Capítulo 86

227 35 0
                                    

Acordo e imediatamente ruborizo. "Minha nossa!" Meu coração está super acelerado e olho para ele, seu corpo está manchado de vermelho em algumas partes e sei que não foi um pernilongo bomba que explodiu. Confesso ter ficado com medo, mas realmente foi bom.

Olho para minha barriga, os cortes são tão superficiais que não os sinto direito, mas terei que enfaixar a mão por pelo menos alguns dias.

Ainda não entendo seu jeito, mas estou extasiada com a possibilidade de estar sempre com ele. É bom. "Só espero não me arrepender!"

Me sento na cama e ele geme.

- Nããão! Não vá, que horas são? - ele pergunta. Me deito em cima dele com cuidado para não tocar a sutura e alcanço o celular, Dimitry me segura e acaricia meu cabelo, de certa forma ele gosta muito desse tipo de carinho.

- Precisamos levantar, já são nove horas! Ontem como todos dormiram cedo já devem estar acordados. - ele choraminga e agarra minha mão, observo ele. Lentamente leva meu dedo em sua boca e mordisca.

- Já que é assim precisa de um banho!

- Posso tomar banho sozinha. - ele faz sinal para que eu levante e me sento na cama. Ele olha para minha barriga e se aproxima passando o dedo onde marcou as linhas.

- Vou cuidar de você... Pode parecer besteira, mas vai arder um pouquinho, então vou me certificar que o prazer seja maior que a dor! - olho para ele confusa. "O quê?!" Meu olhar deve estar hilário, pois ele se levanta rindo - Vamos, vou te dar banho. - nego com a cabeça.

- Não, muito obrigada! Posso fazer isso sozinha. Estou preparada para a dor. - ele fica sério.

- Não vou repetir e se não for terei que te obrigar. - olho para ele assustada. Por que ele é assim, ele se aproxima e encurrala na cabeceira. - Vamos começar a te acalmar aqui então... - ele segura meu rosto e me beija.

***

-Com quantas pessoas já fez isso? -pergunto esperando que ele não me responda sinceramente. Ele termina de vestir a camisa e coloca o smoking.

- Com algumas, mas foi a primeira vez que me segurei para não passar dos limites. - ele termina de amarrar os sapatos.

- Como assim? - depois de pronto ele parece um príncipe.

- Eu não te mostrei o que faço ainda... - ele suspira - Quer ouvir um pouco mais antes de descer? - Assinto. - Bem... A vadia dormia apenas com meu pai a princípio, mas já se insinuava para mim. Lembro que ela me dava banho estando nua e aquilo era nada para mim, eu era um bebê, me lembro dela passar Mel nos seios e perguntava se eu queria mamar. - Não posso ouvir isso, ele... ele... ele sofreu abuso. Meu coração parece que vai sair pela boca, minhas maos estão suando frio, minha garganta está seca. "Por quê?" Meus olhos instantaneamente se enchem de lágrimas. - ...Me lembro que ela me dizia para toca-la entende. Eu não entendia o que estava acontecendo, mas fazia... - ele percebe e franze o cenho. - Não me olhe assim! - sua voz é dura.

- Não consigo aceitar que você tenha que ter passado por tudo sozinho. - seu olhar se torna frio.

- Se reagir dessa forma não terei coragem de contar! - sua voz é completamente fria e indiferente. respiro fundo e olho para ele tentando esconder meus sentimentos.

- Conte enquanto se sente bem, vou ouvir calada e imparcial! - Ele parece surpreso e solta um sorriso fraco.

- Bem... - ele tosse, respira e continua - Desculpe, ainda não estou bem. Como dizia... Ela me deixava no quarto e dizia que ia brincar com meu pai, depois que comecei a alcançar a maçaneta, maldito dia aliás... - ele ri amargamente - As coisas pioraram, comecei a apanhar do meu pai e sofrer abusos dele também. - ele faz cara de repulsa - Eu peguei os dois na cama, fui visto, sai correndo, mas não adiantou, naquele dia apanhei e fui obrigado a fazer coisas horríveis, não quero te dizer agora. - ele parece distante, parece outro homem.

"Para mim já é o suficiente!" Não suporto ouvir ele dizendo as coisas como não se fossem nada. Não consigo ver sua indiferença, quero bater nele por se demostrar tão forte mesmo tendo passado por coisas horríveis!

- ...Depois daquele dia andava apenas de blusa de frio para esconder as feridas de mamãe e fui ameaçado... - "É a primeira vez que escuto ele chamar ela de mamãe. " - ... Não tive coragem de dizer o que acontecia, o medo de acabar apanhando me torturava, aquele monstro me dizia que eu não tinha esperanças e que logo seria descartado como lixo. Aquela monstra começou a me assustar de verdade e eu não tinha mais a inocência de uma criança, então apenas obedecia. Ela me punia se eu não me portava bem. A punição dela era se juntar com o crápula e me fazer assistir aquelas cenas e depois eu era obrigado a fazer coisas inimagináveis para o velho e a bruxa. - ele parece não se sentir muito bem, me aproximo e toco suas mãos, suas mãos estão geladas. Alguém bate a porta. Olho para trás e Melany, a garota da limpeza aparece, Dimitry larga minhas mãos de uma vez, olho para ele confusa.

- Des-desculpa! Volto mais tarde... - ela sai fechando a porta e Dimitry abaixa a cabeça.

- Vamos descer, já está tarde. - ele passa por mim depressa e isso me magoa. Me machuca. Por que ele soltaria minha mão com a chegada dela, impossível ser alguma coisa.

"Deve ser só minha imaginação! "

Suspiro e me sento amuada na cama. Por que ele tinha que sofrer tanto. Começo a chorar desesperadamente e logo ligo para meu pai. "Desculpa Dimitry! Preciso dele agora, não sei o que fazer..." o telefone chama.

- Alô?

- Pai! - digo aos prantos.

- Vitória? O que houve? Não me diga que aquele imbecil fez algo para você.

- Não. Ele... Pai me ajuda! Ele passou por abusos sexuais quando criança e violência também... Eu... Eu... - O choro me impede de continuar.

- Calma Vitória! Está tudo bem... Fico feliz que ele tenha lhe contado, eu meio que já sabia, mas ele nunca se abriu, se ele se abriu para você, ouça ele e faça o seu melhor como pessoa e como profissional, eu acredito em você minha filha. - soluço.

- Pai...

- Espero que ele tenha conserto assim como você pensa... Deixo ele em suas mãos a partir de agora! - soluço.

- Obrigada, isso... isso é muito importante para mim. - ouço um suspiro e fungo o nariz.

- Eu te amo, sei que é capaz.

- Bem, eu vou desligar, não quero que ele me veja assim... Obrigada.

- Qualquer coisa não hesite em ligar, sinto muito por não poder falar tanto.

- Te entendo... Bom trabalho papai. Até mais.

- Até mais querida. - desligo e jogo o telefone na cama.

Abominável - A lei da AtraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora