Pego a toalha e levo ao banheiro, seco seu corpo e puxo ela para o quarto. Procuro em suas roupas algo confortável e escolho um vestido branco de alcinhas. Visto ela e coloco sua calcinha, deito ela na cama. Me troco, visto apenas uma bermuda preta e me sento na cama. Ela fecha os olhos e adormece novamente em meu colo.
"Que merda você fez Dimitry! "
Saio da cama cuidadosamente e resolvo pegar algo para ela comer, desço as escadas e saio na cozinha.
- Dona Clarice, me arruma um prato com a refeição e um copo de suco. - ela assente.
- Cadê sua namorada? - engulo seco.
- Ela não é minha namorada é apenas a filha do meu psiquiatra... - dona Clarice ri.
- E quando pretende pedir ela em namoro? - espremo a boca em uma linha fina.
- Não posso fazer isso... - digo relembrando o que aconteceu no escritório quando ela acordou.
- Por quê? Parecem se dar tão bem! - nego com a cabeça, dona Clarice me entrega um prato de comida e o suco.
- Pode colocar em uma bandeja para mim? é que vou levar para Vitória. - Dona Clarice franze o cenho.
- Ela está bem?
-Fiz algo pelo qual me arrependi, creio... - meus sentimentos estão misturados e não sei definir se é arrependimento - Quero me desculpar. - ela levanta as sobrancelhas.
- Ó! - ela entende tão rápido que imagino se está tão na cara que transamos - Por que seu rosto está ferido? - Acaricio o lado que ganhei um tapa e um soco, a pele está bem irritada.
- Levei um soco! E um tapa... - ela cora. "Não dessa forma! Que senhora mais assanhada!"
Vou até a varanda com o prato e peço para o doutor colocar alguns pedaços de carne no prato, ele me olha por um instante e coloca.
- Aconteceu algo?
- Prefiro não comentar... - ele assente.
- Cadê ela, não vai descer? - Joshua pergunta me fuzilando.
- Vou levar comida para ela, não se preocupe, se ela precisar de você,ela chama! - digo e pisco para ele, saio da varanda.
Coloco tudo na bandeja e subo. Chego no quarto e deixo a bandeja no cantinho no criado mudo.
- Vitória... - ela acorda assustada. Se senta na cama.
- Você... - ela franze o cenho, com cuidado pego e entrego a bandeja para ela, ela começa a comer. Fico quieto observando e me sentindo um pouco mal.
- Não é o suficiente, mas creio que posso conseguir me desculpar em algum momento. - ela pausa seu almoço.
- Não estou com raiva de você, apenas... - ela dá de ombros - Foi inesperado e um pouco assustador. - ela me olha por alguns instantes - Só queria entender o porquê de querer fazer essas coisas... Porque gostar de machucar alguém... - ela volta a comer.
Não digo nada, apenas observo ela comer.
Quando ela termina coloco de volta no criado mudo e me levanto.
- Não quer descer? - pergunto.
- Não... prefiro ficar aqui, não quero ficar perto de ninguém... - Assinto.
- Ok! - saio do quarto e vou para a varanda.
Me sento no mesmo lugar que mais cedo, todos estão se divertindo , mas não consigo diante do ocorrido. Depois de alguns minutos me levanto e vou na cozinha fuçar as panelas.
- Quer que faça algo para você? As crianças já comeram... - Pego um prato e me sirvo de mandioca e vinagrete.
- Não vou comer muito, meu estômago não está muito bom ultimamente. - ela assente, me sento no banco do balcão e como por ali.
Depois vou para a sala assistir um pouco de TV, assim que dá a hora de fazer a radioterapia sigo para a academia. A enfermeira auxilia tudo e quando saio do aparelho me sinto um pouco debilitado. Respiro fundo. As moças que ficaram para limpar a casa chegaram e já fazem seus serviços, uma delas esta lavando roupa. Creio que as outras duas estão organizando a casa.
O restante do dia corre normalmente, sem muita coisa para fazer. Quando são umas sete horas da noite Vitória desce, estamos todos assistindo TV e ela se senta ao lado de Joshua. Sinto minhas mãos coçando para arrancar ela de lá, mas não farei isso.
Ele segura a mão dela e sinto uma vontade imensa de socá-lo. "Que intimidade é essa!?"
Dona Clarice faz o jantar e vai para casa. Comemos todos na sala de jantar e ao final peço para as meninas se organizarem e arrumarem a cozinha, elas não reclamam e vão juntas.
Peço para os meninos me ajudarem a limpar o local da churrasqueira, nos encaminhamos para lá, mas enquanto tiro as grades sinto meu estômago revirar, corro para o prédio da academia que tem um banheiro e acabo vomitando tudo que comi. Ao sair do banheiro Arthur me encara.
- Achei que estava lá ainda, com os meninos...
- O que você tem? - ele segura minhas mãos que estão geladas.
- Estou bem! Só um mal estar... - ele nega com a cabeça.
- Está doente e algo me diz que é câncer...
- O que sabe sobre isso? - ele aponta para a máquina e depois para mim e solta minha mão.
- Minha mãe morreu disso... - engulo seco e me abaixo.
- Sabe... Às vezes perdemos algo por que já somos capazes de viver sem aquilo... - ele se entristece.
- Você vai morrer? - Nego com a cabeça.
- Não! Sou muito forte... - digo e me levanto - Não diga aos outros ainda... - ele assente.
Voltamos e terminamos de limpar a churrasqueira. Depois de tudo organizado, peço para eles tomarem seus banhos e ir dormir.
Quando todos já estão deitados confiro os quartos e dou Boa noite a cada um, sigo para o quarto e encontro Vitória quieta, sei que ela ainda não dormiu, mas não irei incomodar.
Me deito e penso no quanto ela deve estar chateada, resolvo puxar ela para perto, agarro sua barriga e puxo ela para bem perto de mim, descanso meu braço por cima dela e entrelaço minha mão com a dela.
- Você está bem? - ela pergunta.
- Estou... - digo cheirando sua nuca, não me lembro da última vez que dormi assim tão próximo e sem intenções com alguém.
Seu calor me aquece e acabo adormecendo rapidamente.
Sua presença evita meus pesadelos.
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Abominável - A lei da Atração
RomanceTantas pessoas no mundo e sempre caímos na labia do lobo mal... "Existe uma pequena linha tênue entre o ódio e o amor!" "Existem pessoas que diriam que sou louco, mas prefiro acreditar na teoria de que sou apenas um excêntrico rico em busca de uma n...