Capítulo 69

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"A bruxa está me prendendo no quarto com ela e não consigo abrir a porta. Tento e tento, mas ela não deixa eu sair.

- Vou te pegar! - ela cantarola e choro.

- Não!  - digo e corro pelo quarto na tentativa dela não me alcançar,  seco as lágrimas - Mamãe!  - grito com toda a força que tenho, mas mamãe não me escuta, subo em cima da cama - Fica longe de mim! - soluço e limpo o nariz, ela ri alto.

- Ninguém te escuta Dimitry!  Ninguém vai te ajudar! Você vai morrer sozinho!  Vai acabar morrendo sem amor! Ninguém te ama... - "Para bruxa feia!" Choramingo.

- Ama Sim! Minha mam...

- Calado! - me assusto e respiro irregularmente - Ninguém te ama! - a voz dela vai mudando e ficando cada vez mais assustadora, de repente ela se transforma em papai.

- Não, não, não, não! Ele não!  - me encolho no canto da cama e não olho para cima, mas papai gargalha alto e sei que ele está se aproximando.

- Você foi um mal menino! -"Não fiz nada papai!"

- Mas eu me comportei! Eu juro! - Ele ele agarra meu bracinho e olho para cima, ele pega as algemas que usa com a bruxa  e me prende na cama.  - Para papai! Não machuque eu! Não mais! - ele não me escuta e prende o outro bracinho. Vejo ele puxar o cinto e fecho os olhos. Ele acerta a cinta em minhas costas e grito de dor.

A dor é insuportável,  sinto as algemas ficando apertadas e minha voz engrossando, mas ainda sinto as chicotadas da cinta. De repente as algema se quebram e ouço as gargalhadas da vadia e do crápula juntas.

- Dimitry! - a voz é  doce, mas não sei de quem é, enquanto sinto a maldita presença dos dois - Me escuta, acorda! - a voz... - Dimitry fala comigo!  - a voz... A voz é  de Vitória.  Abro os olhos e vejo ela parada na minha frente em pé. "Estou delirando..."

- Dimitry, fala comigo, por favor! - a voz chorosa me obriga a abrir os olhos e percebo que estou de barriga para cima, a primeira coisa que vejo é  o teto, sinto uma respiração quente no ouvido e uma mão acaricia meus cabelos, a mesma mão  que acaricia meus cabelos está por cima de mim como um manto.

Sorrio e sinto um alívio imenso por sair da tortura que estava, instintivamente me viro de lado e sorrio mais amplamente ao ver Vitória de olhos fechados e chorando, ela percebe que me movi e abre os olhos.

- Ó meu Deus!  Você acordou! - ela se joga por cima de mim e me aperta. Cerro  os dentes, pois ela acaba apertando um pouco a sutura.

- Estou bem, obrigado!  - digo forçando ela a me soltar.

- Eu fiquei desesperada... - ela seca as lágrimas e se senta, me esforço para sentar e me sinto exausto, a próxima  frase dela é  como um sussurro e não entendo bem - Achei que tinha te perdido. - seguro a mão dela.

- Estou bem, graças a você. - ela me olha com confusão.

- Na-não entendi...

- Se não estivesse me chamando, creio que não acordaria daquela merda agora! - ela sorri e me dá um beijo na bochecha " Que ataque de carinho é  esse? Está me assustando!"

- Não faça mais Isso! - gargalho.

- Colocarei na minha lista. - Me esforço para levantar e com dificuldade consigo ficar de pé - Vou tomar um banho e volto depois, pode ser? - ela assente.

-Ficarei aqui! - dou de ombros e pego uma cueca, alcanço minha calça moletom e agarro a toalha dela. - Ei! Essa toalha é  minha! - sigo  para o banheiro.

- A minha esta suja de sangue, vou usar a sua! Relaxa, sou completamente saudável. - entro para o banheiro e escuto ela antes de fechar a porta.

- Dimitry!  Devolve agora! - tranco a porta e tomo meu banho para tirar todo o sinal do episódio assustador. Após me desinfectar do que senti, pego a escova na pia e escovo meus dentes, passo a mão nos cabelos e dou uma conferida no ferimento pelo espelho.

Saio do banheiro e encontro Vitória de braços cruzados do lado da porta.

- Sua toalha, é toda sua. - ela me encara com uma carranca.

- Não sei se posso dizer o mesmo! - ela agarra a toalha e entra para o banheiro - Vou tomar um banho, todos estão esperando pelo jantar, as crianças já estão quase todas banhadas e os quartos estão quase todos mobiliados, creio que até nove horas tudo estará certinho. Coloquei uma cama de casal e uma de solteiro em um dos quartos de hóspede, nos outros tem uma cama de casal apenas. - Assinto.

- Ok! Pensei em pedir uma pizza e encerrarmos a noite assistindo uma comédia la no cinema. - ela quer sorrir, mas se mantém firme com a cara fechada.

- Gosto da idéia ... - ela fecha a porta e me viro. "Gosto da idéia? É  ótima essa idéia, muito melhor do que imaginei que poderia fazer!"

Me deito na cama e fico pensando um pouco, alguém bate a porta.

- Entre! - as crianças entram, as dez. Fico confuso - Olá... - Meu tom de voz é  desconfiado.

- Queríamos saber se estava bem? - Tereza diz.

- Raone nos encorajou a vir e eu bati na porta! - Alan complementa. Sorrio e aponto para a cama.

- Sentem-se aqui... - eles se aproximam e Raone corre para meu lado tocando de leve a sutura. Melissa aponta para o ferimento.

- Dói? - Assinto.

- Posso tocar também? - Carolina pergunta e decido pregar uma peça nela.

- Quer tocar o ferimento ou meu abdômen?  - ela cora e todos riem, estendo a mão - Me dá sua mão... - ela se aproxima, pego a mão dela e passo de leve em cima dos pontos.

- É  estranho...

-Médicos fazem isso e salvam vidas... - ela sorri.

-Quero ser médica um dia... - solto a mão dela.

- Será! - Todos nós  olhamos para a porta do banheiro quando ela se abre e Vitória  sai do banheiro do só de toalha cantarolando e acabamos rindo quando ela volta apressada para o banheiro, toda sem graça - Desçam  e avise aos outros que teremos pizza no jantar, escolham um filme para assistirmos na sala de cinema.

Abominável - A lei da AtraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora