Capítulo 46

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Estou me sentindo desnecessária neste lugar e realmente não quero sair com eles, principalmente pelo modo que Dimitry olha para ela, ele olha para ela com ternura e parece não se chatear com as palavras que ela diz, não se incomoda com as ofensas dela e nem retruca ela quando a digníssima falta com o respeito.

Aliás ela parece saber de muita coisa sobre ele, coisas demais, além do fato de que provavelmente dorme com ele "Ódio!"

Sinto um certo incômodo com ela por perto, apesar dela ser muito legal e extrovertida e tão... Francesa!

Sinto meu coração apertar e sei que jamais poderei competir com ela e todo seu charme próprio.

Minha auto-estima acaba de ser detonada e o resto de amor próprio que eu tinha se foi junto com ela.

- Acho que os dois poderiam parar de discutir certo? Aliás merecemos um almoço digno e pacífico! - ela sorri e acabo virando o rosto. "Por que ela tem que ser tão loira e bonita!?"

- Concordo, mas creio que seja impossível com a presença dela! - a voz de Dimitry é carregada de desprezo e sinto meu orgulho ferido e chutado como uma garrafa pet de 600 ml. Me levanto.

- Para mim chega! - vocifero e sinto lágrimas no meu olho e pela primeira vez estou me sentindo como uma criança estúpida e humilhada.

Saio pisando firme no chão e escuto Karoline repreender Dimitry e mandar ele vir atrás de mim, mas não faz diferença.

Caminho para fora do hotel e deixo as lágrimas caírem, sinto-me machucada e com o ego deformado, e tem sido assim desde que comecei a conviver com ele e me sinto mais idiota por amar o cara que me pisa, me humilha e nunca brinca comigo ou me trata pelo menos com um pouco de educação.

Ao contrário tem o humor estranho, sombrio e imprevisível. Me beija repentinamente e me olha como se eu fosse algo para ele e de repente o olhar se torna zombateiro e ele me trata com ódio e desprezo, como se eu fosse um bicho feio e sem graça.

Ele mesmo me disse isso, não é?

Sou apenas um bichinho feio e sem graça, começo a soluçar e caminho apressada pelas ruas, sinto um peso em meu coração e me odeio, realmente me odeio por deixar que minha vida saísse dos trilhos.

Quando estou atravessando por uma rua extremamente estreita sinto alguém puxar meu braço e instintivamente me apoio em seu peito, os braços me envolvem e me aperto contra o peito com força, os soluços saem alto e minhas lágrimas molham a camiseta branca.

Fico alguns minutos assim e me esqueço do tempo, é estranho, mas não quero abrir os olhos, tenho medo de ver o dono desse abraço e tenho mais medo ainda de confirmar que é Dimitry.

Não quero acreditar que seja e o gesto me fez tão bem que quero congelar este momento.

- Não deveria derramar uma lágrima por mim princesse, invés disso guarde-as e as transforme em ódio e repulsa! - a voz de Dimitry invade meus ouvidos e empurro ele com toda minha força.

Ele cambaleia e começa a gargalhar, meu olhar deve estar repleto de fúria.

- Você não se cansa de humilhar as pessoas a sua volta! Por que isso lhe causa tanto prazer?! Qual seu problema seu estúpido e arrogante?! - grito e algumas pessoas nos encaram, Dimitry revira os olhos e cruza os braços.

- Achei que estivesse tentando descobrir meu problema! - ele diz com desdém.

- Estava! Estou! - "Como ele consegue me deixar tão confusa!" - Espero que melhore logo e eu fique livre de todo seu veneno! - "Na verdade só quero ser correspondida!"

- Vamos voltar Vitória e pare de agir assim! Karoline quer que esteja conosco! - "Claro! Ele nunca estaria aqui por conta própria!"

- Não! Não quero! Não faço questão! - digo engolindo o choro e me forçando a ser forte como uma mulher madura.

- Quer que eu lhe peça desculpas!? - a última palavra dele é dita com desdém.

- Não! - digo e passo por ele com pressa "Aí que ótimo! A chave do meu apartamento está no apartamento dele!" Caminho sem rumo e decido que irei para uma pracinha que tem a algumas quadras do hotel.

Caminho e paro de chorar, "Se aquele monstro está achando que vai me afetar! Não! Não ainda!"

Caminho durante alguns minutos e passo em frente ao hotel, Karoline pula em minha frente e levo a mão no coração.

- Bom almoço, não irei! - digo e forço um sorriso, ela coloca as mãos na cintura.

- Não deixe as palavras dele ferir seu pobre coraçãozinho, você é tão bonita! - ela levanta a mão com uma leveza e delicadeza absurda, toca minha bochecha e seca uma lágrima furtiva, vejo seu olhar se dirigir para minhas costas e sinto um calafrio percorrer meu corpo.

Logo em seguida o carro que Dimitry usava encosta e desce o motorista, ele entrega as chaves para Dimitry.

- Obrigado Ney!

- Ao seu dispôr senhor Richards! Mas o senhor tem certeza que quer que eu mande seu carro para França? - pisco várias vezes, mas tento ignorar o fato dele estar querendo voltar para lá, invés disso me afasto e passo por Karoline apressada.

- Vitória! - a voz de Dimitry corta o ar e paro fechando os olhos e fechando as mãos em punho, me viro e olho para ele expressando toda a raiva que sinto, me sinto confusa quando vejo que Karoline se sentou no banco de trás e Dimitry caminha até mim.

Ele segura minha mão e me puxa, me leva ao outro lado e abre a porta do carro, entro e engulo seco "O que está acontecendo?"

Vejo ele entrar no carro e ele me encara, parece um tigre irado se segurando para não arrancar minha cabeça.

Abominável - A lei da AtraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora