"A bruxa está me prendendo no quarto com ela e não consigo abrir a porta. Tento e tento, mas ela não deixa eu sair.
- Vou te pegar! - ela cantarola e choro.
- Não! - digo e corro pelo quarto na tentativa dela não me alcançar, seco as lágrimas - Mamãe! - grito com toda a força que tenho, mas mamãe não me escuta, subo em cima da cama - Fica longe de mim! - soluço e limpo o nariz, ela ri alto.
- Ninguém te escuta Dimitry! Ninguém vai te ajudar! Você vai morrer sozinho! Vai acabar morrendo sem amor! Ninguém te ama... - "Para bruxa feia!" Choramingo.
- Ama Sim! Minha mam...
- Calado! - me assusto e respiro irregularmente - Ninguém te ama! - a voz dela vai mudando e ficando cada vez mais assustadora, de repente ela se transforma em papai.
- Não, não, não, não! Ele não! - me encolho no canto da cama e não olho para cima, mas papai gargalha alto e sei que ele está se aproximando.
- Você foi um mal menino! -"Não fiz nada papai!"
- Mas eu me comportei! Eu juro! - Ele ele agarra meu bracinho e olho para cima, ele pega as algemas que usa com a bruxa e me prende na cama. - Para papai! Não machuque eu! Não mais! - ele não me escuta e prende o outro bracinho. Vejo ele puxar o cinto e fecho os olhos. Ele acerta a cinta em minhas costas e grito de dor.
A dor é insuportável, sinto as algemas ficando apertadas e minha voz engrossando, mas ainda sinto as chicotadas da cinta. De repente as algema se quebram e ouço as gargalhadas da vadia e do crápula juntas.
- Dimitry! - a voz é doce, mas não sei de quem é, enquanto sinto a maldita presença dos dois - Me escuta, acorda! - a voz... - Dimitry fala comigo! - a voz... A voz é de Vitória. Abro os olhos e vejo ela parada na minha frente em pé. "Estou delirando..."
- Dimitry, fala comigo, por favor! - a voz chorosa me obriga a abrir os olhos e percebo que estou de barriga para cima, a primeira coisa que vejo é o teto, sinto uma respiração quente no ouvido e uma mão acaricia meus cabelos, a mesma mão que acaricia meus cabelos está por cima de mim como um manto.
Sorrio e sinto um alívio imenso por sair da tortura que estava, instintivamente me viro de lado e sorrio mais amplamente ao ver Vitória de olhos fechados e chorando, ela percebe que me movi e abre os olhos.
- Ó meu Deus! Você acordou! - ela se joga por cima de mim e me aperta. Cerro os dentes, pois ela acaba apertando um pouco a sutura.
- Estou bem, obrigado! - digo forçando ela a me soltar.
- Eu fiquei desesperada... - ela seca as lágrimas e se senta, me esforço para sentar e me sinto exausto, a próxima frase dela é como um sussurro e não entendo bem - Achei que tinha te perdido. - seguro a mão dela.
- Estou bem, graças a você. - ela me olha com confusão.
- Na-não entendi...
- Se não estivesse me chamando, creio que não acordaria daquela merda agora! - ela sorri e me dá um beijo na bochecha " Que ataque de carinho é esse? Está me assustando!"
- Não faça mais Isso! - gargalho.
- Colocarei na minha lista. - Me esforço para levantar e com dificuldade consigo ficar de pé - Vou tomar um banho e volto depois, pode ser? - ela assente.
-Ficarei aqui! - dou de ombros e pego uma cueca, alcanço minha calça moletom e agarro a toalha dela. - Ei! Essa toalha é minha! - sigo para o banheiro.
- A minha esta suja de sangue, vou usar a sua! Relaxa, sou completamente saudável. - entro para o banheiro e escuto ela antes de fechar a porta.
- Dimitry! Devolve agora! - tranco a porta e tomo meu banho para tirar todo o sinal do episódio assustador. Após me desinfectar do que senti, pego a escova na pia e escovo meus dentes, passo a mão nos cabelos e dou uma conferida no ferimento pelo espelho.
Saio do banheiro e encontro Vitória de braços cruzados do lado da porta.
- Sua toalha, é toda sua. - ela me encara com uma carranca.
- Não sei se posso dizer o mesmo! - ela agarra a toalha e entra para o banheiro - Vou tomar um banho, todos estão esperando pelo jantar, as crianças já estão quase todas banhadas e os quartos estão quase todos mobiliados, creio que até nove horas tudo estará certinho. Coloquei uma cama de casal e uma de solteiro em um dos quartos de hóspede, nos outros tem uma cama de casal apenas. - Assinto.
- Ok! Pensei em pedir uma pizza e encerrarmos a noite assistindo uma comédia la no cinema. - ela quer sorrir, mas se mantém firme com a cara fechada.
- Gosto da idéia ... - ela fecha a porta e me viro. "Gosto da idéia? É ótima essa idéia, muito melhor do que imaginei que poderia fazer!"
Me deito na cama e fico pensando um pouco, alguém bate a porta.
- Entre! - as crianças entram, as dez. Fico confuso - Olá... - Meu tom de voz é desconfiado.
- Queríamos saber se estava bem? - Tereza diz.
- Raone nos encorajou a vir e eu bati na porta! - Alan complementa. Sorrio e aponto para a cama.
- Sentem-se aqui... - eles se aproximam e Raone corre para meu lado tocando de leve a sutura. Melissa aponta para o ferimento.
- Dói? - Assinto.
- Posso tocar também? - Carolina pergunta e decido pregar uma peça nela.
- Quer tocar o ferimento ou meu abdômen? - ela cora e todos riem, estendo a mão - Me dá sua mão... - ela se aproxima, pego a mão dela e passo de leve em cima dos pontos.
- É estranho...
-Médicos fazem isso e salvam vidas... - ela sorri.
-Quero ser médica um dia... - solto a mão dela.
- Será! - Todos nós olhamos para a porta do banheiro quando ela se abre e Vitória sai do banheiro do só de toalha cantarolando e acabamos rindo quando ela volta apressada para o banheiro, toda sem graça - Desçam e avise aos outros que teremos pizza no jantar, escolham um filme para assistirmos na sala de cinema.
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Abominável - A lei da Atração
RomanceTantas pessoas no mundo e sempre caímos na labia do lobo mal... "Existe uma pequena linha tênue entre o ódio e o amor!" "Existem pessoas que diriam que sou louco, mas prefiro acreditar na teoria de que sou apenas um excêntrico rico em busca de uma n...