Não consigo trabalhar o resto da tarde e me levanto, saio pela porta e caminho até a mesa de Lys, vejo seus olhos se esbugalharem.
- Senhor Richards! - ela me olha e leva a mão ao peito assustada.
- Não vou te atacar Lys, relaxa! - digo com desdém.
- Jamais pensaria uma coisa dessas senhor - "Pensaria sim! Já pensou na verdade!"
- Pare de se explicar, sei que já passou pela sua cabeça que eu poderia te atacar, relaxa, não irei! Quero dizer que estou indo para casa e amanhã quero os nomes dos fornecedores e a construtora que decidiu fazer o trabalho no hotel. - ela assente - Pode contratar a garota, mas como disse... - me aproximo do seu rosto e vejo suas bochechas corarem "Minha secretária sente atração por mim? Pelo amor de Deus!" - Como disse, mantenha ela longe dos meus olhos, a menos que queira servir de testemunha por presenciar um descontrole da minha parte.
- Sim senhor! - olho para baixo e vejo Lys apertar as pernas como se estivesse "Excitada?" Reviro os olhos e me afasto.
- Bom resto de tarde! - digo com frieza e me viro para sair.
- Igualmente senhor! - sua voz está mais fina e sei que foi por conta de minha proximidade. "Existem pessoas loucas mesmo! Quem em sã consciência se sentiria atraída por mim?"
Saio da empresa e caminho em direção ao meu carro, destravo e coloco o laptop no banco de trás. Entro no carro e dou partida.
Minha cabeça dói e sinto uma súbita vontade de fazer uma visita a senhor Tompson, mas decido fazer isso durante a noite quando ele estará em casa e provavelmente sua filha também estará.
Resolvo fazer a visita depois das dez da noite, pois se ela pretende trabalhar na empresa deve estudar a noite.
"Não Dimitry!" Sinto meu sangue ferver "Não comece com a obsessão por alguém novamente!"
Me lembro de Melany e de seu corpo sem vida nos braços, lembro do prazer que compartilhei com ela antes de ver sua vida se esvair do corpo.
Recordar o corpo morto de Melany não me faz se sentir mal ou culpado, mas não quero ter problemas com a justiça novamente, não quero ter que passar mais dez anos preso e ter que fazer reabilitação em uma clínica psiquiátrica ou hospital psiquiátrico novamente.
Atravesso as ruas e observo atentamente cada pessoa que caminha pelas calçadas, vejo olhares perdidos e distraídos, parecem sempre estar perdidos em seus mundos procurando algo que seja útil ou lembrando de algum compromisso.
Depois de um certo tempo chego ao hotel, estaciono na frente, pois vou sair para visitar senhor Tompson de qualquer modo.
Admiro um pouco da paisagem e entro no hotel, caminho lentamente e movimento minhas mãos vez ou outra.
Consigo sentir meu coração bombear sangue, creio que seja por conta da vontade enlouquecedora de atingir meus objetivos.
Subo pelo elevador e vou para meu apartamento, quando abro a porta dou de cara com a parede ainda manchada e me lembro que tenho que comprar um spray para tampar essas manchas.
Tiro a camisa e caminho para o quarto, sento sobre a cama e passo as mãos pelos cabelos, meus nervos estão a flor da pele.
É como se todo meu corpo estivesse pronto para uma caçada. Sinto minhas mãos latejando com a dor aguda que estou ignorando a algum tempo.
Desabotoo a calça e dispo-me. Ando em direção ao banheiro e tomo um banho demorado, sinto todo meu ser sendo inundado por uma vontade descomunal de me satisfazer e é quase palpável a imagem de Melany na minha frente.
Vejo a imagem desaparecer e restar somente flashes do meu passado atormentador, fecho os olhos e instintivamente soco a parede do banheiro.
A dor atravessa meu braço e sangue misturado a água escorrem pela parede, solto um grito agoniado e sinto meu peito queimar.
"É tudo culpa dela!"
Abro os olhos e coloco a mão embaixo da água corrente.
"Maldita!"
Trinco os dentes e devo estar com o olhar carregado de dor, solto um grunhido enquanto a água lava minha mão ensanguentada.
Creio que os momentos sem uma distração decente estejam me deixando perturbado o suficiente para voltar a ser atormentado pelos fantasmas do passado.
Sinto minha respiração ficar pesada e sei que é nessas horas que cometo besteiras e logo serei julgado como sociopata novamente, sei que não sou um sociopata, nem um maluco.
Na verdade tenho sentimentos "Não tenho?"
Apesar da morte de alguém não me causar emoção, sei que tenho algum sentimento, acredito que sim.
Saio do banho e me seco, caminho para o quarto e alcanço na gaveta uma cueca. Visto uma calça jeans desbotada e uma camisa com mangas longas preta.
Decido jantar na casa do senhor Tompson, acredito que minha presença será incômodo o bastante para deixá-lo preocupado.
Caminho até a sala e pego um livro para ler, sento-me em uma banqueta e apoio o livro no balcão. O livro que estou lendo retrata todo o trajeto de uma garota estúpida é um centenário clichê e idiota.
Sinto que sou um cara sem coração e somente me identifico com a personagem quando a mesma se admira diante de cenas cheias de caos e loucura.
Faz uns quinze dias que leio, estou lendo dois capítulos por dia e sinceramente o livro tem se tornado interessante no fim das contas.
Fico algum tempo concentrado na leitura e acabo me esquecendo do tempo, quando olho para fora vejo o céu escuro e fecho o livro.
Caminho para meu quarto e confiro a hora no celular, já são oito horas e acho que consigo aguentar duas horas sendo alfinetado pelo senhor Tompson.
Deposito o celular no bolso e caminho para fora do apartamento, tranco a porta e desço pelo elevador.
Chego ao andar de baixo e caminho com as mãos no bolso para meu carro. Há nuvens no céu e acredito que não demorará para cair uma chuva pesada.
Entro no conversível e dou partida.
Dirijo com calma para a casa do senhor Tompson, acredito que não serei bem recebido.
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Abominável - A lei da Atração
RomanceTantas pessoas no mundo e sempre caímos na labia do lobo mal... "Existe uma pequena linha tênue entre o ódio e o amor!" "Existem pessoas que diriam que sou louco, mas prefiro acreditar na teoria de que sou apenas um excêntrico rico em busca de uma n...