Capítulo 103

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Depois da festa sigo para casa e me deito pensando sobre várias coisas. Por um momento queria poder ver ele, tocar ele, senti-lo.

Adormeço pensando nele mais uma vez.

***

Acordo com toques na porta.

- Entra. - a porta de abre e mamãe aparece.

- Tem uma pessoa te esperando aí em baixo. - meu coração acelera "Será que é  ele?" Coloco um roupão correndo e mamãe ri. - Acordou animada! Que bom! - sorrio.

- Homem ou mulher? - meu coração parece querer saltar. O olhar dela se entristece. Meus movimentos aos poucos se tornam lentos.

- Não é  ele... - abaixo a cabeça.

- Hum... - digo e suspiro. "Claro que não!"

Desço as escadas apressada e encontro Melany  no andar de baixo.

- O que faz aqui? - pergunto confusa.

- Gostaria de trabalhar aqui se não se importa... - franzo o cenho e me pergunto como ela encontrou minha casa.

- Como sabe onde moro? - pergunto e indico o sofá para que ela se sente.

- Eu pedi para a dona Clarice. Ela sabe... - Assinto, me lembro de ter deixado meu número de telefone e meu endereço com ela, caso as crianças perguntassem por mim um dia.

- Entendo... Mas por que quer trabalhar aqui? - ela dá  de ombros.

- Você é  muito boa e eu preciso de emprego, pois saí da casa que Dimitry é  dono. Imaginei que poderia trabalhar aqui... - Ela junta as mãos  - Por favor, farei meu melhor.

- Bem... Se mamãe aceitar, converse com ela. - Ela assente. - Tenho um dia cheio, se me der licença. - Ela ela assente e saio da sala.

"Qual o problema dela!?" Tudo bem precisar de emprego, mas tinha que ser aqui em casa?

Me arrumo e desço. Mamãe sorri para mim.

- Contratei a menina. Creio que ela será uma mão na roda, e quem sabe ela não possa te animar. - sorrio fracamente.

- Não faça nada por mim mamãe. Estou bem. - digo e sigo para o escritório de papai. Recentemente tenho ajudado ele com seus papéis.

- Bom dia papai. - Ele se vira para mim e sorri.

- Olá querida. - Ele aponta uma prateleira. - Pegue meus exemplares de sociopatia. - me viro para a estante e recolho os três  exemplares.

- Paciente novo? - Ele assente.

- Dessa vez o caso é  grave, estou tentando decifrar a mente dele, esse caso é  um dos meus preferidos.  - me sento e observo ele trabalhar. Recolho as fotos em cima da mesa e me deparo com cenas horríveis.

- Nossa... O que é  isso? - aponto para as fotos.

- São órgãos queridas. - "Eu sei! Mas por que estão espalhados em uma mesa."

- Por que tantos? - Ele se concentra em um dos livros.

- Venda de órgãos para o mercado negro, pessoas desaparecidas e a mesma ligação com meu paciente, acredito  que ele esteja envolvido e pedi para investigar as digitais. Estou esperando um resultado. Se der positivo ele será preso em breve.

- Ó! -  deixo as fotos sobre a mesa e ajudo papai com as pesquisas. Passamos o resto da manhã fazendo isso, depois do almoço me sento na frente de casa, perto do meio fio, e fico refletindo meus melhores momentos com Dimitry. Sinto sua falta, mas ainda não consigo voltar.

Melany se senta ao meu lado e sorrio.

- Já terminou? - pergunto.

- Sim! A casa é  grande, mas bem menor que a casa das crianças. - sorrio.

- Que bom. Mas por que saiu? - pergunto.

- Quero ficar perto de Dimitry. - a resposta dela mexe comigo.

- Gosta dele? - pergunto.

- Bastante. Ele é  diferente de tudo que se pode existir. - franzo o cenho.

- Concordo, mas o que sabe sobre ser diferente? - Ela me encara e sorri.

- Ele me disse que te cortou. - Ela abaixa a cabeça. - Vou te contar algo, mas não diga nada a ele. - Assinto.

- Pode contar.

- A namorada dele não morreu daquela vez... Na verdade naquele dia uma garota morreu no mesmo prédio. As fotos da garota com o pescoço cortado não era a namorada dele, na verdade ela fugiu com a ajuda de uma arrumadeira, depois ela viu todo o julgamento dele, mas não interveio por que ele não iria gostar nada e ia maltratar ela por ela ter fugido. - engulo seco e meu coração acelera.

- Por que está me dizendo essas coisas?

- Porque estou viva. - pisco várias vezes. - Quando se separaram fiquei muito feliz e decidi que me esforçaria para ser como você.

- Você não pode ser... - Ela assente.

- Sou. - Ela tira as lentes revelando os olhos claros. - Pintei o cabelo e vim para o Brasil,  segui Dimitry  durante um tempo, mas perdi ele de vista. Como ele foi parar nos jornais anos depois resolvi me voluntariar para trabalhar onde ele era dono. - Meu peito quer explodir. "É  mentira!" Ele foi condenado por causa dela.

- Não pode ser... - Ela assente.

- Eles não queriam a liberdade de Dimitry,  por isso se contentaram em enterrar a moça como se fosse eu, sai da França, e por viver aqui durante tanto tempo aprendi o idioma. - nego com a cabeça e me levanto.

- Por que diabos deixou ele passar por tudo isso!? Ele acha que você está morta! Você fez ele sofrer muito sabia! Já não basta por tudo que ele passou quando criança. - meus olhos se enchem de lágrimas de novo.

- Calma. Estou aqui para consertar tudo e fazer ele feliz novamente... - entro em choque. "Ela pode fazer ele feliz!?" Engulo seco.

- Você quer fazer ele feliz? - pergunto.

- Sim. - Ela se levanta - Vai me ajudar não é?  - fico perplexa.  Preciso tomar um ar e pensar a respeito. Aliás tem uma "ex" morta na minha frente dizendo que quer se inspirar em mim e conquistar o homem que amo e fazer ele feliz. Coisa que eu não sou capaz.

Abaixo a cabeça e penso em como tenho deixado nossas vidas de cabeça para baixo e nada na vida dele teria mudado se não fosse eu ser egoísta e entrar na vida dele para me beneficiar.

Ao pensar em tudo o que aconteceu me dou conta que não sou o suficiente  para fazer ele feliz, e ela está aqui na minha frente disposta a tudo para fazer ele feliz.

Não posso ser egoísta  novamente.

Ele merece ser feliz.

- Vou te ajudar!

Abominável - A lei da AtraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora