais um do outro. Isso é melhor. Se não quiser, eu vou entender.
- Não, tudo bem.
- Vem - ofereço minha mão. Ela franze as sobrancelhas. - Precisamos atravessar a rua, Esther - esclareço.

Você é um malandro, Blanchard.

- Ah - ela pega minha mão sem hesitar.

Caminhamos até atravessar a rua.

Sinto a mão dela suar na minha. Ela está nervosa, e eu rindo por dentro todo tranquilão.

Uma senhora de meia idade nos aborda na entrada do restaurante.

- Olá, Dr. Blanchard - ela sorri.

Ah, nossa, a senhora me conhece, mas eu não a conheço. Gozador.

- Olá - sorrio também.
- Parabéns, o senhor é um homem de sorte.

Franzo a testa sem entender..

- E eu posso saber por quê?
- Porque sua namorada é muita linda.
Rio baixinho. Esther me olha toda vermelha.
Aperto sua pequena mão, de leve, pois não quero ser culpado de quebrar a mão dela.

- Ah, obrigado.

Ela me encara ainda mais vermelha. A mulher some pela rua e nos dá um tchau com alegria.

Puxo uma cadeira para Esther se sentar, em seguida puxo uma para mim também. Poso os cotovelos sobre a mesa, ficando na frente de Esther, assim vou observá-la melhor.

Um garçom chega, interrompendo os meus pensamentos.

- O que vai querer, senhor?
- Eu quero um café. E você, Esther?
- O mesmo, por favor.

O rapaz anota nossos pedidos e sai, nos deixando a sós.

- Hã... Você mora no prédio da Sra. Montevidéu, não é?
- Sim. Como sabe?
- Eu vi você da praia, no 19° andar. Estava de lingerie.

Ela fita as mãos, envergonhada, e até cora. Por que tanta timidez? Ah, Céus! Essa garota é muito tímida. Será que nunca ouviu falar em malícia? Volúpia? Desejo sexual? Sexo? Que porra. Ela não passa de ser uma virgenzinha inocente. Vai ser fácil conquistar essa donzela. Em menos de uma semana posso garantir que já ganhei o prêmio.

Minha estúpida obsessãoOnde histórias criam vida. Descubra agora