Capítulo 24

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Ajudei ele a ficar de pé e pedi para que ele tivesse mais cuidado, pois não queria ver ele pelado novamente.

"Nem era tão verdade assim, mas só de lembrar o meu pânico, prefiro não ter que ver!"

Estou me arrumando para ir para este jantar estranho e que provavelmente será assustador, ainda mais por conta dos acontecimentos hoje.

Sinto como se minha vida fosse ser estraçalhada a qualquer momento e não quero morrer, não ainda.

Lembro do pavor que senti e creio que durante alguns segundos não estava mais aqui, o simples fato de imaginar meu corpo gelado e pálido jogado no chão, faz meu corpo todo se arrepiar.

Lembro de tudo que papai me falou, inclusive para mim nunca se aproximar dele ou criar alguma ligação com ele, pois as consequências sempre eram fatais.

Lembro também do corpo da namorada dele, ou diria ex namorada dele, jogado no chão sem vida e nu.

As marcas que ele trazia eram de se arrepiar. Ela estava acorrentada a cama e tinha marcas de chicote pelo corpo, mas a marca que mais me assustou e me deixou curiosa foi um pequeno corte cirúrgico entre os seios.

Era a inicial de um nome, a letra N.

Sei que o primeiro nome da menina não era com a letra N e isso me leva a concluir que seja o nome da pessoa que tem haver com os problemas psicológicos dele.

Escolho um vestido longuete cor marfim tomara que caia e solto meus cabelos, passo uma maquiagem fraca.

Vou até o banheiro e observo minha imagem falha e com pouco brilho, creio que por conta da ameaça dele eu esteja me sentindo mal.

Respiro fundo e decido colocar meu melhor sorriso no rosto, isso fará com que suporte seu humor duvidoso por mais tempo.

Saio do quarto e encontro ele cantarolando, ele parece alegre demais.

- Viu algum passarinho? - pergunto segurando no encosto da cadeira e me dirigindo para a porta.

- Verei! - ele diz ainda cantarolando.

- Esse passarinho vai estar no jantar? - pergunto trancando a porta e voltando a segurar o encosto, caminho para o elevador.

- Não, no jantar estará somente você e eu. - a voz dele é extremamente indiferente.

- Por que está me chamando para jantar? - pergunto enquanto descemos pelo elevador.

- Por que estou propondo uma trégua, um acordo... Vivemos em harmonia e você para de questionar sobre meu passado... - "Nem morta! Mas vou aceitar a proposta e conseguir as informações que quero!"

- Pode ser! - digo, ele gargalha.

- Está mentindo! Vitória, Vitória... Achei que já soubesse que não pode esconder a verdade de mim... - a voz dele faz meu corpo estremecer.

- Não estou! - digo com convicção, saímos do elevador e atravessamos a recepção.

- Está! - a voz dele é calma, mas carrega um autoritarismo impressionante - Não podemos ter um acordo coerente se você não ser sincera. - decido parar de tentar enganar  Dimitry.

- Não aceito a proposta! Se quiser conviver numa boa terá que aceitar meus questionamentos. - digo com arrogância.

- Ótimo! Não vai aceitar não é? Creio que logo mudará de idéia! - Finjo não escutar e cumprimento o motorista da limosine.

Entro e Dimitry se senta ao meu lado.

- Vamos aproveitar a noite Vitória! - ele cantarola e sinto um medo descomunal pela primeira vez, talvez seja por que estamos sozinhos na limosine e ele está sorrindo descontrolado como um louco.

- Já avisei! Se tentar alguma coisa eu te empurro para fora deste carro e vou torcer para o carro passar em cima de você! - digo, ele levanta as mãos em rendição.

- Nunca fiz nada que uma mulher não permitisse! - ele lança me encarando, engulo seco.

- Não confio em você! - replico.

- Não deve confiar... - ele diz friamente e olha para a janela, seu olhar se perde entre os prédios e ele parece se lembrar de momentos horríveis e atormentadores.

Dimitry é uma mistura de ser humano e monstro, um tipo de mostro que primeiro seduz e depois mata com o consentimento da vítima.

Isso me assusta ainda mais, pois estou pesando as chances desse jantar ser o começo da próxima caça dele e eu acabar sendo a próxima vítima.

Ouço um toque de celular e paro de olhar para ele imediatamente, viro meu rosto para a janela e escuto as palavras dele.

- Bonne nuit ma belle! - a voz dele está mais grossa e sedutora, deduzo que seja uma das vítimas dele - Vous voyagerez la semaine prochaine en première classe, mon amour... Ne vous inquiétez pas... Mon secrétaire vous transmettre les autres informations... Je vous espère, baisers!

Ele para de falar, creio que desligou, mas não faço questão de olhar para o lado dele.

- Vous serez mon nouveau jouet, mon cher Victoria! - a voz dele é extremamente sensual e me causa um calafrio, creio que ele falou comigo, pois ouvi meu nome. Decido perguntar.

- Não falo francês! Então fale o português OK?! - digo virando-me para ele e lançando um olhar zangado.

- Pardonnez ma fleur, mais a dit en portugais, vous me damage. - bufo e reviro os olhos.

- Esquece! - digo e volto a olhar para a janela.

- Eu dizia que se falasse em português, você me socaria... Te pedi perdão! - ele diz divertido.

- Então o que disse!? - vocifero. Ele simplesmente dá de ombros e fita as ruas através do vidro.

- Chato! - digo, ele maneia a cabeça para um lado e para outro apenas.

Minutos depois estacionamos em frente a um restaurante chique, desço e sigo para o outro lado, Dimitry se senta na cadeira de rodas que o motorista posicionou e empurro ele para dentro do restaurante.

Depois de alguns instantes escolhemos a mesa e nos sentamos, Dimitry pega o cardápio e me encara por cima do mesmo, olho para ele com olhar questionável, olhar de quem pergunta o que está olhando.

Ele ri e pedi o pedido, pedi para que traga um bom vinho tinto antes de servir o jantar.

- Vem sempre aqui? - pergunto.

- Trago algumas das garotas com quem saio... - ele dá de ombros e arregalo os olhos assustada. "Sabia que era a próxima vítima!"

Abominável - A lei da AtraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora