Capítulo 119

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- Quero que ele se preocupe menos comigo e mais com ele! - exclamo soluçando.

- Calma querida... Eu ... Eu... - suspiro.

- Tudo bem, eu sei que ainda não aprendeu a lidar com a notícia de que ele foi violentado, mas o problema agora é outro... Ver ele naquelas condições só  me deixam preocupada e não quero que ele se feche novamente. - digo.

- Ele sempre possuiu um jeito protetor ao extremo, mesmo que não notasse ele sempre me protegeu das piores memórias... - a voz de dona Richards é claramente carregada de culpa.

- Eu irei para Campo Grande com ele... Ele querendo ou não.  - digo e sorrio. Me aproximo lentamente e dou um beijo no rosto da senhora Richards. Falarei com o médico e pedirei para que eu seja liberada antes, além de pedir para que ele seja obrigado a voltar com as radioterapia, pelo menos até a cirurgia.

Caminho para fora do quarto em direção a sala do médico, bato levemente na porta e abro vendo o rosto do médico se fechar e seus braços automaticamente cruzarem, mas a maior surpresa é ver Dimitry com a sobrancelha levantada e a cabeça jogada de lado me encarando da cabeça aos pés. Engulo seco.

Começo a fechar a porta lentamente fingindo que nunca estive ali, porém Dimitry balança a cabeça e aperta o maxilar. "Algo me diz que cutuquei a fera com vara curta!" Sorrio fracamente e entro erguendo a cabeça.

- Doutor eu irei a Campo Grande hoje, tenho que acompanhar um paciente irresponsável até lá... Paciente esse que passou mal pela manhã e não conseguia nem caminhar sozinho... - Dimitry me fuzilar com o olhar e os olhos do doutor parecem emanar confusão .

- A senhorita ainda esta em recuperação... - Assinto.

- Já estou tomando banho sozinha, acabei de sair sem permissão e ainda estou viva... Além do mais eu gostaria de poder ver meus filhos antes de ir para a França, onde esse moço do seu lado, fará uma cirurgia arriscada para retirada de um tumor na cabeça... - minha voz acaba ficando cada vez mais tensa e creio que o fato de Dimitry estar furioso me deixe um pouco preocupada.

- Levará uma enfermeira para supervisionar você... - ele sorri - Assim poderá ver seus filhos... - Assinto e dou um sorriso agradecido. Olho para Dimitry que não diz  nada, apenas engole seco e parece pegar fogo. Seguro sua mão e puxo para fora da sala rapidamente. "Pode explodir, mas que seja longe do doutor!"

Assim que chego a porta do quarto solto a mão dele, Dimitry passa por mim sem dizer nada e atravessa a porta como um raio. "Diz alguma coisa!" Vejo ele pegar as coisas dele e as minhas e sair do quarto, começo a andar atrás dele. Ainda estou com a roupa do hospital que por sinal é  bem desconfortável. Ele está distante e é difícil acompanhá-lo.

Penso em chamá-lo, mas não quero que ele me repreenda por ter decidido ir junto. Depois que ele entra em uma sala e sai com a enfermeira sorrindo eu acabo entendendo. Finalmente alcanço-os.

- Ela vai cuidar de você. - a afirmação gélida me deixa um pouco triste. Caminhamos para fora do hospital e entramos em seguida no carro. Me sento no banco da frente apenas com a camisola do hospital, a enfermeira se aconchega atrás e observo os movimentos de Dimitry, assim que ele se senta voltasse para me encarar.

- Eu deveria ter te amarrado na cama antes de entrar naquele maldito banheiro. - sua voz calma me deixa um pouco mais assustada, mas não demonstro.

- Você deveria pensar mais em si mesmo e parar de se preocupar comigo. - digo no mesmo tom. Ele joga a cabeça para o lado e segura o meu queixo.

- Agradeça por estar machucada o suficiente meu amor. - "Ele realmente está furioso!" Sorrio e vejo de soslaio os olhos da enfermeira se arregalando.

- Você está assustando a enfermeira Dimitry. - digo sarcasticamente. Ele aperta o maxilar e se vira para frente se concentrando em iniciar a viagem.

Observo tudo a minha volta até que o sono começa a tomar conta e acabo adormecendo.

Acordo com Dimitry abrindo a porta do meu lado e esfrego os olhos me acostumando a luz novamente. Desço do carro com a ajuda dele que parece mais sereno e entramos em casa. Dona Clarice caminha ate nós  com o seu melhor sorriso.

- Que bom que estão aqui! As crianças ficarão feliz em vê-los  juntos. - Parece toda animada e abraça Dimitry.  A enfermeira cumprimenta seu Adolfo e em seguida dou-lhe um abraço.

- O que aconteceu minha filha? - me afasto respondendo sua pergunta e abraçando dona Clarice.

- Longa história... Digamos que eu levei uma surra de uma ex namorada ciumenta de Dimitry... - sorrio e ao soltar dona Clarice, dou um sorriso reconfortante. - Mas foi só um susto. - digo e encaro Dimitry que parece pesar minhas palavras e creio que ele não considere como somente um susto.

- Meu Deus! Espero que essa pessoa malvada esteja presa. - dona Clarice diz preocupada, olho para Dimitry que não emite qualquer palavra, apenas revira os olhos e aperta os punhos. Suspiro.

- Onde estão as crianças? - digo. Dona Clarice muda o olhar e é como se uma luz invadisse seu rosto cansado.

- Logo estarão aqui! Estão para o Colégio, mas Adolfo buscará elas assim que der a hora... - ela aponta o sofá e nos acomodamos. Dona Clarice se senta junto com seu Adolfo no sofá menor e a enfermeira se une a mim e Dimitry no sofá maior. - Rafaela está trabalhando de secretaria em uma clínica aqui perto. - sorrio.

- Também temos novidade. - Dimitry complementa. Seu olhar é  sério e pela primeira vez sinto que ele agora pode representar família.

- Espero que seja melhor do que a situação de Vitória. - seu Adolfo alfineta. Dimitry sorri.

- Tem muito haver com a situação dela. - Dona Clarice parece preocupada.

- Espero que esteja tudo bem entre vocês...

- Vitória está grávida... - sua boca forma um imenso "O" e seu Adolfo limpa a garganta parecendo surpreso. Rio com a situação e Dimitry parece se divertir também.

Abominável - A lei da AtraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora