- Não é isso. - digo segurando sua mão. Na verdade os olhares partiram dos pensamentos com Melany. Puxo seu corpo nu para perto e abraço cuidadosamente para não machucá-la. Puxo o ar que vem misturado com a fragrância de seu xampu. Saio do abraço puxando-a para o chuveiro e solto sua mão tirando a camiseta e a bermuda. Fico apenas com a Calvin Klein preta.
Ligo o chuveiro e auxílio ela em tudo que ela não pode. Olhar seu corpo me deixa um pouco sem chão e mesmo que eu não queira, acabo reagindo a imagem da água caindo em seu corpo. Ajudo sempre para que ela não sinta tanta dor. Ao fim do banho não consigo me controlar tanto, e ela olha com os olhos brilhando. A parte do pescoço é muito mais complicada, mas me saio bem. Depois do banho ajudo ela a se enxugar, e às vezes, percebo seu rosto se contrair em dor. Depois que seco seu corpo respiro fundo, minha respiração está irregular e esconder minha excitação já não é possível, agradeço o fato de estar por trás e longe de seus olhos. Sinto um calor incontrolável e respiro fundo novamente tentando me acalmar. Começo a pensar em como o Kid Bengala ficaria nu e realmente isso ajuda a a esfriar a cabeça.
- Obrigada. - perco o restante de controle ouvindo sua voz abafada. Engulo seco e me coloco em sua frente. Seus olhos seguem todas as extensões do meu corpo e vejo suas pupilas dilatando imediatamente. Seguro sua cintura com cuidado e me aproximo da parede. Estendo a toalha antes que ela toque as cerâmicas frias e descanso meus braços de um lado e de outro apoiados na parede.
Seus olhos me buscam e vejo um sorriso malicioso cruzar seu rosto me fazendo perder um pouco mais do controle. Aproximo meu rosto e lhe dou um beijo lento, porém exigente.
Minha respiração perde completamente o compasso agitado, ficando cada vez mais irregular e descontrolada. "Nem pense nisso Dimitry!" Me afasto dela abaixando a cabeça. Meu corpo pede por contato, mas me distancio rapidamente.
- Você precisa descansar... - digo a contragosto e com a voz visivelmente grave e mais rouca. Sinto os olhos de Vitória me analisando e enrolo a toalha na cintura, limpo a garganta - Você sabe que é melhor não arriscamos um acidente por agora. - digo ainda olhando para baixo e tentando, fracassadamente, me desestimular.
- Você está me devendo essa noite e irei cobrar. - é o suficiente para fazer meu corpo se enrijecer mais e a tensão aumentar. Ela caminha para fora do banheiro completamente exposta o que me tortura. Tenho vontade beijar cada hematoma. Balanço a cabeça e fecho a porta do banheiro e me tranco por tempo indeterminado. Tempo suficiente para aliviar minha tensão, mas mesmo qualquer esforço meu não chegaria aos pés do que ela é capaz. Me sinto incompleto e um pouco irritado com sua situação.
Ao sair encontro ela dormindo como um anjo e fico admirado com a beleza inocente e frágil que ela emana. Me aproximo da cama, mas permaneço de pé. Acaricia seu rosto de leve.
"Se até mesmo eu sou capaz de amar, duvido que alguém neste mundo não possa."
Me afasto e me visto, deixo descansar sobre meu quadril a velha calça moletom, e me deito no sofá, fechando os olhos.
***
Acordo razoavelmente cedo por conta de um enjoo matinal e uma dor lasciva na cabeça. Corro para o banheiro e me debruço sobre o vaso sanitário. Sinto meu corpo tremer e vez ou outra sinto espasmos musculares nos braços. Deposito tudo no vaso e respiro fundo buscando forças. Me sinto um pouco culpado por ter faltado na Radioterapia, pois a tontura e a dor é profunda. Busco o ar que fugiu de meus pulmões.
Fecho os olhos e sinto uma sensação de ternura por perto. Abro os olhos e olho em direção a porta entreaberta. Vitória observa pela fresta.
- Você parece mal... - sua voz é calma e cheia de amor. Ela se aproxima e afaga o topo da minha cabeça. Tento recuperar minhas forças e depois de um tempo assim, me levanto tentando parecer bem.
- Eu irei para Campo Grande hoje... - minha voz está fraca e Vitória me olha preocupada.
- Você não está bem! Não pode sair assim. - a voz dela é calma, mas repleta de ansiedade.
- Estou bem, foi só um mal estar passageiro, além do mais quero ver as crianças antes de ir. - digo. Vitória suspira, puxa a descarga e, em seguida, me puxa pela mão em direção ao quarto, depois de se sentar com dificuldade solta minha mão.
- Também irei. - diz confiante. Nego e me sento na cama, aliás meu corpo pede por descanso.
- Não pode ir. - Meu tom frio e distante faz ela se entristecer.
- Você não é meu dono. E sei me cuidar! Não passarei dos limites. Estou me virando aliás. - suas afirmações são repletas de certezas.
- Vitória ... - engulo seco. - Você está se recuperando ainda e além disso está grávida não quero que...
- E você está com câncer! - sua voz sai exaltada e ressentida. Suspiro. "Ela tem razão! Estou doente e diferente dela, posso não estar livre dele dentro de nove meses!" Não digo nada. Me levanto da cama e caminho para o banheiro. Faço minha higienização bucal e tomo um banho demorado. Saio em seguida e não vejo Vitória em lugar nenhum. Fecho os olhos por uns instantes e quando abro sou rápido, visto meu moletom e uma camiseta Branca. Saio apressado.
"Onde aquela maluca foi?"
Talvez ela tenha acreditado pegar pesado demais e decidiu desaparecer para não ter que me encarar com a vergonha estampada em seu rosto.
Talvez tenha saido para tomar um ar fresco ou ido atrás do médico. "Sei lá!"
Caminho pelo corredor e resolvo perguntar a enfermeira que está sentada analisando uma prancheta.
- Com licença. - minha voz grave sai extremamente rude. Ela me olha sorrindo - Por acaso a senhorita viu uma moça despenteada com um curativo chamativo no pescoço, pontos no braço e vários hematomas passando por aqui? - ela me olha incrédula com minha descrição.
- Não que me lembre...
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Abominável - A lei da Atração
RomanceTantas pessoas no mundo e sempre caímos na labia do lobo mal... "Existe uma pequena linha tênue entre o ódio e o amor!" "Existem pessoas que diriam que sou louco, mas prefiro acreditar na teoria de que sou apenas um excêntrico rico em busca de uma n...