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UMA MÃO MACIA ACARECIA meu rosto vagarosamente. Está tão bom... Humm... Abro os olhos e vejo Esther sorrindo para mim, ela beija minha boca de leve e passa as unhas no meu peito. Mary também está aqui. Onde estou?... Ah, no quarto da Esther, deitado na cama dela - peguei no sono e nem percebi.
- Bom dia, dorminhoco.
Mary ri.
- Esther, onde você estava?
- No shopping com a sua irmã, ela veio aqui e pediu que eu fosse com ela comprar algumas roupas - ela acarecia meus cabelos, eu fico aliviado só de ouvir. Beijo ela na boca, com vontade. Pego seu rosto nas mãos.
- Me avise quando for sair, eu fiquei preocupado. Eu tive um pesadelo hoje de manhã, você estava dentro.
- Eu? Como foi?
- Foi horrível. Você estava bêbada, atravessou uma esquina e de repente veio um carro desgovernado e te atropelou. Você ficou desmaiada no chão cheia de sangue.
- Eu estou bem, não aconteceu nada. Nunca bebi para ficar assim. Foi só um pesadelo. Você comeu demais ontem à noite, por isso sonhou bobagem. Viu? Não coma à noite.
Sorrio.
- Uma desnutrida dando conselho para um saudável. Sua hipérbole não tem fim?
- Às vezes - ela ri.
- Não podemos ficar sem comer. Você e a Mary são só pele e osso.
Esther olha para Mary, e sorri timidamente.
- Está vendo? O seu irmão também tem um dom de hipérboles.
- Não somos tão magras assim, maninho - diz Mary.
- Vocês deveriam me avisar sobre essa saída repentina.
- Está bem, dá próxima vez avisaremos - levanto-me da cama.
- Vamos almoçar na casa dos meus pais. Que horas são? - pergunto a Esther.
- Faltam dois minutos para às nove horas.
- Então vamos, vou levar às duas. Vocês têm cinco minutos para se arrumarem.
Ela me olha, incrédula.
- Ahn? Leonel! Cinco minutos não dá - exclama.
- Cinco minutos e ponto final - saio.
- Mandão - resmunga atrás de mim.
Dou uma olhada na varanda - o dia está lindo -, tem muita gente na praia, crianças brincando e rindo. Só de pensar que a minha Esther corre perigo, eu me sinto mal. Bom, o pesadelo horrível já passou, graças a Deus, Ele me livrou dessa.
Por um momento vínculo, me transbordei em um navio cheio de inibições, pensando coisas que eu não poderia fazer para evitar o acidente. O que eu sinto por ela? Por que ela me deixa assim? Essa garota mudou meu modo de agir e pensar. Não sei explicar se o que eu sinto é amor, talvez seja só um "gostar". O nosso relacionamento é impossível ser como nós dois queremos que seja, eu posso ser afastado da faculdade ou até mesmo do hospital, por ter se relacionado com uma menor de idade.
Ah, Esther, se eu soubesse antes que você tinha dezessete anos, eu nunca ia me atrever, mas agora é tarde, já fizemos o que não deveria acontecer. O meu maldito desejo carnal por você foi muito longe. Acho que tem alguém me vigiando lá dentro da faculdade. Quem? Filho da puta, se eu te pegar, não vou deixar barato. Eu posso desconfiar de todos os alunos, já percebi que tem alguns que não vão com a minha cara. A maioria que gostam das minhas aulas são as mulheres, é raro um homem me chamar para tirar dúvidas sobre o tema que estamos estudando.
As duas saem do quarto rindo de algo que acabaram de comentar.
- ...eu falei não, eu não posso, Thaly. Foi aí que ele me beijou no canto da boca, desprevenida - diz Esther. Quem beijou quem?
- Quem te beijou? - pergunto, sério.
- O_o Thaly Alberto me... - ela emudece. - Eu não sabia que você estava na varanda.
- Não fuja do assunto - observo-a, impassível.
- Não foi nada, Leonel - diz Mary.
- Conversaremos na minha casa, Srta. Winkler.
O sangue foge do seu rosto, ela fica rubra, perplexa. Pego em sua mão e aperto com força, pego a de Mary também e saímos do apartamento. Thaly, me aguarde, você está mexendo com o que é meu. Não gosto disso.

Minha estúpida obsessãoOnde histórias criam vida. Descubra agora