Apoio sua nuca e beijo a garota com raiva, sinto o gosto dela nos meus lábios e mordisco seu lábio inferior.
- Se me ignorar novamente vou acabar te machucando! - digo ainda grudado em seu lábio.
Ela está me olhando com desejo invés de medo e minha raiva está crescendo dentro de mim.
Para não machucar a garota, afasto ela e passo a mão pelos cabelos, volto a fitar a janela e resisto ao ímpeto de fazer uma besteira, ao invés disso fecho minhas mãos machucadas em punho e aperto, isso faz com que a dor nelas aumente e elas fiquem latejando.
Seguimos o restante do caminho em silêncio, mas a presença da garota é muito forte e terei que fazer um esforço descomunal para não acabar descontando minha raiva nela.
Quando finalmente chegamos no hotel e me sento na cadeira de rodas ela me empurra.
- Nunca mais me beije! - ela vocifera.
- Foi tão ruim assim? - pergunto, mas na verdade sei que ela gostou, minha pergunta é apenas por obrigação.
- Sim! - a voz dela falha.
- Mentindo novamente Vitória! - Minha paciência está por um fio.
- Apenas... Apenas não se aproxime de mim! - ela diz, entramos no elevador.
- Não farei, da próxima vez você fará! - digo com frieza.
Ouço ela bufar, mas não diz nada.
Logo estamos no apartamento e Vitória me leva para o quarto.
- Boa noite! - ela diz com arrogância.
- Boa noite mon cher! - digo enquanto ela sai fechando a porta.
Me levanto e me dispo, tomando todo o cuidado para não perder o equilíbrio e cair, pois estou apoiado em apenas um pé só.
Pulo até meu guarda roupa e pego uma calça moletom larga, volto pulando e me sento na ponta da cama, depois de muito sacrifício consigo vestir a calça, me jogo para trás quase morrendo de cansaço.
Volto a me sentar e minutos depois estou de pé e caminhando para mais acima da cama, deito com cuidado e disco o número de Karoline.
- Bonne nuit cher! - digo sorrindo.
- Bonne nuit gentleman! - a voz dela é sonolenta.
- Lhe acordei? - pergunto.
- Não não... Na verdade sim, mas não importa!
- Estou ansioso pela sua chegada! Preciso de sua presença depressa!
- Deve estar bem tenso para recorrer a mim!
- Muito! - digo me lembrando da garota - Tenho que me distrair o mais rápido possível ou farei uma besteira...
- Quem é a nova victime?
- Vitória Tompson, filha do meu psiquiatra! - digo fitando o teto.
- Ó! Elle est jolie?
- Muito! Ela é esguia, tem cabelos longos... - me lembro do seu sorriso e logo perco o interesse - mas possui um bom humor detestável e um sorriso impregnado no rosto - digo com desprezo, Karoline ri.
- Ó mon amour, ela não sabe que sua alegria incomoda você! Creio que deve ser uma bobinha! - rio.
- É uma garota petulante! - digo com desdém.
- Imagino cher!
- Como foi sua tarde? - pergunto.
- Excellent mon amour! E como foi a sua?
- Estressante! - digo com frieza.
- Passou com Victória?
- Saímos para jantar, e ela não é uma boa companhia... Muito curiosa, muito insuportável! - digo.
- Já contou sobre seu passado?
- Não e nem irei, contei apenas sobre meu pai e a babá, mas ela não acreditou, nem faço questão que acredite já que continuará aqui... - digo.
- Não deveria sair contando para as pessoas cher!
- Fiz isso para me ver livre da garota, mas não deu em nada, então decidi me aproveitar da presença dela! - digo sentindo um frio percorrer meu estômago, isso me deixa extasiado e a vontade ir para o quarto da garota só aumenta.
- Toujours intelligente est pas, mon amour!
- A esperteza é um dos meus dons meu bem! - digo com altivez.
- Apesar que não gosto da ideia de lhe dividir! - a voz dela expressa raiva.
- Karoline, Karoline... Não tenha em mente que me terá para você! Nunca fui seu... - digo friamente.
- Eu sei cher, eu sei...
- Vou permitir que descanse... Tenha uma boa noite mon amour.
- Igualmente cher!
Desligo o telefone e continuo a fitar o teto, sempre intacto e estável, sinto um pouco de inveja da estabilidade dele.
***
Após horas rolando na cama decido levantar, meu sono não chega e a inquietação está me deixando louco.
Levanto e pulo em um pé só até a sala, sempre me apoiando nas coisas para não cair, pulo até a estante de livros e alcanço Dom casmurro, meu livro predileto.
A visão está complicada, pois a noite se faz presente e decido ligar a luz que fica sobre o balcão, pulo até o interruptor com o livro na mão e acendo.
Pulo até a banqueta e quase caio ao me sentar em uma, após uma luta desgastante consigo finalmente abrir o livro. Sinto vontade saber que horas são, mas só de imaginar que teria que pular até até meu quarto para pegar o celular na escrivaninha, perco o ânimo.
Invés disso, começo a ler a trama que sempre me faz chegar a uma conclusão diferente.
Me perco nas palavras escritas no livro e quase posso vivenciar o que está escrito, mas acordo dos meus devaneios ouvindo passos pela casa.
Olho para trás e dou de cara com a maluca da garota caminhando mansamente em minha direção. Acabo levando a mão no peito com o susto.
- Quer me matar do coração menina! - digo. Ela está alheia as minhas palavras, acabo achando estranho e aperto os olhos para ver melhor.
"Não! Não acredito! A garota é sonâmbula!"
Reviro os olhos "Era só o que faltava!"
Levanto da banqueta e seguro o rosto dela e definitivamente ela não está acordada. Pego em uma das mãos dela e começo a caminhar de volta para o quarto de hóspedes.
O caminho é complicado, pois minha perna é obrigada a suportar todo meu peso. Após alguns minutos estamos no quarto e ajudo ela a se deitar, sento na beirada da cama e cubro a garota.
- Quem é a babá agora? - pergunto em um sussurro.
Fico durante alguns minutos sentado ao lado dela, vigiando seus sonhos, ela dorme como um anjo, apesar de que quando anda pela casa se assemelha a um demônio.
Decido ir para meu quarto e deixar ela aqui, pego a chave do quarto e tranco a porta ao sair "Sairá quando eu acordar e vir abrir!" Melhor do que ficar andando pela meu apartamento como uma louca desvairada.
Pulo para meu quarto e me deito. Suspiro.
- Hora de dormir! - digo para mim mesmo e fecho os olhos tentando mais uma vez dormir.
Passando novamente para agradecer ao carinho e as leituras....
Obg meus amores :*
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Abominável - A lei da Atração
RomanceTantas pessoas no mundo e sempre caímos na labia do lobo mal... "Existe uma pequena linha tênue entre o ódio e o amor!" "Existem pessoas que diriam que sou louco, mas prefiro acreditar na teoria de que sou apenas um excêntrico rico em busca de uma n...