Capítulo 73

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- Vamos apenas descer. - ela se levanta triste e passa por mim, complemento - Obrigado por ficar do meu lado ontem a noite. - meu agradecimento é  tão ríspido que ela apenas finge não escutar. "Estou me esforçando!" Realmente  há algo dentro de mim que está procurando melhorar de certa forma para ela. "Cala a boca!" Acabo corando com o pensamento e me sinto confuso, pois não me lembro de ter esse sentimento antes. Nunca.

Vitória cumprimenta Dona Clarice e se senta em um banco do balcão.  Sigo para a piscina e me jogo na mesma. Todos estão aqui fora e a música está  ligada, Joshua e o doutor estão assando carne na churrasqueira, a enfermeira e Natasha estão tomando sol com seus imensos bumbuns virados para cima dizendo "Olá mundo."

Ana, Rafa, Melissa e Carolina estão na piscina, mais cedo o carinha do Conselho foi ao mercado e comprou uma rede e uma bola de vôlei . Agora estamos jogando, eu, Ney, Melissa e Karolina estamos no mesmo time, Rafa, Ana e o carinha do Conselho estão do outro lado e por incrível  que pareça estamos perdendo o jogo. O restante está no prédio dos jogos.

- Minha vez de sacar! - grito e Ney me entrega a bola. Faço um arremesso por cima e acerto água. Meu time comemora, eles me entregam a bola e saco novamente outro ponto e empatamos, mais um saque perfeito e começamos a ganhar. Lanço novamente dessa vez a bola é  devolvida. Cruzo para Ney que joga para Melissa,  em seguida ela está do outro lado. Rafa rebate e Karol lança de novo para o outro lado. Antes que possa reagir a bola volta e acerta a água com força, sorrio para Ana que lançou a bola.

- Bom corte! - digo. Eles comemoram. Empatamos. Último ponto decidirá tudo e hora de Melissa sacar a bola, ela parece nervosa e me aproximo - Tudo bem! É  só um jogo, vou continuar amando vocês mesmo se perderem em algum momento. - ela assente me afasto e dou sinal com a cabeça para ela sacar. Conseguimos marcar ponto e levanto Mel nas costas e as outras duas me abraçam, Ney se junta para a comemoração. Desço Melissa das costas e saio da piscina, Vitória sai para fora e leva a mão a boca, ela caminha em minha direção e quando me alcança toca o ferimento.

- Está saindo um pouco de sangue!  - olho para baixo e realmente está vazando um pouco.

Entro na cozinha.

- Dona Clarice, por acaso não teria uma toalha aqui que não esteja usando? - ela aponta a primeira gaveta do armário.

- Pegue ali, mas para quê? - viro de lado e ela caminha em minha direção - Menino, o que foi isso? Tem que passar pomada! - rio.

- Não precisa! Está só inflamado por descuido meu... - alcanço a toalha e seco o local - Obrigado! - saio para fora e me sento no chão encostado na parede, já que molhei o moletom e todo o corpo,  uso a toalha para tirar o excesso de umidade e observo os movimentos em volta.

Acabo focando os ouvidos em uma conversa em particular. Vitória e Joshua estão perto da churrasqueira sentados em cadeiras plásticas conversando.

- Elas estão felizes... - Vitória comenta apertando o braço com a outra mão. "Que porra de gesto é  esse?"

- Sim, Dimitry as trata como filhos de sangue... - ele pega seu braço e começa a brincar com seus dedos.

- Estou surpresa com a mudança de humor dele, nunca vi ele tão tranquilo e carinhoso como ele fica quando as crianças estão por perto... - ela levanta a mão como imaginasse outro universo - É  como se fosse um remédio. - "Não volte a brincar com os dedos dela!"

- Bem... - ele faz uma longa pausa.

- O Que foi?-  Vitória olha em seus olhos, ergo uma sobrancelha e aperto a toalha.

- E nosso encontro... Disse que sairia com um cara engraçado como eu, se recorda? - " O quê? Não,  não, não! Não ouvi isso!" Me seguro e aperto o maxilar, não posso fazer nada, pois ela não é  minha. Meu sangue ferve e essas sensações estão me matando, não consigo entender o que seja essa raiva toda.

- Olha... - ela coloca os cabelos atrás da orelha e paro de olhar em direção eles, se estou certo ela vai me olhar em 3...2...1... Sinto seus olhos em mim - Podemos sair Sim, Claro! - agarro um lado da toalha  e outro com a outra mão,  puxo com tanta força que ouço o pano rasgar, olho para o pano e estico ele em minha frente. "Merda era novinho!"

Me levanto e entro na cozinha com o pano rasgado.

- Dona Clarice... - ela olha em minha direção e estendo o pano aberto para ela ver.

- Como conseguiu rasgar esse pano garoto?! Ele é  de uma marca super resistente! Mas que traquinagem mocinho! - Ela agarra o pano da minha mão.

- Desculpe! - saio da cozinha e sigo para a sala, não quero voltar para trás e ouvir algo mais, acabo não resistindo e quando chego a sala dou meia volta.

Chego na varanda e me sento no mesmo lugar.

- Me lembro de uma vez quase queimar meu pai com um espeto! Ele me deu uma bronca que nunca mais esqueci - Vitória gargalha - Foi sem querer sabe... - "Hahaha, engraçadíssimo! "

Olho fixamente para Vitória  e ela acaba percebendo, aperto a boca em uma linha fina e engulo seco, desvio o olhar do dela e respiro fundo. "Qual é!  Deixa ela ser feliz!" Você não pode simplesmente querer trancar ela em um potinho.

Arranco lentamente as bolinhas do moletom, formadas pelas lavagens em máquina. Amo essas roupas velhas, minutos depois de estar em minha caixinha do nada, Vitória se senta ao meu lado.

- Tem algo que queira me dizer? - Nego com a cabeça.

- Pergunta estranha! -digo secamente.

- É  que parece atordoado, chateado, sei lá, não me lembro de te ver com essas expressões... - ela passa o dedo de leve em cima da sutura, agarro a mão dela e afasto.

- Vou te dizer algo... - encaro ela e me aproximo de seu ouvido, sinto a respiração dela mudar - Se for flertar com outro cara, faça isso longe de mim!

Abominável - A lei da AtraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora