Estaciono em frente a casa do senhor Tompson e buzino. Vejo a mesma senhora de idade vir abrir o portão, desço com elegância e sorrio.
Vejo seu olhar se escurecer e antes que ela feche o portão novamente, seguro com uma das mãos enfaixadas. Sinto uma pequena fisgada no braço, mas ignoro.
- Que indelicado minha senhora! Não se deve fechar portões na cara das pessoas! - digo me fingindo ofendido.
- Não é bem vindo aqui! - ela diz secamente. Entro para dentro do portão e fecho atrás de mim, vejo a senhora recuar passos para trás assustada - Gostaria que saísse de minha casa imediatamente! - sua voz está trêmula e sentir o medo dela tão próximo de mim, e sendo causado por mim, me deixa extasiado.
- Estou me auto convidando para um jantar - lanço um sorriso ameaçador.
- Não vamos dar um jantar para você! - ouço sua voz sair com desprezo.
- Ora! Não me chateie senhora, creio que não irá se agradar com meu mau humor! - digo rispidamente, ela abaixa a cabeça e segundos depois volta a levantar.
- Entre! Estamos esperando Vitória chegar da faculdade! - estalo os dedos e ela me olha confusa.
- Conheci sua filha hoje! - digo fingindo entusiasmo. Ela aperta os olhos em minha direção e caminha para dentro ignorando minhas palavras.
A casa está iluminada e estou esperando alguém vir fazer sala para mim, creio que não querem ficar tão próximos e imagino os motivos. Começo a rir sozinho imaginando o distanciamento deles.
Me recomponho assim que vejo senhor Tompson caminhar para a sala e se sentar no sofá de frente para o que estou.
- Olá meu querido psiquiatra! - digo cantarolando.
- Olá Dimitry! - sua voz sai extremamente rude.
- Vim compartilhar uma experiência com você! - digo colocando as mãos sobre o encosto do sofá.
- Bem... Já que serei obrigado a olhar seu rosto durante o restante da noite, pelo menos preciso fingir me interessar pelos seus assuntos. - maneio a cabeça.
- Realmente! - levanto uma mão e faço sinal como se fosse contar uma descoberta impressionante - Conheci sua filha! - digo sorrindo. Vejo o olhar dele se tornar sombrio.
- Está mentindo! - gesticulo um 'não' com o braço.
- Não! Deixe-me ver... - levo a mão ao queixo - Ela se chama Vitória Lima Tompson certo? - sorrio voltando a apoiar meu braço no encosto do sofá, o olhar de senhor Tompson se enche de fúria.
- Como sabe o nome dela? - me espanto e percebo que ele não sabe mesmo que ela esteve na minha empresa.
- Estava no currículo dela! - digo incrédulo.
- Minha filha não se aproximaria de um monstro como você! - seu tom é cheio de desprezo.
- Talvez devesse perguntar a ela hoje no nosso jantar - começo a gargalhar.
- Seu... Seu monstro! - ele cospe as palavras e finjo surpresa.
- Não imaginava que me visse dessa forma! - volto a garganta "Tão óbvio!"
- Por que está aqui Dimitry? - ele pergunta.
- Porque queria saber o motivo da sua adorada filha estar na minha empresa - digo secamente - Estar pedindo um emprego no meu escritório! - vocifero.
Ele me olha confuso e vejo que ele, na verdade, não sabia de nada.
- Ela não faria isso já disse! - ele diz com arrogância.
- Então peça para que ela explique sua conduta hoje no jantar. - dessa vez falo sério.
Ele me olha com desdém e vejo que ele não acredita em minhas palavras, solto uma risada amarga.
- Não acredita nas minhas palavras não é mesmo? Olha Tompson eu não quero ser grosseiro mais do que já estou sendo, então se puder simplesmente tentar manter um diálogo decente e me dizer o que sabe sobre o pedido de emprego que Vitória fez, seria maravilhoso. - ele me olha e espreme os olhos.
- Eu realmente não sabia desse pedido! - assinto.
- Ok! Esperamos Vitória para o jantar! Enquanto isso podemos falar de negócios. - sorrio e vejo ele revirar os olhos. - É muita falta de educação revirar os olhos assim. - gargalho e vejo um traço de alegria no rosto de senhor Tompson, realmente não gosto dessas alegrias repentinas, mas é a única forma de conseguir tornar minhas próximas uma hora e meia menos estranha.
Me acomodo no sofá e conversamos sobre vários assuntos, no começo vejo que o corpo de senhor Tompson está extremamente rígido e ele apresenta resistência sobre qualquer assunto que eu inicie.
Mas depois de um longo tempo conversando ele relaxa e se acalma parcialmente, pois ainda consigo notar sua desconfiança.
Em nenhum momento senhor Tompson mantém contato visual, ele sabe exatamente como se portar na minha presença, chega a ser desafiador tentar conversar com senhor Tompson.
Não consigo identificar seus sentimentos, sendo assim, é difícil manipular ele, pois não consigo olhar em seus olhos e muito menos gravar as reações antes que elas se desfaçam.
Suspiro e procuro não deixar isso se tornar um motivo para minha raiva transparecer, aliás ultimamente lembrar dos flashes repentinamente está me deixando com o humor consideravelmente pior.
Confiro o relógio e vejo que já passaram das dez da noite e a fome está tomando conta de mim "Essa garota está fazendo eu passar fome e isso está me deixando muito irritado!"
- Já era para ela ter chegado não é? - digo fingindo entusiasmo.
- Ela já deve estar... - a porta se abre e senhor Tompson para de falar.
Vitória entra na casa e vejo seu sorriso desaparecer quando ela me vê "Hora de esclarecer algumas coisas!" Me coloco de pé e caminho elegantemente para perto dela, seguro uma de suas mãos com minha mão enfaixada e levo a boca depositando um beijo.
Me afasto e vejo senhor Tompson me fulminar com o olhar. O rosto de Vitória esta paralisado em um imenso "Ó".
Lanço um sorriso sedutor e volto a me sentar no sofá.
- Vitória! - Senhor Tompson chama por ela, mas ela não tira os olhos de mim, nem se move, nem parece respirar. Encaro ela com a mesma intensidade e mantenho um sorriso sínico no rosto.
- Vitória! - senhor Tompson chama aos gritos, mas Vitória parece estar indiferente, resolvo eu mesmo quebrar o encanto dela ou diria surpresa.
- Acho que seu pai está te chamando Vitória! - digo categórico.
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Abominável - A lei da Atração
RomanceTantas pessoas no mundo e sempre caímos na labia do lobo mal... "Existe uma pequena linha tênue entre o ódio e o amor!" "Existem pessoas que diriam que sou louco, mas prefiro acreditar na teoria de que sou apenas um excêntrico rico em busca de uma n...