Capítulo 40

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Saio das ruas que estão as crianças e dirijo em direção ao meu apartamento, a garota permanece calada.

- Sua vida é tão fodida como a minha! - digo friamente e ela me encara, continuo focando o olhar nas ruas, para evitar um acidente já que estou consumido pelo ódio.

- Por que diz isso? Achei que o senhor fosse bem de vida! - rio amargamente.

- Nem todo o dinheiro deste mundo apaga as dores e as manchas que carregamos no peito! - exclamo com indiferença - Quero me amanhã cedo me leve até essas crianças, o lugar em que vivem... Vou propôr uma saída para elas! - digo, vejo alegria e esperança em seu olhar e por mais que odeie esses sentimentos positivos, me sinto muito bem.

- Obrigada! ninguém... - a voz dela falha.

- Tudo bem, faço isso por mim também, é errado e sujo ver pessoas sofrendo e e ter condições de ajudar e mesmo assim... Ficar parado! - digo me lembrando que minha mãe nunca me ajudou e passei minha infância sendo maltratado.

Chegamos ao hotel e estaciono o bugatti no lugar de sempre, descemos e seguimos para meu apartamento, subo os elevadores sem trocar uma palavra com a garota e ao chegarmos em meu apartamento encontro Vitória sentada no sofá lendo um dos meus livros.

- Nossa Dimitry, você tem um gosto maravilhoso para livros! - ela exclama sorrindo e ergue a cabeça, seu sorriso evapora assim que ela vê a garota atrás de mim.

- Eu sei! - digo com frieza e caminho para meu quarto, a garota segue atrás de mim e Vitória parece magoada.

- Quem é ela? - a voz dela carrega muita mágoa e isso me irrita, pois não quero nada sério com ela.

- Não é da sua conta! - digo e sinalizo para a garota entrar no quarto.

- Sério? - ela ri amargamente e encaro ela com indiferença, depois de um longo tempo ela fala - Tudo bem, tem razão!

Me viro e sigo para meu quarto, fecho a porta e observo a garota deitada na cama.

- Pode dormir aí se quiser, amanhã conversamos, irei dormir na sala! - digo, ela parece surpresa.

- Achei que fôssemos... - interrompo.

- E íamos se você já não tivesse que suportar tantos caras idiotas no seu pé. - ela corre em minha direção e me abraça, o gesto me deixa constrangido e me sinto um boneco de neve sendo abraçado pelo sol.

Me desvencilho e afasto ela.

- Sem abraços, detesto demostrações de carinho! - digo e ela assente.

- Desculpe!- ela abaixa os olhos e caminha para a cama, volta a sorrir e se deita sobre ela.

Vou até meu guarda roupa e pego uma coberta e travesseiro jogo sobre a cama e sigo para o banheiro, tomo um banho demorado e visto minha calça moletom.

Volto para o quarto e vejo a menina dormindo como um anjo.

Pego minhas coisas e caminho para a sala, Vitória não está mais aqui e não me importo se ela não quiser falar comigo, apenas quero que Karoline chegue logo, pois estou em frangalhos e meu humor tem se tornado gelado como o polo norte.

Sinto um peso na consciência e por um momento desejo que tudo a minha volta suma, não entendo que sentimentos são esses, mas me sinto estranhamente responsável pelas crianças que encontrei naquela rua escura.

Quero poder tirar todas de lá e proporcionar um ambiente seguro e cheio de conforto para todas, algo dentro de mim implora para que faça isso e sinto um medo crescente, pois não quero que ninguém saiba desses sentimentos estranhos que cercam minha cabeça.

Junto todas as minhas sombras e tento acalmar meu coração, creio que estou me perdendo dentro de mim mesmo e creio que parte disse seja culpa minha, pois não consigo entender por que meus pesadelos sempre acabam com um sonho apenas.

Vejo a babá e papai estirados no chão e vejo a carta que escrevi imitando a letra de meu pai, lembro que demorei alguns dias para conseguir fazer minha letra exatamente igual a dele.

Eles morreram depois de tomar veneno de rato e seus corpos espumavam , saia espuma pela boca deles e seus olhos estavam abertos e estalados.

A carta era uma despedida, fiz a carta com o intuito de minha mãe ler, mas foram os polícias que leram e chegaram a solução que havia sido um suicídio e que os dois se mataram por amor um ao outro, na verdade era uma mentira e eles tinham sido assassinados e eu me senti livre das torturas deles, mas desde aqueles dias terríveis nunca mais fui o mesmo.

Meu maior medo está em ver uma criança perdendo a inocência e se transformando em um mostro como eu, e desejo que eles tenham oportunidades melhores e sonhem com coisas boas e lembranças boas.

Estou determinado a salvar o máximo de crianças que conseguir e decido que vou abrir uma ONG que ajuda crianças que sofreram na infância e que provavelmente podem sofrer.

O simples fato de me imaginar ajudando elas apaga um pouco de tudo que sinto e me deixa mais leve e menos irritado, isso me assusta e não sei se quero me tornar uma manteiga derretida.

Me deito sobre o sofá e me cubro, sinceramente estou precisando de uma saída e quero que minha saída seja boa pelo menos enquanto eu viver, pois sei que na verdade minha saída não é positiva após a morte.




Oi oi oi oi oi pessoineas, estou passando para dizer que todo o livro é desenvolvido para despertar em vcs o espirito de colaboração e ajuda ao próximo, pois muitas vezes fechamos os olhos diante dos problemas e nos deixamos levar pelas mídias e na verdade nosso mundo é muito mais que lugares bonitos e alegres.... 

Creio que tudo que está comprometido em denunciar a realidade é julgado e condenado pelas pessoas, pois paramos de ser fantoches e muitas vezes não aceitamos a mudança, creio que este livro irá sofrer sempre muitas represálias, mas confio que quem ler ele jamais se sentirá igual...

Agradeço pelo carinho de vcs e saibam que sempre podem contar comigo, pois amo aconselhar e ajudar no que puder...

Abominável - A lei da AtraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora