Capítulo 29

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Chegamos em casa e estou sentada no sofá a algumas horas, papai disse que eu não retornaria para lá, mas não faz diferença, sou maior de idade e faço o que bem entender.

Aliás me sinto responsável pelo acontecimento de mais cedo e torço para que a mãe dele convença ele de que sou necessária.

Em troca prometi tentar resgatar a parte boa de Dimitry. Ela disse que já tinha em mente algo que poderia fazer ele mudar de ideia.

Sim! Liguei para ela assim que cheguei em casa!

Observo cada detalhe da casa e em como gosto deste local, aqui é calmo e sereno e carrega toda a paz e harmonia do humor de mamãe.

Papai voltou trabalhar e eu acabo de ter a ideia de começar meu TCC. Corro pelas escadas e subo para meu quarto.

A cor é pastel e todos os móveis são brancos, o clima aqui dentro é agradável e nunca se torna pior ou melhor, sempre é neutro e agradável.

Ligo o computador de mesa em meu quarto e enquanto aguardo ele iniciar recolho meu notebook e coloco dentro de uma mochila.

Enquanto mexo dentro do guarda roupa procurando o mousse do notebook vejo quando cai minha carteira de habilitação, quase pulo e grito freneticamente, pois não acredito que encontrei ela, havia tanto tempo perdida que nem mesmo me lembro mais como se dirige. "Exagero!"

Recolho ela do chão e coloco no bolso do meu pijama, agradeço aos céus por dormir sempre de blusa e calça moletom, pois assim posso sair na rua sem sofrer tanta calúnia.

Sento na cadeira de frente para o computador e abro uma página do Word para começar meu TCC.

Passo o restante da manhã focada em minhas teorias e comparo sempre com o que aprendi durante esses anos de curso.

Por conta da família que venho, a universidade permitiu que eu fizesse o curso, depois entregasse meu TCC e já fizesse a apresentação, acredito que eles confiem fielmente em mim e minha responsabilidade.

Tendo essa facilidade decidi me apoiar em um estudo profundo sobre Dimitry, pois era o único relatório de papai que tinha pontas soltas e algumas conclusões não batiam com o que eu acreditava.

Segui meus instintos e decidi eu mesma colocar a prova meus conhecimentos, creio que valeu a pena, pois tenho certeza que ele não é um psicopata e nem sociopata, acredito que ele tenha adquirido traumas que estão aprisionados dentro dele e isso faz dele esse monstro todo.

Se comprovar minhas suspeitas terei um trabalho perfeito e baseado em tudo que deve ser, além disso foi uma avaliação já feita por papai e caso eu prove que ele está errado, já serei reconhecida antes mesmo de cumprir meus estudos.

Depois de uma manhã abarrotada de trabalho envio minhas primeiras palavras para o e-mail, assim, quando chegar no apartamento de Dimitry outra vez, poderei abrir e continuar meu trabalho pelo notebook.

Desligo o computador e desço com a mochila nas costas, infelizmente não achei o mousse do notebook, uma pena.

Caminho para a sala de jantar e vejo as serviçais colocando a mesa, fico feliz em ver novamente tudo em seu devido lugar, pois me lembro da reforma que foi feita e ainda não caiu a ficha que eles deixaram a sala de jantar exatamente igual quando era a antiga.

- Bom dia senhoras! - digo alegre e ajudo elas a colocarem a mesa.

Depois de tudo organizado, mamãe e papai se aproximam, me sento no lugar de sempre e nos servimos.

- Seu pai me contou que Dimitry lhe prendeu no quarto! É verdade?

- Foi por causa do meu sonambulismo, ele não é esse monstro todo! - defendo.

- Você não sabe o que diz Vitória! - papai vocifera.

- Garanto que sei mais do que o senhor! - digo em tom desafiador.

- Não! E creio que a pouca convivência que teve com ele já mexeu com seu cérebro, isso só prova que estou certo e você... - ele aponta para meu rosto - ...Está errada!

- É sempre assim não é? Sempre cheio da razão, sempre possui mais isso ou aquilo! Pare de achar que é o único com notório saber nesta casa! - digo em tom alterado.

- Parem já de discutir! Podemos ter um almoço em paz? - mamãe interrompe, decido deixar papai falar sozinho.

- Ele está lhe manipulando Vitória, não conhece os métodos de Dimitry ainda... Não quero que se machuque!

- Chega! Pare de querer controlar minha vida! - infelizmente meu gênio é mais forte que minha tentativa de ser legal.

Me levanto e saio da mesa com a mochila, ouço mamãe chamar, mas ignoro seu chamado. Saio de casa e caminho pela calçada, infelizmente o dia está quente e meu humor está borbulhando só que de raiva.

Caminho durante alguns minutos e paro em uma lanchonete, as pessoas me olham de forma questionadora, pois estou de moletom nesse calor.

- Boa tarde, poderia me vender um misto quente! - digo sorrindo.

- Cinco reais! - a voz da moça é insuportável e o preço é exorbitante.

- Nossa! Está bem caro né, não teria um descon...

- Vai querer ou não? - "Mal educada!"

- Por favor! - digo e procuro por alguns trocados em meus bolsos. Nada. Procuro na mochila e novamente nada.

Sorrio nervosamente para a moça.

- Sem dinheiro, sem lanche! - meu humor vai lá embaixo e saio pela porta da lanchonete decepcionada e com fome, já que não comi nada.

Arregaço as mangas do moletom e caminho morrendo de calor pela calçada, definitivamente não estou vestida adequadamente.

Caminho sem rumo durante alguns minutos e chego ao centro minutos depois, não estou nada contente e suando como se estivesse em uma sauna.

Vejo ao longe uma praça e caminho até ela, algo me surpreende, em frente a pracinha tem um restaurante e vejo que Dimitry está sentado conversando sorridente ao telefone.

Creio que essa é uma boa hora.

Caminho apressada e me sento na cadeira em frente a dele.

- Nossa, aqui poderia ter um ar condicionado né? - digo me abanando, Dimitry fala alguma palavra que não entendo e desliga o telefone.

Abominável - A lei da AtraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora