Acordo antes que se inicie mais um pesadelo e olho em volta, sinto uma sensação estranha e é como se tivesse sido protegido durante a noite toda, mas a proteção desapareceu e os sonhos ruins voltaram.
Olho em volta e estranhamente ainda sinto uma presença perto de mim. Franzo o cenho.
Me levanto e decido ir ver como a garota está dormindo, pego minhas muletas e caminho para o quarto, abro a porta com cuidado e observo a menina, ela dorme como um anjo e seu semblante está pacífico.
Entro e procuro uma camiseta em meu guarda-roupa, escolho uma branca com o desenho de uma caveira, simplesmente tenho um carinho especial por essa regata, inacreditavelmente ela consegue me deixar mais bonito.
Visto e saio do quarto em silêncio, aliás não quero acordar ela ainda, fecho a porta do quarto e vou direto para o interfone.
- Bom dia!
- Bom dia, gostaria de pedir para que trouxesse o café da manhã no apartamento 22 daqui uma hora...
- Sim senhor!
- Traga para três pessoas, por favor! - digo.
- Sim senhor, o café será levado daqui uma hora, até mais e muito obrigado! - o rapaz desliga e solto o botão do interfone.
Estou me sentindo estranhamente mais tranquilo essa manhã e isso é tão raro que começo a cogitar o que pode ser.
Talvez eu esteja mais tranquilo por conta da chegada de Karoline.
Resolvo ligar para Lys, mas como ainda é muito cedo, decido esperar para quando estiver na empresa.
Caminho lentamente a estante de livros e pego o livro idiota mais uma vez. Começo a folhear as páginas e continuo a leitura de onde parei, me sento no sofá e em menos de meia hora termino.
"Final muito clichê! Ruim para caramba!"
Me pergunto o por quê que os personagens sempre terminam juntos e casados, isso me irrita e sei que a vida real não é assim, então por que terminar sempre assim.
Simplesmente não gostei do livro e decido doar ele, talvez alguma garota goste dele. Decido entregar ele para a menina que trouxe comigo e que está em meu quarto, aliás ler é um bom hábito independente do que seja.
Sei que não adianta ligar para Karoline e que ela ainda está a caminho e estou entediado com a espera de alguém acordando.
Decido acordar a garota e caminho para o quarto deixando o livro sobre o sofá. Chegando ao quarto me sento na beirada da cama e cutuco a menina, não demora muito e ela abre os olhos.
- Bom dia! - meu bom dia sai como uma faca cortando o ar, pois realmente estou com o humor mais sombrio, apesar da noite bem dormida.
- Bom dia! - ela exclama e se senta na cama.
- Dormiu bem? - pergunto por obrigação e a pergunta sai estranha.
- Sim! - ela olha para os dedos e parece envergonhada - o senhor não precisa me pagar... - sua voz sai como uma miado.
- Vou pagar sim, aliás é seu ganha pão apesar de tudo! - digo indiferente.
Ela sai da cama e se coloca de pé.
- Obrigada! - ela parece muito grata e alegre, e pela a primeira vez a alegria de alguém não me irrita, na verdade saber que ela foi abusada quando pequena me deixa vulnerável e ver ela sorrindo me deixa com uma alegria estranha. Limpo a garganta
- Por nada! - digo.
Me levanto e nos retiramos do quarto, levo ela para o balcão e nos sentamos nas banquetas.
- Quero ajudar aquelas crianças! - digo e vejo ela me encarando boquiaberta "Pois é, sou bem direto!"
- A-a-ajudar? - ela gagueja.
- Sim! - digo com cordialmente - quero criar um espaço destinado para aquelas crianças saírem da vida que levam, terão oportunidades e serão bem tratadas! - digo indiferente.
- Nossa! Isso... Isso seria ótimo! - ela exclama e sorri animada "OK! Retiro o que disse! Alegria me enoja!"
- Ótimo, me leve para conhecer o lugar em que vivem, assim que tomarmos café iremos até o lugar em que elas estão! - digo e ela assente.
Me levanto e caminho até a sala com o auxílio das muletas, ela me segue com o olhar, mas não se levanta das banquetas, pego o livro e volto a me sentar na banqueta.
Estou de frente para ela, decidi mudar minha posição e tenho me sentado aqui a alguns dias, pois não me sinto confortável sentado do lado de Vitória e acabei inventando uma desculpa para me sentar de frente para ela.
No fim das contas prefiro assim, pois consigo olhar para ela com mais precisão. Deixo o livro em cima do balcão.
- Gosta de ler? - pergunto.
- Sim, mas não tenho muito o que ler e nem muito estudo, já que desde pequena vivo no mundo. - vejo sinceridade em suas palavras e sei que ela realmente está falando a verdade.
- Ótimo! - digo - Este livro é bem - faço aspas com as mãos - Fofo! - digo com desdém - Creio que vai gostar... - empurro para o lado dela e vejo seus olhos brilhando.
- Não posso aceitar moço! - ela diz admirando o livro. Reviro os olhos.
- Pega ele logo, senão vou queimar! - digo e ela pega ele apertando contra o peito e fechando os olhos, seu olhar está alegre demais e me sinto um pouco mais leve.
"OK! Talvez sorrisos não sejam tão ruins assim!"
Ela abre os olhos e eles estão marejados, se levanta e caminha em minha direção, me dá um abraço desengonçado e fico sem reação sendo abraçado.
- Obrigada! Deus lhe pague! - ela diz e me solta secando uma lágrima.
- Sem abraços! - digo com frieza e ela parece se lembrar de que não gosto e se senta na banqueta novamente.
- Aquela moça que estava no sofá é sua mulher? - ela pergunta curiosa, franzo o cenho "Não! O que te leva a pensar isso?!"
- Não! - digo rapidamente - ela é apenas minha cuidadora! - ela espreme os olhos e torce o nariz, e isso me irrita, bufo - O que é? - pergunto irritado.
- Ela parece gostar muito de você e você também sente algo por ela, talvez devessem conversar sobre isso... - reviro os olhos.
- A única coisa que quero dela é distância! - digo com desdém.
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Abominável - A lei da Atração
RomanceTantas pessoas no mundo e sempre caímos na labia do lobo mal... "Existe uma pequena linha tênue entre o ódio e o amor!" "Existem pessoas que diriam que sou louco, mas prefiro acreditar na teoria de que sou apenas um excêntrico rico em busca de uma n...