Capítulo 123

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Os dias que seguiram até agora estão me deixando entediado, voltei com as radioterapias. Passo a manhã vendo Vitória ser paparicada pela mãe e sinto vontade agarrar o braço  dela e tranca-la do lado de fora do quarto. Meu espaço no quarto do hospital foi tomado, e tive que conversar com a direção do hospital para permitir que eu colocasse um colchonete para mim no canto do quarto.

Vitória será liberada hoje, mas mesmo assim não posso toca-lá, já que a sogrinha vai dormir lá em casa. Terei que conversar com Vitória, para pelo menos, pedir que a mãe dela não durma entre nós dois, como uma estaca.

Lys todos os dias me envia relatórios e vem sempre que pode para nos ver,  aliás hoje a noite faremos um jantar onde ela irá comparecer. Marquei com meus associados e subordinados para fazer uma despedida "Não espero morrer, pelo menos não ainda."

Antes do almoço já estaremos em casa, e hoje o dia começou um pouco mais cansativo, pois a merda da doença está acabando com meu ânimo. Olheiras profundas por causa das noites em claro me segurando para não transar com Vitória com a mãe dela assistindo. "Antes nunca tivesse tocado ela, pelo menos não sentiria tanta falta!"

- Senhor? Não vai pedir? -  sorrio e acaba saindo macabro, pois a atendente da área de lanches me olha assustada. Limpo a garganta.

- Prepare quatro mistos, quatro copos de suco de laranja e quatro frutas de preferência maçãs. - Ela assente e sinto-me enjoado. Além dos meus enjoos, Vitória tem sentido enjoos todas as manhãs e acabo passando mal junto com ela. "Que merda! Já não bastava os que estava sentindo comumente! " olho para a moça. -Retire um misto, por favor. - digo engolindo seco. Ela franze o cenho e se distancia.  Depois de um tempo aguardando o bendito lanche faço o pagamento e caminho para o quarto com uma sacola com os lanches, outra com os sucos e as maçãs, com todo o resto apoiado em uma bandeja. Infelizmente o pai de Vitória está aqui todos os dias de manhã. O cara não deixa eu me aproximar direito de Vitória e fica me incomodando. Não sou nem um santo e ele deveria saber que a filha dele não é  uma freira.

Apesar que poderia ser o tipo de Santo que ela reza. "Preciso parar de levar tudo por trás! "

Respiro fundo quando sinto uma vontade enorme de vomitar  e entro no quarto colocando  a bandeja no sofá apressado. A mãe de Vitória me olha preocupada e caminho para o banheiro.

- Vitória está enjoa... - entro no banheiro e levo a mão a boca quando vejo Vitória debruçada no vaso vomitando como louca. "Merda, merda, merda!"

Corro para o vaso e empurro ela. Ela me dá um soco nas costelas. Deposito tudo que está na minha barriga  e ela me empurra de novo. Sinto minha cabeça girar e me afasto quando ela começa a vomitar de novo. "Que nojo!"

- Caramba, o que você anda comendo? - pergunto enjoado. Ela põe a mão na barriga e me olha com uma carranca.

- Comi uma melancia Dimitry e uma semente ficou agarrada no meu... - Ela começa a gritar e seus olhos se enchem de lágrimas -  ficou agarrada  no meu útero!!! - começo a rir e ela me soca de leve. Levanto cambaleando e dou descarga.  Ela fica muito frágil dessa forma. Ajudo ela a se levantar e ela começa a rir - Você está péssimo! - reviro os olhos.

- Você também não está parecendo muito bem! - digo indo em direção a pia. Faço minha higienização bucal e deixo ela usar o banheiro à vontade. Saio do banheiro com meu sogro me encarando e torcendo o nariz, dou de ombros. Minha sogra passa a mão em minha testa.

- Está suando frio, tem certeza que está bem? - Assinto.

- Podem comer. - digo e começo a organizar as coisas na bandeja. Depois de um tempo Vitória sai do banheiro e me abraça por trás. "O que deu nela? Ataque de carinho?" Tento não pensar em nada pervertido, realmente minha mente não está funcionando muito bem, preciso me desgastar o tempo todo para me manter nos eixos. Respiro fundo e afasto as mãos dela com cuidado. Fecho os olhos e abro novamente tentando me acalmar.

- Por que você está me afastando? -"Odeio quando ela se chateia por tudo! Que vontade fazer o bebê nascer agora!" Olho para baixo e pelo menos está sutil, nada que eu não possa esconder. Olho para trás e para ela de cima em baixo.

- Acho que não é um bom momento para te explicar. - Ela pisca várias vezes e Assente. Olho para trás e meu sogro esta de braços cruzados. "Ah! Qual é! Ele também é homem!" Limpo a garganta - Comam... - olho para Vitória-  Você também! - digo com aspereza e ela faz careta. Pego meu suco e a fruta. Cancelei meu misto, não quero comer muita coisa para não piorar minha situação. Me sento no colchonete e me encosto na parede.

Depois de morder alguns pedaços da maçã,  Vitória se senta ao meu lado como uma criança com o café da manhã. Olho para ela e fico sem entender. Geralmente ela pega o café e se senta na cama levando muito tempo para comer.

- O que foi? - ela pergunta mordendo o misto.

- Sei lá,  me diz você? - ela sorri e abre uma das mãos colocando em cima da minha coxa. Espremo os olhos e deixo o suco do lado desocupando a mão e entrelaçando a dela.

- Não posso ficar aqui? - ela pergunta com ar brincalhão "Muito bem senhorita Richards! Me provocando na cara dura!"

- Pode. - digo e engulo seco olhando para os velhos que parecem distraídos com seus lanches. "Seria pedir muito para que eles fossem embora?"

"Que tortura dos infernos!"

Aposto que senhor Thompson está amando minha agonia. Mal sabe ele que quanto mais tempo exilado mais difícil será resistir a qualquer possibilidade de toca-lá.

Termino meu café da manhã e encosto a cabeça na parede fechando os olhos. Abro novamente com o médico entrando no quarto.

Abominável - A lei da AtraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora