Voltamos para a mesa e nosso avião é chamado. Nos despedimos de todos e seguimos para o avião. Minha mãe me acompanha até perto da sala de embarque.
- Creio que agora podemos deixar os dias seguirem sem culpa. - Assinto.
- Minha consciência me condena menos, pelo menos... - digo.
- Boa viagem querido... - abraço ela .
- Até algum dia Mãe. - digo. "Te amo."
Continuamos andando e Vitória nunca solta minha mão.
Embarcamos e seguimos viagem. A viagem vai bem e as três horas passam rápido o suficiente para logo estarmos embarcando novamente. E é nessa hora que sinto milhões de sentimentos e um deles me diz que agora é para valer e estou deixando todo meu passado para trás.
Para recomeçar talvez...
Senão for assim...
Foi bom enquanto durou.
É nesse momento que sinto que tirar os pés do chão, mesmo que seja para fazer uma viagem para outro país esteja me causando diversos sentimentos. Incluso o sentimento de alívio.
Talvez seja que a loucura que me segue fique menor e talvez, quem sabe, até mesmo os pesadelos poderiam ser deixados para trás . Seria maravilhoso poder simplesmente seguir em frente sem eles. Mesmo que as cicatrizes psicológicas continuem, sei que poderei suportá-las.
Depois de muito tempo dentro do avião, acordo com Vitória apertando minha mão.
- Dimitry... - reviro os olhos.
- Tem medo de altura? - pergunto.
- Turbulência! - depois de segundos, começa uma pequena turbulência. "Talvez não tão pequena."
- Está tudo bem... - Ela fecha os olhos e estico minhas mãos para segurar seu rosto. Ela abre os olhos e parece papel de tão branca. Ela assente e continua olhando para mim. Sorrio e acaricio sua mão para ela saber que estou por perto.
Depois de um tempo o avião se estabiliza e solto a mão dela. Acaricio sua barriga.
- Está tudo bem ai? - Vitória olha para a barriga e depois para mim. Olho de volta e ela sorri.
- Espero que nosso filho seja mais corajoso que eu, espero que tenha a coragem do pai. - sorrio.
- Não fique nervosa. Ainda está cicatrizando sua ferida e é melhor não passar tanto nervoso. - Ela assente e encosta o pescoço em meu ombro.
- Quando chovia e eu ficava assustada mamãe dizia para pensar em tudo que ocorria ao redor. Que nada me machucaria, porque a chuva na verdade, era papai do céu lavando a casa, os trovões eram os móveis sendo arrastados e os raios eram as faíscas divinas que cada móvel soltava antes de ser puxado. No fim eu sempre imaginei que a chuva era para limpar a sujeira do mundo. - ela suspira e aperto o maxilar.
- Sua versão sempre foi melhor que a minha. No meu caso, eu não tinha a quem recorrer, a maioria das chuvas eu passava assustado e imaginava que poderia entrar alguém em meu quarto, mas quando era noite, minha mãe vinha até o quarto e me contava sempre a mesma história. Que todas as chuvas eram precedentes de coisas boas. Que sem tormenta jamais veremos um Arco-Íris. - Vitória ri.
- Sua versão é mais verdadeira. - Ela se arruma na poltrona. - pelo menos a sua versão te dava esperanças para o que enfrentava todos os dias. Se fosse como a minha, você simplesmente imaginaria que não tinha ninguém por você, iria se revoltar pela sua sujeira nunca ser limpa e estaria pior. - jogo a cabeça para o lado.
- Talvez... - depois de muito tempo viajando finalmente o avião começa a pousar.
Assim que chegamos em solo francês fico extasiado. "Estou em casa!" Descemos do avião e sentir o doce e velho clima francês me faz sentir uma nostalgia sem tamanho.
Seguimos para sentir do aeroporto e esperamos que nossas malas desçam do avião. Depois de sair do aeroporto procuro um táxi que possa nos levar para casa. A casa que vivi durante minha infância e adolescência.
Vitória está admirada com todas as coisas que vê e parece gostar. Me sinto protegido e ao mesmo tempo tentado a praticar pecados que o mundo abomina.
Depois de algum tempo andando chegamos em frente ao portão de casa e Vitória sorri animada. Descemos as malas e somos recebidos pelos serviçais que a tanto tempo não via. Assim que entramos pelo portão sinto meu coração bater mais rápido "Estou em casa!"
Seguro a mão de Vitória e seguimos para dentro. A frente da casa é meu lugar preferido por inúmeros motivos. Primeiro o balanço, depois um arco de flores silvestres, depois a porta de madeira talhada com anjos, mas o mais importante, o emblema da família cravado em torno da maçaneta da porta.
Tudo se torna mais lindo dentro da casa. Uma sala com a maior televisão que já vi. Não que isso me importe, mas o sofá negro é tão marcante quanto o lustre da sala de jantar.
Depois o corredor que leva para meu quarto e ao final o quarto que uma vez abrigou um monstro.
- Seu quarto é lindo! - olho para Vitória que está admirando todo o quarto. Me lembro de ter feito a constelação no teto quando estava no colegial.
- Gostou? - ela assente. - É aqui que nosso bebê vai ficar. - seus olhos brilham , talvez a parte que ela tenha mais gostado foi o desenho da parede que fica a janela. Me lembro de ter desenhado essa fênix quando ouvi a história dela. Assim que estava para morrer ela arrancava suas penas e se tornava cinza, mas logo renascia delas.
Para mim o "amor" por mais dolorido que fosse era necessário para nos fazer melhores e mais fortes.
Talvez eu tivesse razão, mas não exatamente precisava ser a dor física sendo expressada.
- Você desenhava muito bem... - Ela começa a caminhar pelo quarto e toca a luminária, depois a cama e por fim meu piano e violino. - Não sabia que tocava... - levo a mão na cabeça, devo parecer envergonhado.
- Eu era muito novo... Eram meus passatempos para fugir um pouco do meu eu interior. - "Era para não quebrar a cara de alguém toda vez que abrisse a boca, para ser mais exato!"
- Posso te ouvir tocar? - nego com a cabeça. - Por quê?
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Abominável - A lei da Atração
RomanceTantas pessoas no mundo e sempre caímos na labia do lobo mal... "Existe uma pequena linha tênue entre o ódio e o amor!" "Existem pessoas que diriam que sou louco, mas prefiro acreditar na teoria de que sou apenas um excêntrico rico em busca de uma n...