Capítulo 11

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Na visão de Jaqui Billy

15 de abril de 2008

Ele está sempre enfiado nesse maldito consultório, não tem tempo para mim. Não tem! Ah, que ódio que sinto dele! Tenho marido para quê? Para ficar de enfeite? Ele vai me pagar, ah, se vai... Filho da mãe. Quando ele quer, eu estou disposta porque a vontade dentro de mim não tem fim.
Finalmente saiu do consultório. O que será que esse babaca estava fazendo sem receber ninguém às sete da noite? Ele desce os degraus da escada e vem até mim. Estou sentada no sofá da sala de star lendo uma revista de fofocas. Ele está vindo. Disfarce, Jaqui, disfarce, Jaqui. Ajeito os cabelos e deixo o V da camiseta mais aberta expondo meus grandes seios.
- Oi, meu amor - ele me beija na bochecha, mas nem nota o decote.
Seu... Ah! Não quero beijo na bochecha, babaca, quero na boca. Levanto do sofá num movimento abrupto. Ele franze as sobrancelhas e me olha.
- Vai sair, Leonel?
- Daqui a pouco.
- Tem plantão hoje?
- Não, tenho uma reunião com o diretor do hospital às sete e meia.
Ele sorri e me abraça carinhosamente. Beijo-o na boca. Finjo ser amável:
- Tudo bem, amor. Pode ir, vou esperar você aqui em casa.
Vou nada. Você vai ver o que eu vou aprontar, seu filho da mãe.
- Podemos ir jantar hoje à noite. O que acha?
Eu posso jantar em casa.
- Ah, acho que não vai dar não, eu vou estar exausta depois que você sair da reunião.
- Tudo bem, vou chamar um amigo para ir comigo - ele me olha carinhosamente.
Ah, Leo, você é um homem lindo e atraente, mas é muito bobo e sem-graça. Eu quero você todos os dias, mas você não vê, fica trancado no mundo da medicina. Por que se casou se não tem tempo para a esposa? Acarecio seus cabelos. Ele me beija de novo. E beija tão gostoso.
- Tchau - ele se desvencilha de mim.
- Tchau, amor.
A porta se fecha, ouço o elevador ser chamado lá fora. Espere só um pouco, Jaqui. A empregada interrompe meus devaneios.
- Sra. Blanchard - Tânia não chama com educação, ela grita. Levo um susto.
- Ai, Tânia - bufo, batendo os pés no chão. - Você não é capaz de chamar os outros com educação, mulher?
Ela ri.
- Me desculpe.
- O que você quer?
- Saber se a senhora vai jantar.
Claro que não, sua velha burra. Olho para ela, fugaz.
- Não, não, vou dar uma volta agora.
Ela ergue as sobrancelhas com ar de desconfiança.
- O doutor disse que a senhora não vai sair hoje.
- Desde quando você sabe disso?
- Ele me disse senhora, só isso.
- Oras, eu saio a hora que eu quiser. E neste momento eu vou sair, Tânia Bouvier.
Faço um gesto com a mão para ela se retirar.
- Saia da minha frente, xô - rio como uma malvada - uma coisa que eu adoro em mim.
- Está bem.
Vou em direção à porta grande de madeira pintado de preto. Tânia ainda está virando as costas. Olho para ela antes de fechar a porta.
- Ei.
Ela me olha.
- Se contar para o Leonel que eu saí, você está demitida.
Ela faz um gesto de cabeça seco. Subo os quatro degraus que há antes da porta e saio, rindo.
- Ninguém vai me segurar, Leonel Blanchard - murmuro para mim.

ELE ESTÁ LÁ, me esperando como todos os dias em que combinamos. Carrick Rús é um homem lindo, atraente, famoso, rico, sensual e musculoso. Ele é um advogado colombiano, fez faculdade fora do Brasil. É um homem importantíssimo na Colômbia. Mas mora no Brasil há seis anos e sabe falar muito bem o português.
Ele se levante quando me aproximo da mesa. Estamos num restaurante chique de um motel na grande Rio. Ele escolheu a mesa com a melhor vista. Dou um sorrisinho quando nos beijamos.
- Olá, Srta. Billy Blanchard.
- Olá, Dr. Rús. Como vai?
Ele puxa a cadeira para eu me sentar. Sorrio educadamente. Ele volta à cadeira da frente.
- Melhor agora - posa os cotovelos sobre a mesa, e me olha com cautela.
Ele exala um perfume embriagador. Ai, que homem. Ele é mais velho do que eu, tem trinta e três anos. É sorridente, educado e lindo, muito lindo, - não mais que Leonel.
- Você está bem? - pergunta, me despertando.
Pisco os cílios duas vezes, e olho para ele, surpresa com a pergunta.
- Ah, estou, claro.

Minha estúpida obsessãoOnde histórias criam vida. Descubra agora