"Eu sempre tenho razão Dimitry! Agora você vai voltar a ser esse ser humano repugnante e sozinho!" Meu coração está acelerado e o medo de perdê-la está crescendo.
"Por que contei?" Sinto uma vontade enorme de me condenar por ter contado a ela. Agora só me resta suplicar para que ela não me deixe. Ela não se assustou quando disse que matei, mas sim quando disse o que senti. "Vai morrer sozinho para pagar pelos seus pecados!"
Não consigo soltar Vitória, tenho medo que ela fuja de mim, tenho medo que ela vá embora mesmo depois de dizer que a amo, mas talvez seja o fato de amar ela que assuste.
- Por favor me solta... Não consigo ficar... - a voz dela é tão amedrontada que aperto o abraço mais um pouco, se ela se for eu irei quebrar. O resto de bondade que tenho vai desaparecer. O resto de amor que possuo vai sumir. O restante de sanidade que tenho vai sucumbir.
- Eu imploro para que fique Vitória. - minha voz está trêmula e o calor do seu corpo ainda me trás segurança.
- Você é um monstro... - ela soluça e tenta se soltar. "Ela sabe quem você é! Ela sabe quem você é! " a bruxa ri e escondo meu rosto nos cabelos de Vitória. "Não me deixa!" Começo a suar gelado e sentir tudo o que sentia antes de conhecer Vitória. "Não me deixe! Não quero quebrar!"
Afrouxo o abraço e Vitória se levanta apressada, olho para o chão vazio e olho para minhas mãos, minha visão se confunde e hora ou outra posso ver o traço de sangue de todas as pessoas que maltratei. Ouço a risada da bruxa novamente e não quero olhar para cima e nem para os lados.
Meu primeiro medo é saber que Vitória se foi e o segundo medo é saber que a bruxa está aqui.
- Sinto muito... - a voz dela corta meu coração e olho para cima, sem que eu perceba escorre algo quente pelo meu rosto, quero negar que seja uma lágrima. "Não me deixe..." Vitória caminha para fora da sala de jantar e isso me suga todas as forças. Grito e me debruço no chão socando com todas as minhas forças. "Não me deixe..."
Grito novamente e acabo me desmanchando em um choro sentido, um choro de dor e abandono. Ouço a risada ensurdecedora da bruxa e sei que não tenho mais esperanças.
Fecho os olhos e deixo todas as coisas ruins chegarem, deixo toda a escuridão tomar conta de mim novamente. Deixo toda a droga que me persegue me engolir. "Eu avisei! Ninguém pode te amar. Você não merece amor. Monstro. Monstro. Monstro!"
Abro os olhos e seco as lágrimas que caem, me levanto e sinto-me vivo... ou morto ... novamente perdido.
Caminho escadas acima e ao chegar no quarto encontro Vitória falando no telefone.
- Sim, exatamente... Aguardo. Quanto tempo? Ok. Obrigada. Até mais. - fito ela por longos minutos e ela se coloca de pé. - Já pedi um táxi... - Seu olhar é tão indiferente que sinto uma pontada no peito. "Ela está realmente me deixando..."
- Se quisesse eu levaria você... - minha voz esta embargada e creio que meu rosto está inchado e vermelho.
- Não precisa... Não quero incomodar... - ela puxa a mala e passa por mim apressada. Meu coração de acelera novamente. Não suporto ver ela ir embora.
Alcanço ela e pego sua mala, desço as escadas com a mala e ao chegar no último degrau sinto meu mundo caindo. Sinto tudo caindo. Minha única luz está se apagando na minha frente e a única coisa que posso fazer é olhar.
Vitória pega a mala e puxa até a porta da frente.
- Obrigada pela ajuda... - ela me encara e começa a chorar novamente, meu olhar está inexpressivo e não consigo mais derramar uma lágrima sequer. Nada. - Vou ligar para sua mãe assim que amanhecer, avisarei a ela que não estou mais cuidando de você... - Não respondo, apenas observo suas últimas expressões, seus últimos gestos e tento gravar cada traço do seu rosto na minha cabeça. - Não me olha assim... - abaixo a cabeça e engulo seco. Fecho a mão em punhos e ouço passos na escada, olho para trás e vejo os olhos perplexos das crianças. Todas estão aqui. Abro as mãos e me mantenho firme, mesmo que comece a sentir tonturas. "Fraco! Você vai definhar até a morte Dimitry!" Ignoro as tonturas e me mantenho firme.
- Aonde vai Vitória? - Raone pergunta. Olho para Vitória e faço um gesto de não. Não quero que as crianças saibam. Ela me encara por alguns instantes.
- Surgiu um imprevisto, tenho que retornar agora para casa. - As crianças passam por mim e abraçam Vitória. Todas vão até Vitória menos Rafa. Sinto sua mão agarrar a minha, a tontura volta e me apoio na parede. Rafa aperta minha mão.
- Não deixa ela ir... - meu olhar continua inexpressivo.
- Se despede dela logo. - minha voz é completamente indiferente. Os olhos de Rafa ficam marejados. Fecho os olhos e sinto uma pontada na cabeça "Vai definhar Dimitry! "
Engulo seco. Abro os olhos e observo as crianças terminando de se despedir. Vitória olha para Rafa e seca uma lágrima. Rafa solta minha mão e dá um abraço nela. Sinto meu mundo escurecer completamente. Enquanto abraça Rafa, Vitória me encara. Ouço buzinas e Vitória se afasta saindo pela porta. As crianças saem para fora e sobro na sala.
Olho para minhas mãos e tudo roda. "Ela se foi!" Me abaixo no chão e apoio minhas mãos nos joelhos.
"Ela se foi!"
Passo a mão pelos cabelos e fecho os olhos, deixo as lágrimas tomarem conta novamente do meu rosto.
"Ela se foi!"
"Monstro! Eu sempre soube que era um Monstro!" "Me deixa em paz!" "Vai ser eternamente um monstro! Vai morrer sozinho!"
Me coloco de pé e tento controlar a respiração, a bruxa está no canto da sala me olhando. Caminho escadas a cima e sinto outra fisgada na cabeça.
Subo mais depressa e entro no quarto fechando a porta. "Ela se foi!"
Desmaio.
(Tenho algo a pedir para vocês leitores que acompanham Dimitry.
Vocês acham que ele merece viver e ser feliz
Ou ele ja pode morrer em paz?
Decidam bem, pois ele já sofreu muito e precisa de uma forma ou de outra descansar... )
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Abominável - A lei da Atração
RomanceTantas pessoas no mundo e sempre caímos na labia do lobo mal... "Existe uma pequena linha tênue entre o ódio e o amor!" "Existem pessoas que diriam que sou louco, mas prefiro acreditar na teoria de que sou apenas um excêntrico rico em busca de uma n...