Aparentemente sou um alvo formidável para a imprensa e agora minha reputação está mesmo correndo grande risco.
Maldita hora que o gerente foi aparecer a minha porta, eu realmente não estava em condições de receber ninguém, o sonho com a ordinária foi vívido demais.
- Preciso fazer uma ligação! - cantarolo para o carcereiro.
- Não será solto até pagar fiança e não tem direito de fazer ligações, você ameaçou uma pessoa de morte e aparentemente teve sua ligação chegando aqui. - "Péssima idéia ligar para minha mãe ao invés de um advogado!" A proposta dela pareceu ser bem apropriada diante dos acontecimentos de hoje cedo.
- Um cafézinho, talvez? - digo.
- Cale a boca! - ele ordena aos berros.
- Qual é? Nem um biscoito? Um cházinho talvez? - o carcereiro caminha até minha cela e me puxa pela camisa.
- Se o senhor não fechar a matraca serei obrigado a soltar os cachorros em cima de você! - ele vocifera.
- Ó! Isso é um canil agora? Receio que deva retirar suas mãos de cima de mim, caso contrário terei que ser bem ameaçador... - olho para cima e depois em seus olhos - Talvez seu emprego seja bem disputado!
- Está me ameaçando seu... seu bostinha! Eu lhe dou uma surra!
- Tente a sorte! - digo calmamente.
Ele me solta e volta ao seu posto, adoraria que ele tivesse me dado um soco, retribuiria com satisfação.
Me sento no fundo da cela e fico imaginando como irei sair daqui já que a inútil da minha mãe não se importa comigo realmente.
Acabo adormecendo no fundo da cela.
***
Ouço a voz inconfundível da maluca me chamando e creio que estou começando a delirar "Até nos meus sonhos não!"
Abro os olhos com dificuldade e vejo a silhueta de Vitória, pisco várias vezes e esfrego meus olhos.
- Vitória? - ela apóia as mãos na cintura.
- Não! Sou o Papai Noel! Claro que sou eu, quem mais em juízo perfeito iria querer te ver fora dessa cela. - "Abusada!"
- Talvez minha secretária viesse me tirar daqui, aliás tenho uma companhia de carros e uma rede de hotéis para gerir! - digo, hoje pela manhã recebi um e-mail dizendo que a companhia de carros aceitou a proposta e nos vendeu toda a empresa e era justamente para ver os papéis e assinar os mesmos que estava saindo do hotel.
- Claro! Já que é assim, vou voltar para casa! - ela se vira para sair e me levanto apressado, agarro as barras de ferro da cela.
- Espere! - ela para e olha em direção a minha cela - Por que veio?
- Sou sua cuidadora ainda, ou seja, você ainda é minha responsabilidade e não terá que passar frequentemente por um profissional, pois sou a pessoa responsável por seu tratamento e isso quer dizer que terá que compartilhar as cenas que tanto te afligem!
Começo a gargalhar e me abaixo apoiando as mãos sobre meus joelhos.
- Você? Já disse que não quero sua ajuda! - vocifero.
- Ótimo, avise sua mãe! - ela volta a caminhar e sinto meu peito apertar "Preciso retornar para meu país!"
- Ok Ok Ok! Como quiser só me tire daqui! - digo a contragosto.
Ela se distância e minutos depois retorna com o carcereiro que me olha com desgosto.
- Está livre seu merdinha! - "Quer saber, a prisão nem é tão ruim assim!" agarro a farda dele e empurro contra a parede suja e fria da prisão.
- Dimitry, pare! - ignoro os gritos de Vitória e quando vou encaixar um soco perfeito no meio do nariz enorme do cara, Vitória se enfia no meio e sou obrigado a parar, por pouco não acerto o rosto dela e creio que um nariz quebrado era o mínimo tendo em vista a força que pretendia utilizar.
Me afasto com relutância e aperto o maxilar, me viro para sair.
- Aguarde sua demissão meu caro! - digo caminhando com as muletas em direção a porta que dá para fora da prisão nojenta e sem o mínimo de conforto.
Vitória me alcança e desata a falar como um rádio.
- Ficou louco, quer ser preso novamente? - a voz dela está mais irritante.
- Por incrível que pareça está mais irritante! - digo e ela bufa.
- Por nada grosso! - ela diz cruzando os braços.
- Deveria agradecer? Sério? Pelo quê exatamente? - digo e ela agarra meu braço, me obrigando a parar e quase me desequilibro com a muleta.
- Acabei de te tirar da cadeia e provavelmente sua mãe te ofereceu algo em troca da sua aceitação e me desculpa por causar tanto alvoroço na sua vida ainda estou me acostumando com o fato de ser sem graça, insuportável e mimada! - ela parece magoada e suspiro "Ela voltou Dimitry! Plano novamente em ação, seja gentil!"
- Obrigado! - meu tom de voz é seco e frio, porém foi o máximo que consegui no momento.
Volto a caminhar e encontro meu bebê estacionado e Ney está me esperando.
- Falou com meu motorista?
- Sua mãe falou ela se preocupa com você apesar de seu humor ser um merda! - olho para ela e ergo uma sobrancelha.
- Mais formalidade em seu vocabulário seria algo apropriado! - ela cora e sei que deve estar se sentindo novamente como uma inútil e como a garotinha do papai.
Chego ao meu carro e pego as chaves de Ney, ele me entrega e se retira, vejo ao longe uma vã preta e creio que ele veio com alguma equipe de segurança.
Entro e a garota entra pelo lado do passageiro, admito que na verdade gostaria que Karoline estivesse sentada no lugar dela, aliás estou precisando dela muito mais do que uma simples cuidadora, ou seja lá como que ela gosta de ser definida, e neste momento, ela não tem nada a me oferecer.
Ligo o Bugatti e creio que logo meu conversível estará novamente no comando, apesar que prefiro o Bugatti, talvez eu possa presentear Karoline com meu conversível pela disponibilidade para me satisfazer, mas prefiro pensar nisso depois, pois não estou conseguindo assimilar o fato de ter que compartilhar minha vida e meu passado com essa estranha e louca alucinada.
Dou partida e seguimos para meu apartamento, creio que terei que enviar um pedido decente de desculpas para o gerente do hotel ou oferecer uma boa recompensa para que ele simplesmente esqueça o ocorrido, apesar que tenho certeza que amanhã meu lindo rostinho estará estampado nas manchetes do jornal, como o multi-milionário com humor duvidoso.
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Abominável - A lei da Atração
RomanceTantas pessoas no mundo e sempre caímos na labia do lobo mal... "Existe uma pequena linha tênue entre o ódio e o amor!" "Existem pessoas que diriam que sou louco, mas prefiro acreditar na teoria de que sou apenas um excêntrico rico em busca de uma n...