Capítulo 126

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- Coma lentamente! Para quê essa presa? A comida não sairá andando! - digo indiferente. Vitória está se empanturrando de comida japonesa com leite condensado e confesso que estou enjoado em ver ela comendo.

- Deixa ela! Esse é um desejo normal perto dos que a mãe dela tinha... - Senhor Thompson parece amar a cena. Reviro os olhos.

Terminamos de comer e Vitória parece satisfeita.

- Vou ao banheiro! - me levanto e sigo apressado, pois a vontade de vomitar é imensa. Assim que chego ao banheiro e me debruçou no vaso, acabo jogando meu jantar fora. "Quando isso vai acabar?" Fecho os olhos e me lembro que amanhã viajo e no dia seguinte farei a cirurgia. Então poderei finalmente dizer adeus para a vida ou para a doença.

Lavo minhas mãos e saio do banheiro me sentindo fraco. A cena seguinte me faz fechar os olhos e passar a mão na testa. Vitória está debruçada do lado da cadeira sujando o chão do restaurante. E todos! Todos! Estão olhando para a mesma direção. A dela!

Caminho até o balcão.

- Por favor eu gostaria de falar com o gerente de vocês... - uma moça assente e logo o gerente está no balcão e desviando o olhar justamente para onde ela acabou de vomitar. Alguns garçons já estão lá. - Gostaria de me desculpar pela minha mulher. Ela está grávida... - solto um riso contido - Pagarei pelo incômodo aos outros clientes. Por favor, leve a conta rapidamente a mesa para que possamos ir para casa. - o gerente não diz nada, apenas continua a olhar para a mesma direção e assente. Caminho para a mesa, onde Vitória está em pé junto com seus pais e pede desculpas para os garçons.

- Eu limpo! Não se preocupe, apenas me arrumem um pa... - Ela leva a mão a boca e sai do restaurante correndo "Mais que merda! Isso não está acontecendo!" Corro até ela e seguro seu cabelo enquanto ela se debruça no meio fio e vomita mais.

- Vou te levar no hospital, vai saber se esse seu desejo não te fez mal. - Ela assente e depois ajudo a se levantar abraçando-á. Ela chora e reviro os olhos. - Está tudo bem, já resolvi. - digo. Pego sua mão e entramos no restaurante. Pago rapidamente e saímos em direção ao carro.

- Como se sente querida? - a mãe de Vitória pergunta e meu celular vibra. Atendo enquanto caminhamos para o carro.

- Alô?

- Queria saber que horas viaja querido? Quero te ver... Precisamos conversar... - engulo seco.

- Durante a tarde. - digo.

- Ok... Até amanhã querido, Te amo meu filho... - desligo e sinto náuseas, mas sei que essas são pela ansiedade. Entro no carro desnorteado e acabo paralisando no volante.

- Dimitry? - Vitória coloca a mão na minha coxa. Olho para ela e aperto o volante com as duas mãos. - O que aconteceu?

- Promete que vai ler um bilhete que eu deixei em sua agenda... - engulo seco e ela parece confusa - Tem um bilhete dentro da sua agenda... Mas só poderá ler quando eu entrar para a cirurgia... - Ela assente e parece se entristecer. Sinto uma mão no ombro e olho para trás. Senhor Thompson sorri.

- Não diga essas coisas! Você é guerreiro e vai viver... - ligo o carro.

- Parte de mim já está viva dentro de Vitória e isso me basta se eu não for capaz. - Vitória aperta minha coxa.

- Ela pode viver sem você, mas eu não sei se posso. - Sua voz está embargada e ela sorri - Você vai viver. Eu sei que sim!

Acelero.

***

Chegamos em casa e Vitória está com uma cara muito fechada.

- Eu avisei para não comer! - ela me olha e vira o olhar novamente entrando dentro do apartamento e caminhando chateada.

- Pega leve Dimitry! - Olho para senhora Thompson e dou de ombros.

- Da próxima vez deixo meu filho nascer com cara de sushi do quer levar ela para tomar vacina para controlar esse mal estar dela. Teimosa! - Vitória fez o maior escândalo no hospital, parecia um bebê chorão e só assim descobri que ela tem medo de palhaços. "Maldita dia para o médico se fantasiar de palhaço bondoso!" Que criança é fã de palhaços hoje em dia?

Se ele não estivesse fantasiado eu não teria que ficar com ela nos braços enquanto ela chorava contra meu peito dizendo que estava com medo. Parte foi engraçada, mas outra parte foi muito cansativa!

Depois de vacinar eu poderia ter descido ela, se ele não estivesse pelos corredores e Vitória tivesse ficado com medo de abrir os olhos. De uma coisa eu sei! Jamais levo ela em um circo.

Caminho até o quarto e me sento ao seu lado.

- Creio que esteja se sentindo bem cansada... - Ela me olha e sorri.

- Não mais do que você... - suspiro.

- Olha... - sou interrompido.

- Seu psicológico está péssimo,  pode admitir que está com medo de ouvir as palavras de sua mãe amanhã... - Assinto e abraço ela. Não quero escutar as desculpas de uma mulher impotente.

- Não quero ouví-las agora... - Vitória beija meu pescoço.

- Ela tem medo de te perder, mais medo do que eu... - aperto Vitória.

- Isso não significa que precisa ser agora... - Vitória se afasta e segura minha mão,  encaro ela e aperto o maxilar. Ela me oferece seu melhor sorriso.

- Diferente de mim, ela vai perder a única pessoa que ela daria a vida. Eu não posso culpá-la... Ela quer te abraçar e dizer que sente muito. Um filho... - Vitória engole seco - Um filho é mais do que qualquer coisa ... - fecho meus olhos e nego.

- Não diga isso para mim... - sinto sua mão quente em minha bochecha.

- Acredite em mim... Eu jamais vou deixar você desmoronar, depois de conversarem eu te receberei em meus braços e te darei conforto... - abro os olhos e sorrio.

- Se você não estiver lá... - cutuco ela - Sei que posso te encontrar no banheiro vomitando. - Ela me soca.

- Idiota! - ela gargalha e abraço ela, beijando-a e mordendo seu lábio inferior.

- Posso brincar no meu parquinho hoje? - ela cora e se afasta revirando os olhos.

- Para de graça.  - gargalho e dou de ombros.

Abominável - A lei da AtraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora