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O fim da tarde está chegando. Contemplo a janela da sala de star enquanto todos estão entretidos numa conversa do dia a dia. Heithor liga o som, e uma música muito bonita soa livremente pelo ambiente. Se não me engano, se chama History da banda One Direction.
Oho para Esther, ela está rindo de algo que meu pai acabou de dizer. Ela me fascina com esse jeito de menina doce, sem malícias. Eu estou apaixonado por ela, quero a Esther só para mim. Até onde chegarei com esse caso? Daqui a pouco todos iram saber que eu não respeitei minha própria aluna de faculdade, vão me chamar de Esculápio Aliciador de Menores.
A música continua baixinho no alto-falante, volto à contemplar à vista da janela. Sinto alguém pegar minha mão.
- O fim da tarde está lindo, não é? - murmura Mary.
- Sim - olho para ela.
- Você não tira os olhos da Esther, é impressionante como ela mexe com você, Leonel. Logo você, o médico magnata do Rio e bruto com as mulheres.
- Não sou bruto com ela.
- Às vezes - complementa.
- É. Eu sou assim, Maryelli, você me conhece.
- Não trate a Esther com grosserias, ela não merece.
- Eu acho que todas merecem.
- Nem todas. Não vê como ela é com você?
- Carinhosa, super carinhosa - dou uma olhada nela, que está rindo sem parar com os meus pais e irmãos. Será que um dia irei me cansar dessa rizada? Ou nunca mais ver?
- Você gosta dela?
Olho para Mary com uma aflição fugazmente.
- Fale - insiste ela.
- Gosto.
Ela sorri com doçura.
- É bom te ver assim, irmão. Mas sinto que você está preocupado.
- Não posso divulgar esse relacionamento com a imprensa. Se algum jornalista souber, eu estou lascado.
- Ela é maior de idade, por favor - bufa.
- Começamos a sair juntos quando ela ainda era adolescente.
Mary arregala os olhos, pasma.
- Mas eu não sabia, sempre achei que tinha dezoito ou mais.
- Converse com ela e diga para não comentar nada com ninguém.
- Ela fala tudo para Yany.
- Só para Yany?
- Creio que sim. E se descobrirem?
- Leonel, olhe no fundo dos meus olhos. A Esther se insinuou para você ou foi ao contrário?
- Não, eu seduzi a Esther até ela cair.
- Então, carregue esse peso sozinho. Ela não tem culpa.
Olho para Mary seriamente.
- Ah, tem sim - me encosto na parede, e a observo na grande sala. - Ela acende tudo dentro de mim quando aparece na faculdade com minissaia ou vestido curto.
- Descordo, não tem nada a ver. Ela é magra. Ninguém dá importância.
- Mas eu dou. Tenho vontade de comer ela durante as aulas.
- Leonel - me repreende.
- Ela é muito gostosa, Maryelli. Todos os homens daquela sala falam dela, eu odeio isso - o som da minha voz soa grave, obsessiva.
- Calma. Ela te ama. Não precisa se preocupar.
- Às vezes não acredito.
- Ela já provou isso?
- Sim, principalmente, hoje. Ela estava fazendo uma ceninha patética, não quis comer toda a comida porque tem medo de engordar. Eu disse que queria uma prova do amor dela, então, ela comeu toda a comida que não queria para me satisfazer.
- Viu só? Ela faz tudo o que você manda.
Esther me olha e sorri, sorrio também. Será que vai haver mais coisas entre nós? Será que um dia todos vão poder saber que minha namorada é minha própria aluna? Não posso me arriscar agora, não posso arriscar minha profissão. Tudo pode ir por água abaixo. Droga! O que você fez, Leonel? Agora é tarde. Eu poderia ter me relacionado com outras alunas, como a Thatiany de vinte e quatro anos, a Bárbara de vinte e três ou a Giovanna de vinte e seis, mas a Esther... Ela só tinha dezessete quando foi para a cama comigo. Se descobrirem isso, eu posso até ser preso e perder minha reputação no Rio de Janeiro e na França.
Eu sou um médico desgraçado. E ela? Ela é uma filha da puta que adora exibir as pernas. Eu não resisto a esse corpinho sexy dela. Meu Deus! Eu desejo ela toda hora, até quando estou trabalhando.

Minha estúpida obsessãoOnde histórias criam vida. Descubra agora