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Gael surge na porta da entrada, ele está radiando felicidade. O que deu nessa besta?
- Doutor.
- Diga, Gael.
- Tem uma coisa lá fora, esperando pelo senhor.
- O que é?
- Não dá para descrever. É melhor ir lá fora ver.
Franzo a testa para ele. O que será que tem lá fora? Ele poderia deixar de rodeios e me falar logo, gosto que as pessoas cheguem ao ponto. Abro a porta e caminho em direção ao prado da casa. Uma mão me pega por trás, tapando meus olhos.
- Oi.
- Quem é?
- Adivinhe.
- Hum... Mary.
- Isso, mas eu não vou tirar minhas mãos porque tenho uma surpresa para você.
- Ah.
- Não vai perguntar o que é?
- Não, você disse que é surpresa, e, além do mais, eu não gosto de curiosos.
- Está bem. Dê sete passos para a frente.
Obedeço. Paro. Ela retira as mãos lentamente.
- Surpresa!
O quê? Minha família inteira veio? O que eles estão fazendo aqui? Ah, droga!
- Parabéns, Leo - diz todo mundo junto.
Eles começam a cantar parabéns, gritando e rindo. Agora caiu a ficha: esqueci que hoje é meu aniversário. Eles escreveram um grande cartaz na entrada da casa, está escrito: Nós te amamos.
- Que isso? - fico incrédulo.
E veio todo mundo, até minhas primas. Ah! Elas vão dar em cima de mim.
- Parabéns, filho, querido. Mamãe te ama - ela me abraça carinhosamente.
- Obrigado, mamãe, também te amo.
- Filho, Parabéns.
- Obrigado, papai.
Mary sai do carro saltitando com uma caixa pequena nas mãos.
- Tome - ela me entrega.
Começo a desembrulhar o presente sem pressa. Cristoffer e Heithor vêm me abraçar ao mesmo tempo em que faço isso.
- Parabéns - Cristoffer me abraça sorrindo. Retribuo e agradeço.
- Parabéns, meu velho - Heithor bagunça meu cabelo. Empurro-o, como se estivesse numa luta de ringue.
- Levei cinco minutos para deixar meu cabelo perfeito, seu palhaço - resmungo. Ele faz beicinho para mim.
Continuo, desembrulhando o presente, até que, finalmente, consigo. É uma pulseira de ouro.
- Ora, ora, muito obrigado, Srta. Blanchard.
Mary sorri timidamente e me abraça de novo.
- Eu te amo - sussurra em meu ouvido.
- Também, maninha.
Lá vem a Deborah, me desvencilho de Mary e dou um abraço nela. Ela também tem um presente para mim. O que será?
- Nossa, foi bem difícil achar uma coisa para um médico bilionário. Então, fiz uma lembrancinha dos velhos tempos.
Pego a caixa azul de sua mão sem tirar os olhos dela. Abro.
- Ah - rio.
É uma fotografia que tiramos em Bordéus quando éramos adolescentes. Olho para a foto. Nossa, eu mudei só um pouco.
- Quantos anos a gente tinha nessa época?
- Você tinha dezesseis e eu quinze.
- Você não mudou nada - olho para ela dos pés à cabeça.
- Até parece.
- É sério, olhe aqui - aponto com o dedo. - Seu nariz é lá no chão e sua boca fica no topo da testa - zombo em gargalhadas. Ela me dá dois tapinhas nas costas. Rimos juntos.
- Parabéns, primo - diz Liara, interrompendo Deborah e eu.
- Ah, obrigado - ela me abraça.
Deborah revira os olhos.
- Liara, você não me viu aqui?
- Dá licença, Deborah.
Ih... Elas vão se pegar logo de manhã cedo?
- Eu vim primeiro.
- Não é só você que tem o direito de dar os parabéns a ele.
- Meninas, por favor - digo, mas eu estou gostando, continuem, vai.
- Ai, Liara, você continua sendo a recalcada de sempre.
- E você a mesma nojenta de sempre.
- Oh, oh, vamos parar ou eu mando as duas irem embora - diz meu pai, intrépido. - O Leonel está com a namorada aqui, e ele não precisa de mais duas assanhadas.
- Ai, tio, desculpe - murmura Liara.
As duas saem de cabeça baixa. Bem-feito! Chamo Mary para perto de mim, com um sorriso de orelha a orelha. Ela vem e me envolve nos braços.
- Achei que você ia continuar com essas duas chatas.
- Hum, não. Eu prefiro você. Vamos entrar, pessoal - grito.
- A Esther está aí?
- Sim.
- Ai, que legal, vou poder conversar com uma pessoa extrovertida hoje.
- Ah, então eu sou chato, é?
- Às vezes, mas você também é legal. Gostou do presente?
- Gostei. Vou usá-lo amanhã quando eu for para a França.
- Vai visitar o nosso país?
- Vou.

Minha estúpida obsessãoOnde histórias criam vida. Descubra agora