Capítulo 98

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Depois de deixar todos em seus quartos e nos despedir de dona Clarice e seu Adolfo sigo para o quarto e encontro Vitória de cabeça baixa.

"Como ela está linda!" Confesso que estou um pouco arrependido de dizer que a amo, pois ela ficou estranha depois disso e isso está me deixando mais magoado ainda. Talvez ela não se sinta bem ao ouvir que a amo. Me aproximo dela e seguro seu queixo, ela olha para mim e uma lágrima corre por seu rosto. "Acho que realmente feri ela..."

- Por que está chorando? - pergunto preocupado. Ela se desvencilha de minha mão e se levanta. Realmente parece uma princesa. Ela caminha para a porta do quarto.

- Acho que não tem porquê dormimos no mesmo quarto, tem vários vagos... - a voz dela está tão triste que isso me corta.

- Por que está agindo assim? - "Parabéns Dimitry! A bruxa tinha razão e ela nem mesmo te ama..." Me lembro de quando ela disse que me amava e não entendo suas ações agora.

- Já que o teatro acabou vou para outro quarto. - "Não faz isso comigo!" Engulo seco e nem sequer tive a oportunidade de levar ela para ver a lua ainda. Ela sai do quarto e passo a mão pelos cabelos. Olho o relógio e são onze e trinta e oito. Vou atrás dela e seguro seu braço.

- Para de fugir de mim! - digo com a voz melancólica. Ela franze o cenho.

- Por que disse aquilo em uma brincadeira... - ela soluça. "É isso?" Respiro aliviado e puxo ela para um abraço. Ela não retribui.

- Não era uma brincadeira... Não estava brincando. - digo apoiando meu queixo em sua cabeça. Espero que ela acredite em mim. - Quero lhe mostrar algo. Eu e as meninas montamos. - solto ela e ela seca as lágrimas. Puxo ela pela mão, saímos de dentro de casa e uso a lanterna do celular para iluminar onde pisamos, passamos por entre as árvores e Vitória em nenhum momento diz nada.

Chegamos de frente com o arco, colocamos uma cortina no arco para que ela não visse do outro lado. Colocamos quatro castiçais e deixei um som no lugar. Usamos algumas pulseiras florescentes e jogamos no fundo do chafariz, assim a água ficou em tons de azul . Desligo a luz do celular e deixo apenas a luz do luar iluminar o lugar.

- Queria ver a lua cheia com você... Faz dois dias que vim aqui e queria lhe trazer... - ela funga.

- Você também sabia dessa brincadeira deles? - sorrio.

- Não... Na verdade queria esperar eles dormirem para lhe trazer, mas como as coisas foram por outro caminho decidi pedir a ajuda deles também. - dou de ombros.

- Eu achei que fosse tudo uma brincadeira para você... - suspiro.

- Não exatamente. - digo e engulo seco. - É complicado para eu dizer algumas coisas ainda... - ela assente. Seguro sua mão mais forte e passamos por baixo da cortina. Vitória parece encantada.

- Ual... Co-como que... - ela sorri.

- Eles queriam que eu fizesse o papel da fera, então dei a idéia de lhe trazer em um jardim já que a bela gostava dessas coisas... É idiota, eu sei... - ela ri e solta minha mão. Deixo ela curtir o lugar e ligo o som. Ela me olha confusa - Esse é o baile. - digo brincando e ela ri alto.

- Não acredito que tudo isso está acontecendo... - ela gargalha. - Deveria ser assim sempre! - cruzo os braços.

- Não gosto de ser tão meloso, mas já que é com você então não me importo. - sorrio. Estendo a mão e olho para ela - Me concede essa dança? - ela pega minha mão.

- Claro! - rodopiamos e dançamos por alguns minutos, tempo suficiente para me cansar e deixar ela cansada.

Depois disso nos sentamos na borda do chafariz.

-Obrigada... - olho para ela e balanço a cabeça.

- Não precisa agradecer...- digo e olho para o céu.

- Na verdade precisa, você tem sido muito compreensivo comigo e eu só te dei trabalho até agora... Me desculpe por ontem... - sorrio.

- Na verdade eu que tenho lhe dado trabalho... - engulo seco - Eu fiquei chateado com você, queria que tivesse me ouvido, mas prometi a mim mesmo que lhe provaria meu valor e decidi não passar dos limites... - ela olha para mim.

- As garotas me disseram que você sempre se segura quando se trata de mim, acho que agora entendo melhor... - ela segura minha mão - Não quero que tente ser algo que não seja de acordo com sua natureza... Eu te aceito do jeito que você é. - ela olha para o céu em seguida e volto a olhar também. - A lua realmente está linda hoje...

- Concordo. - Não que eu não me importo com a opinião dela, mas não consigo dizer nada além disso, ainda tenho a impressão que estar deixando me levar pelo meu coração novamente vai me matar ou matar ela e isso me deixa um pouco nervoso.

- Posso lhe perguntar algo? - Assinto. - Quando pretende volta e para a França? - Sou pego de surpresa.

- Logo. - minha resposta é tão rude que acabo deixando-a muda.

Me levanto e paro de frente com ela.

- Quer ir junto? - pergunto e ela sorri assentindo. Realmente me sinto aliviado ao saber que ir comigo não será um problema. Tusso. "Droga!" Vitória se levanta.

- Já está tarde é melhor entrarmos, não quero que seu resfriado piore. - Assinto e aperto o maxilar "Obrigado saúde! Muito obrigado!" Voltamos para dentro e fecho a porta, subimos e entro no quarto apagando a luz. A lua do luar ainda ilumina um pouco o quarto e isso me alegra. Vitória está sentada na ponta da cama. Resolvo me trocar para ir dormir e começo a tirar o smoking, depois visto meu habitual pijama.

Olho em direção de Vitória e ela nem se moveu na cama.

- Quer ajuda com o vestido?

- Não! - a resposta é tão rápida que sou pego de surpresa.

- Está tudo bem? - vejo ela levar as mãos ao rosto. Me aproximo e seguro seus braços, olho para ela - Vitória, você está bem? - ela abaixa a cabeça e suspiro, me abaixo e olho para cima, nossos olhos se encontram e pergunto novamente- Por que não me encara? Aconteceu alguma coisa? Algo que disse?

Abominável - A lei da AtraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora