Capítulo 76

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Pego a toalha e levo ao banheiro, seco seu corpo e puxo ela para o quarto. Procuro em suas roupas algo confortável e escolho um vestido branco de alcinhas. Visto ela e coloco sua calcinha, deito ela na cama. Me troco, visto apenas uma bermuda preta e me sento na cama. Ela fecha os olhos e adormece novamente em meu colo.

"Que merda você fez Dimitry! "

Saio da cama cuidadosamente e resolvo pegar algo para ela comer, desço as escadas e saio na cozinha.

- Dona Clarice, me arruma um prato com a refeição e um copo de suco. - ela assente.

- Cadê sua namorada? - engulo seco.

- Ela não é minha namorada é apenas a filha do meu psiquiatra... - dona Clarice ri.

- E quando pretende pedir ela em namoro? - espremo a boca em uma linha fina.

- Não posso fazer isso... - digo relembrando o que aconteceu no escritório quando ela acordou.

- Por quê? Parecem se dar tão bem! - nego com a cabeça, dona Clarice me entrega um prato de comida e o suco.

- Pode colocar em uma bandeja para mim? é que vou levar para Vitória. - Dona Clarice franze o cenho.

- Ela está bem?

-Fiz algo pelo qual me arrependi, creio... - meus sentimentos estão misturados e não sei definir se é arrependimento - Quero me desculpar. - ela levanta as sobrancelhas.

- Ó! - ela entende tão rápido que imagino se está tão na cara que transamos - Por que seu rosto está ferido? - Acaricio o lado que ganhei um tapa e um soco, a pele está bem irritada.

- Levei um soco! E um tapa... - ela cora. "Não dessa forma! Que senhora mais assanhada!"

Vou até a varanda com o prato e peço para o doutor colocar alguns pedaços de carne no prato, ele me olha por um instante e coloca.

- Aconteceu algo?

- Prefiro não comentar... - ele assente.

- Cadê ela, não vai descer? - Joshua pergunta me fuzilando.

- Vou levar comida para ela, não se preocupe, se ela precisar de você,ela chama! - digo e pisco para ele, saio da varanda.

Coloco tudo na bandeja e subo. Chego no quarto e deixo a bandeja no cantinho no criado mudo.

- Vitória... - ela acorda assustada. Se senta na cama.

- Você... - ela franze o cenho, com cuidado pego e entrego a bandeja para ela, ela começa a comer. Fico quieto observando e me sentindo um pouco mal.

- Não é o suficiente, mas creio que posso conseguir me desculpar em algum momento. - ela pausa seu almoço.

- Não estou com raiva de você, apenas... - ela dá de ombros - Foi inesperado e um pouco assustador. - ela me olha por alguns instantes - Só queria entender o porquê de querer fazer essas coisas... Porque gostar de machucar alguém... - ela volta a comer.

Não digo nada, apenas observo ela comer.

Quando ela termina coloco de volta no criado mudo e me levanto.

- Não quer descer? - pergunto.

- Não... prefiro ficar aqui, não quero ficar perto de ninguém... - Assinto.

- Ok! - saio do quarto e vou para a varanda.

Me sento no mesmo lugar que mais cedo, todos estão se divertindo , mas não consigo diante do ocorrido. Depois de alguns minutos me levanto e vou na cozinha fuçar as panelas.

- Quer que faça algo para você? As crianças já comeram... - Pego um prato e me sirvo de mandioca e vinagrete.

- Não vou comer muito, meu estômago não está muito bom ultimamente. - ela assente, me sento no banco do balcão e como por ali.

Depois vou para a sala assistir um pouco de TV, assim que dá a hora de fazer a radioterapia sigo para a academia. A enfermeira auxilia tudo e quando saio do aparelho me sinto um pouco debilitado. Respiro fundo. As moças que ficaram para limpar a casa chegaram e já fazem seus serviços, uma delas esta lavando roupa. Creio que as outras duas estão organizando a casa.

O restante do dia corre normalmente, sem muita coisa para fazer. Quando são umas sete horas da noite Vitória desce, estamos todos assistindo TV e ela se senta ao lado de Joshua. Sinto minhas mãos coçando para arrancar ela de lá, mas não farei isso.

Ele segura a mão dela e sinto uma vontade imensa de socá-lo. "Que intimidade é essa!?"

Dona Clarice faz o jantar e vai para casa. Comemos todos na sala de jantar e ao final peço para as meninas se organizarem e arrumarem a cozinha, elas não reclamam e vão juntas.

Peço para os meninos me ajudarem a limpar o local da churrasqueira, nos encaminhamos para lá, mas enquanto tiro as grades sinto meu estômago revirar, corro para o prédio da academia que tem um banheiro e acabo vomitando tudo que comi. Ao sair do banheiro Arthur me encara.

- Achei que estava lá ainda, com os meninos...

- O que você tem? - ele segura minhas mãos que estão geladas.

- Estou bem! Só um mal estar... - ele nega com a cabeça.

- Está doente e algo me diz que é câncer...

- O que sabe sobre isso? - ele aponta para a máquina e depois para mim e solta minha mão.

- Minha mãe morreu disso... - engulo seco e me abaixo.

- Sabe... Às vezes perdemos algo por que já somos capazes de viver sem aquilo... - ele se entristece.

- Você vai morrer? - Nego com a cabeça.

- Não! Sou muito forte... - digo e me levanto - Não diga aos outros ainda... - ele assente.

Voltamos e terminamos de limpar a churrasqueira. Depois de tudo organizado, peço para eles tomarem seus banhos e ir dormir.

Quando todos já estão deitados confiro os quartos e dou Boa noite a cada um, sigo para o quarto e encontro Vitória quieta, sei que ela ainda não dormiu, mas não irei incomodar.

Me deito e penso no quanto ela deve estar chateada, resolvo puxar ela para perto, agarro sua barriga e puxo ela para bem perto de mim, descanso meu braço por cima dela e entrelaço minha mão com a dela.

- Você está bem? - ela pergunta.

- Estou... - digo cheirando sua nuca, não me lembro da última vez que dormi assim tão próximo e sem intenções com alguém.

Seu calor me aquece e acabo adormecendo rapidamente.

Sua presença evita meus pesadelos.

Abominável - A lei da AtraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora