Capítulo 124

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- Bom dia. Acordaram cedo. - ergo uma sobrancelha e ele ri. - Qual é Dimitry, já está cansado de ficar aqui? - reviro os olhos. Não que eu não goste do médico, talvez me irrite o jeito que ele toca Vitória. "Se eu pudesse, matava!" - Como está Vitória? - ela sorri e aperto o maxilar.

- Bem doutor, veio dizer que posso ir embora? - Ele assente e se abaixa de frente para ela, aperto sua mão, acaba sendo um reflexo e Vitória percebe. Tento relaxar.

- Que pena, a paciente mais alegre daqui é você. - respiro fundo e encaro ele.

- Concordo. Pena que tanta alegria vai sair daqui. - digo com ironia. O médico se levanta.

- Bem, já estão liberados. - ele diz e me encara com um sorriso no rosto, sinto vontade de arrancar esse olhar dele. Sorrio de volta e ele engole seco saindo, mas para na porta "Ah! Vai embora logo!" - Assim que liberarem o quarto passem na recepção. Bem... - ele olha para Vitória e ela se levanta. "Por isso que sou agressivo!" Ele se aproxima dela e dá um abraço "profissional". Depois sai. Ouço gargalhadas e olho para senhor Thompson que parece ter achado um baú de ouro. Me levanto irritado e acabo sentindo tudo escurecer, me apoio na parede e levo a mão a cabeça.

- Dimitry! - Vitória segura meu rosto, depois de segundos consigo ver com clareza. Ver o rosto de Vitória me deixa mais tranquilo, mas algo está errado. Ela está sumindo novamente.

***

Acordo sentindo um gosto doce na boca e consigo apenas escutar o que dizem.

- Ele não vai poder voar se continuar assim... - a voz é da mãe de Vitória.

- Mãe ele vai voar sim, estarei com ele... Ele precisa de mim. - lentamente consigo abrir os olhos, sinto meu corpo pesado e vejo Vitória sentada na cama perto do meu abdômen. Encosto a ponta dos dedos em suas costas.

- Ei... - Ela me olha e parece ter chorado "Nããão! Não precisa..." - Que horas são? - ela sorri fracamente.

- Dez. - Assinto e suspiro.

- Vai para casa, eu irei para radioterapia e depois vou, pega a chave na carteira. - digo com um fio de voz.

- Mas não...

- Vai! - digo com frieza. Ela assente e me dá um beijo na testa.

- Não demora... - a voz dela é embargada. "Se houvesse uma forma de impedir o sofrimento dela..." engulo seco enquanto as duas saem do quarto. Fico apenas com as paredes brancas do hospital. Fecho os olhos tentando disfarçar o pavor de estar sozinho como a algum tempo.

Pelo estado deplorável que me encontro dúvido que a radioterapia me deixe em condições de ir para casa. Olho para a escrivaninha do lado e alcanço meu celular, depois de muito esforço, dígito o número de Ney.

- Senhor?

- Pode vir me buscar as quatro horas por favor. - digo tentando parecer bem.

- Hospital? - sorrio fracamente para mim mesmo e fecho os olhos.

- Sim! - digo com firmeza. - te aguardo.

- Mais alguma cois... - a porta se abre e tiro o telefone do ouvido, a enfermeira entra sorrindo.

- Olá senhor Richards . - volto ao telefone.

- Só isso Ney. - Depois desligo.

- Bom verificar se o senhor não quer nada. -reviro os olhos e suspiro. "Quero sexo!"

- Infelizmente o que eu quero você não pode me dar. - Ela pisca várias vezes.

- Senhor, meu trabalho é ver se precisa de algo, talvez eu possa conseguir, basta me di...

- Sexo! - ela cora e abre a boca, balanço a cabeça em negação-  A pessoa que eu preciso no momento está com a mãe atrapalhando meu desempenho. - arqueio uma sobrancelha - Sei que se eu pedisse ou me levantasse para ir até você, não se negaria. - Ela engole seco e abaixa a cabeça-  Desculpe... Minha cabeça está cheia, precisava desabafar. Mas me diz , quem fica com a mãe depois que acaba de casar? E a lua de Mel? - ela ergue a cabeça.

- Me-me desculpe... Talvez seja por que ela está se sentindo assustada... Não  sei...  - gargalho.

- Assustada ela ficou quando propus algo mais Hard Core. Ela está grávida, aliás como posso garantir que dê tudo certo se eu nem mesmo sei se vou sobreviver a uma cirurgia? - ela me olha com pesar.

- Desculpe... - Assinto e balanço  a mão para que ela saia.

A questão de tudo está em não saber se vou ver meu filho ou saber se terei novamente Vitória. É complicado pensar em perder Vitória.

***

Acordo e faço  a radioterapia, depois de pouco tempo Ney vem me buscar e entrar em meu carro sem ser dirigindo sempre me deixa com o sentimento de incapacidade.

Chego em casa e subo para meu apartamento com dificuldade. Entro na sala e vejo a mãe de Vitória assistindo alguma coisa em meu Tablet. Respiro fundo para não acabar arrancando ele da mão dela. Este aparelho é  apenas de trabalho.

- Finalmente. - Ela  olha para cima e solta o tablet no sofá,  caminha até  mim e me ajuda a sentar no sofá.-  Tem certeza que está bem? - ela pergunta. "Melhor que hoje cedo!"

- Melhor impossível!  - digo e procuro Vitória pelo cômodo- Onde ela está? - pergunto.

- Ela foi tomar um banho. -Assinto e me levanto indo em direção ao quarto. - Onde vai?

- Tomar banho. - reviro os olhos e entro no quarto trancando a porta.

Entro no banheiro e escuto o chuveiro e uma voz desafinada cantando. Arranco a blusa depressa e retiro toda a roupa apressado. "Pelo menos um banho juntos eu mereço depois de casado."

Assim que abro o box do banheiro, Vitória desliga o chuveiro e olha para mim.

- Você chegou! - ela parece animada e pula toda molhada colando seu corpo ao meu. "Merda!" Engulo seco e acabo não me controlando. Vitória não solta e quando olho para ela, vejo olhos divertidos e maliciosos. - Achei que nem sentia mais nada quando me via. - ela parece muito, mas muito feliz.

- Se não me soltar eu não responderei por mim. - minha voz está muito rouca e está complicado suportar a vontade de te-lá.

Vitória segura minha nuca e abaixa minha cabeça para beijar-me "Quer saber? Foda-se."

Abominável - A lei da AtraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora