Capítulo 58

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- O que aconteceu? - ela pergunta.

- Desculpe pelo incômodo, minha intenção era sair daqui amanhã sem causar nenhum problema, mas parece que o problema veio até  mim... - digo e cerro os dentes quando ela começa a suturar depois de analisar se não é  muito profundo.

- Muito educado! Mas perguntei o que aconteceu, não suas intenções! - Ela diz tão secamente que me arrependo de ser tão educado, conto o que aconteceu fazendo uma força tremenda para não rosnar de dor - Pronto!

- Obrigado! - me coloco de pé e visto a camisa, ela me observa por alguns momentos e tenho vontade rir, a farda não impede a líbido, não é  mesmo!

Sou escoltado para minha cela e trancado novamente, acabo pegando no sono.

***

Acordo com o policial  me chamando para fora.

- Tem visita! - levanto apressado e caminho para a sala de visita, sei que é  o advogado com a Dona Richards.

Entro e o policial encosta a porta, me sento e minha mãe caminha em minha direção,  ela me abraça desajeitadamente, pois não retribuo o abraço, olho para o advogado que não diz nada apesar de parecer surpreso com minha reação .

- Como está querido? - maneio a cabeça para um lado e outro. "Tirando o fato estar com um tumor no cérebro..."

-  ...e ter ganhado uma facada de presente hoje, estou ótimo!  - sorrio, ela parece horrorizada com o que digo.


- Que facada? - seu olhar se preocupa e reviro os olhos .

- Nenhuma! Estou bem, fique tranquila, quero saber se vou sair daqui amanhã mesmo? - olho para o advogado.

- Sairá,  pagará fiança,  conversei com eles e apresentei seu laudo psiquiátrico além  do seu laudo médico. - franzo o cenho.

- Doutor Tompson deu um laudo  psiquiátrico?  - ele assente, pisco algumas vezes seguidas e coço a cabeça "Curioso!"

- Amanhã terá que participar do julgamento do mesmo jeito, já que as crianças estão indo para um abrigo que o senhor esta disponibilizando e o juiz quer saber o porquê você quer ficar com as crianças.

- Não quero! - o advogado me olha surpreso e se remexe na cadeira.

- Des-desculpe não entendi.

- Eu disse que não quero, apenas faço isso porque elas merecem mais do que tem, não é  justo crescer e não ver um fio sequer de esperança no próprio futuro. Participarei do julgamento, esclarecerei...

- Se dizer que não quer as crianças elas serão mandadas para abrigos regulares.

- O meu será  regular, uma casa com regras onde terão disciplina e crescerão podendo fazer uma faculdade, mais regular que isso, impossível.  - ele parece perplexo.

- Senhor eu crei... - Me levanto.

- Até  amanhã!  - Caminho para a porta.

- Querido! Espere! - olho para trás, ela abaixa a cabeça-  Graças a facada prefiro que fique sendo acompanhado... - Sinto mais dó de minha mãe  do que de mim por estar nessa situação.

- Claro! Terei que continuar com a babá, certo? - ela levanta a cabeça.

- Se quiser eu mesma cuido de você querido...

- Alguém precisa manter os negócios do meu pai na França, ficarei bem. - viro e saio de volta para a cela.

Recebo na cela meu prato para jantar e realmente prefiro não ter contato com o restante dos presos, apesar de ter uma boa fama entre eles agora "Tenho uma boa fama, certo?"

Como pouco, pois parte de mim está preocupado com muitas coisas, com Vitória e sua despedida que realmente me deixou frustrado, com Karoline que disse que voltará para França amanhã de tarde, pois seu pai adoeceu e ela não parece nada bem agora que sabe que também não estou em boa situação, tranquilizei ela e disse que chamaria se ficasse mal, preocupado com a decisão do juiz amanhã,  apesar de tudo quero ficar a par do que será  das crianças, com minha mãe  que tem eu como filho, comigo nem tanto, mas meus planos não eram morrer com câncer.

É  com esses pensamentos mórbidos que caio no sono.

" Estou na sala esperando mamãe terminar de se arrumar, a sala está mais alegre e me sinto mais seguro, pois o homem mau se foi com a bruxa. Mamãe desce as escadas e seguimos  para a limusine que levará a gente para o velório do homem mau, ao sair para fora vejo uma fila de carros muito grande atrás  da limousine, mamãe  está  chorando e acalmo ela.

- Será melhor sem ele mamãe,  vou cuidar de você! -  digo enquanto entramos na limousine.

Seguimos para o cemitério e está a cova aberta para onde o homem mau vai, sorrio e aperto a mão da mamãe.

- Querido! - ela se abaixa - Você entende que seu papai morreu? - ela parece preocupada. Sério, eu Assinto - Não verá ele mais! - "Mas isso é  bom, certo?"

- Eu sei mamãe,  tudo bem! - abraço ela - Tenho você.

***

Acordo sonolento e lavo minha boca, sei que a qualquer momento virão me chamar, preciso de um banho antes de ir.

Não se passa muito e então o policial me leva para um banheiro coletivo "Não! Coletivo não! " tomo meu banho demorado apesar de sempre me esconder dos caras com suas enormes trombas.

Depois me seco e visto a roupa que está em cima da mesa,  é um smoking preto muito bem passado, receio que a velha tenha pedido para me entregar. Me visto e tomo cuidado para a sutura não agarrar na camisa quando a coloco.

Observo minhas mãos cheias de cicatrizes e suspiro "Você vai morrer sozinho Dimitry! Seu deformado!" Passo a mão pelos cabelos e penso na droga de pessoa que sou. "Melhor que nada certo?"

Ergo a cabeça e saio seguindo o policial, vou de viatura até  o local do julgamento, saio do carro e sigo para dentro do local onde existe uma sala ampla com uma mesa retangular muito comprida.

O policial me apresenta antes que eu sente na mesa, a juíza está sentada na outra ponta. Ao seu lado está o advogado que minha mãe contratou e do outro lado um servidor do concelho tutelar.

Perto de mim está minha mãe de um lado, do outro Karoline, do lado de mamãe  esta senhor Tompsom  e do lado de Karoline está Vitória. Os policiais que viram a briga estão mais próximos da juíza e a que me suturou também esta presente "Tudo isso para poder dar uma vida melhor para aquelas pobres almas!?"

Ao todo tem cinco cadeiras de cada lado, do lado de Vitória  tem um policial que me chama a atenção  justamente pela intimidade com ela. "O policial que me chamava para as visitas! Por que ele também tem que estar aqui?"

Abominável - A lei da AtraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora