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- Não entendi - franzo a testa.
- Que vocês, médicos, precisam de uma mulher para relaxar.
- Ah.
- Leonel, fique aqui - ela me joga um olhar franzino. Seus olhos pedem para eu ficar, mas não posso.
- Eu adoraria ficar e fazer de novo o amor que estávamos fazendo, mas não posso, Esther. A clínica precisa do dono, senão ela nunca vai prosperar. E depois vem o seu irmão, que vai arrancar meu coro se me achar aqui. Eu não tenho medo dele, mas não quero que ele brigue com você.
- Então, você não vai voltar?
- Só à noite.
- Leonel, hoje é sábado.
- Eu sei. Não peguei plantão por causa de você.
- Sério? - ela dá um sorriso.
- Sério.
- Ai, que legal - ela bate palminhas, radiando felicidade, e me pega num beijo violento.
- Vou te levar a um lugar lindo - murmuro em sua boca.
- Hum... toma o café da manhã comigo, por favor.
- Está bem.
Puxo a cadeira para Esther se sentar, ela sorri carinhosamente. Mas foi um sorriso falso. Sinto que ela está preocupada com algo. Será que é com o irmão que apareceu sem avisar? Ou será no flagra que ele deu em nós dois? Leonel, você deixou a porta cerrada, não deveria.
Tomo um gole do café com leite. Ela está de cabeça baixa. Por quê? Franzo a testa. Não posso ficar mal-humorado neste momento, vou bancar o compreensivo - uma coisa que eu detesto quando estou zangado. Solto a respiração - que nem notei que estava prendendo. Finalmente ela me olha, mas séria. O que há de errado? O banho que tomou agora a pouco não estava bom?
- Pode me dizer o que está havendo, Esther?
Ela emudece. Haja paciência, Deus! Ela é uma garota mimada.
- Por que vai ficar fora por um mês?
Ah, é por isso.
- Negócios são negócios. Eu tenho um compromisso.
- Posso ir com você? - ela me olha em espectativa.
- Não - digo sem hesitar, sem medo e sem me comover. Ela faz cara feia. Sinto muito, meu bem.
- Por quê?
- Você não pode faltar as aulas. Medicina é coisa séria. Quem sabe um dia viajamos juntos?. - Cruzo os dedos à frente da boca e olho para ela com cautela.
- Você vai com quem?
- Com uma velha amiga minha chamada Denize.
Seu rosto fica rubro. Uma parte dela odiou saber dessa notícia. Mas a Denize é velha para mim, tem idade para ser minha tia.
- Amiga? - murmura, desconfiada.
- Isso.
Ela diz algo sem emitir som na voz. Me xingou, com certeza.
- Está com ciúmes? Denize tem idade para ser minha tia.
- Mas mesmo assim. Qualquer mulher sentiria atração facilmente por você.
Ah, ela quer entrebater-se. Mas acho que consigo me conter - o riso também. Ciúme inútil.
- Por favor, Esther.
- Por favor nada! - ela altera a voz.
Nossa, ela soltou os cachorros agora. Mas não vai conseguir, de jeito nenhum, debater comigo.
- Baixe o tom, Esther.
- Não vou baixar tom nenhum.
Olho para ela, furioso, mas ainda mantendo-me sentado sob cautela.
- Pare com esse ciúme idiota, ou eu vou ter que lhe dar uns tapas para entender o que é um compromisso - altero a voz também. Ela me olha, incrédula. Que menina teimosa, não quer entender. Volto a beber o café com leite, sem tirar os olhos dela.
- Eu não entendo você, Esther. Não quer que eu seja grosseiro, mas adora me atiçar. Então, aguente.
- E algum dia você deixou de ser? - retruca bem baixo.
- Repita o que disse - ordeno. Ela enrubesce.
- Eu não disse nada.
- Acho bom - aviso com um olhar frio. Levanto da cadeira, vestindo o jaleco por cima da camisa branca. Sigo em direção à porta, zangado e destemido.
- Eu volto quando você estiver mais calma - balbucio sem olhar para trás.
- Espere.
- O quê? - retrocedo, irritado.
- Desculpe - ela me olha com ar de arrependimento, mas ignoro esse sentimento.
- Tchau.
Dou um beijo em sua testa e saio muito irritado. Nem olho para trás. Entro no elevador e aperto os botões para descer. Eu não vou paparicá-la para torna tudo mais difícil, se eu fizer isso, ela vai acostumar. Jogo beijinhos para ela de dentro do elevador, e ele desce.
Hoje não é o meu dia. O estresse e a irritação estão me matando. Não consegui ficar mais tempo com a Esther por culpa daquele frangalho do Taylison. Moleque insolente. Tinha que aparecer àquela hora? Justo quando eu estava fazendo ela se explodir num orgasmo? Que intervenção! Para piorar ganhei um soco bem dado na cara. Ah, ele me paga.

Minha estúpida obsessãoOnde histórias criam vida. Descubra agora