Capítulo 104

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Por volta de duas horas desço para o térreo, já avisei doutor Gordon que chegaria atrasado na seção hoje. Escolho uma mesa para me sentar e espero seja lá quem for.

Meu celular vibra e recebo um e-mail de Lys tento abrir o documento, mas ele está zipado. O jeito é esperar e abrir durante a noite. Espero que meus instintos estejam errados, pois seria um problema ter que lidar com o que está me afetando.

- Vai pedir alguma coisa senhor? - percebo que o garçom está parado esperando meu pedido.

- Traga apenas um vinho de sua melhor safra. - peço. Ele assente e sai. "Quem será a única pessoa que lhe amou Dimitryzinho!?" A bruxa se materializa na cadeira da frente e fecho os olhos passando a mão em meus cabelos. "Some estorvo!" Alguém limpa a garganta e abro os olhos relutante. Ergo uma sobrancelha ao ver um adolescente sentado. "Quem é esse cara?"

- Quem é você? - pergunto. "Só pode ser sacanagem!"

- Trouxe algo que uma pessoa pediu... - Ele me entrega um envelope e se levanta. Me levanto arrumando o terno e agarro braço do garoto. Me aproximo de seu ouvido.

- Quem pediu para me entregar isso? - Ele ele se afasta e me olha assustado.

- Não po-posso dizer senhor... - aperto o braço dele e ele fecha os olhos.

- Senhor esse rapaz está lhe incomodando? - solto o braço do rapaz e me viro para o garçom.

- Tudo bem... Confundi ele com uma pessoa. - sorrio e me sento. O garçom assente e se afasta. "Droga!" O garoto desapareceu. Abro o envelope e encontro pedaços de jornal recortado. Várias notícias a meu respeito e um envelope branco menor.

Abro o envelope e puxo as fotos que tem. Meu coração dispara. Várias fotos minhas.

- Que merda é essa!? - digo indignado e passo as fotos. No meio de todas as fotos que estão dispostas no monte existe algumas que me deixam atordoado.

Fotos de Vitória. Muitas fotos de Vitória. Sorrindo, brava, chorando, séria. Todas elas despercebidas.

"Só pode ser alguma brincadeira de mal gosto."

Disco o número de Lys e recolho as fotos guardando no envelope novamente. O garçom chega e deixa a taça de vinho.

- Companhia Richards!

- Lys... Tem como fazer outra investigação? Essa é de extrema urgência.

- Sim senhor. - sinto-me tonto novamente.

- Quero que descubra de onde veio uma ligação que recebi ontem a noite e coloque seguranças vigiando Vitória.

- Aconteceu algo? - tomo o vinho em um gole só.

- Aconteceu. Passo aí e deixo o telefone em menos de meia hora. - deixo o dinheiro na mesa e me levanto apressado. Sigo para a recepção.

- Ok. Até mais senhor. - desligo e chamo o atendente.

- Boa tarde senhor Dimitry. - Assinto.

- Chaves do carro. - Ela abre uma gaveta e me entrega. Entro apressado no estacionamento. "Por que disso agora?" Sento no banco e respiro fundo.

Fecho a porta do carro e abro o envelope. Reviso as fotos e encontro fotos de Karoline também. Franzo o cenho. Fotos do beijo que dei de despedida na frente do lugar onde foi o julgamento.

Continuo a olhar e encontro fotos de Vitória com Joshua perto de um lago. Fotos de doutor Tompson. Fotos mais antigas. Fotos de quando cheguei ao Brasil. Fotos do prédio que fiquei internado. Fotos do hospital psiquiátrico. Fotos da velha. Fotos de Melany.

Largo as fotos e elas caem no piso do carro e no banco espalhadas. "De onde saiu tanta foto!?" Passo a mão pela testa onde escorre suor.

Ligo o carro e acelero. Dirijo apressado para a empresa e atravesso correndo pelos sinais. "Algo não está certo!" Chego a empresa e abro a porta do carro. Recolho as fotos e enfio no envelope.

Entro apressado e coloco na mesa de Lys.

- Senhor... Está pálido. - Ela se levanta e toca minha testa - e gelado.

- Confere esse envelope. - ela pega o envelope e abre cuidadosamente. Passa foto por foto e me encara.

- Não entendo essas fotos, por que está me mostrando ? - ela me encara e entrego meu celular.

- Ache o dono desse número e me avise hoje ainda. - Ela assente.

- O que faço com esse envelope?

- Me entregaram hoje, quero saber o por quê tem fotos minhas ai e das pessoas que me envolvi recentemente. - Ela assente. Saio da sala e volto para o carro.

Ligo o carro e sigo para o hospital.

Chegando estaciono em uma vaga perto da porta e entro. Vejo a enfermeira sorrir ao me ver. Ignoro seu sorriso "Quer me deixar irritado! Certeza!" Passo por ela e sigo para a sala das seções. Troco de roupa e vou até o corredor. Toco o braço de uma enfermeira que parece surpresa ao me ver. "Carne nova?" Não me lembro dela.

- Precisa de algo? - ela pergunta e sorri. "Sem graça como todas!"

- Chame doutor Gordon, diga que Dimitry Richards já está esperando. - Ela assente e sai.

Volto para a sala de seções e me sento na máquina. Depois de alguns minutos ele chega e sou atendido. Saio da seção e sigo para um quarto do hospital, aparentemente estou mais fraco do que deveria e é melhor ficar em observação.

Adormeço.

***

Acordo com um barulho. Abro os olhos e vejo uma enfermeira deixando uma bandeja.

- Ei... - chamo sua atenção.

- Quer que eu trava algo para comer? - "Não sinto fome!"

- Quero que me empreste seu celular. - Ela abre a boca e fecha novamente, procura nos bolsos e me entrega o celular. Disco o número de Lys.

- Companhia Richards!

- É o seu chefe... Estou no hospital tem como trazer meu celular aqui...

- Claro senhor, aliás sua mãe ligou e disse que estará aí logo logo. Doutor Gordon ligou para ela avisando que você ficaria internado.

- Está bem. Não se esqueça.

- Farei isso. - desligo e entrego o celular para a enfermeira. Ela sorri.

- Por nada.- sorrio ao me lembrar que uma vez Vitória agiu da mesma forma.

- Não pretendia agradecer... - Ela sorri.

- Imaginei. - Ela se vira e sai. Me sinto indisposto e acabo fechando os olhos novamente. Adormeço.

***

Acordo com alguém me cutucando. Abro os olhos e vejo Lys parada.

- Seu celular já esta aqui, aliás o número que te ligou foi abandonado em um lixo perto do seu prédio. Não sabemos quem foi... - fecho os olhos e suspiro. Abro novamente.

- Já colocou seguranças perto de Vitória? - ela assente.

- Ela não notará, mas já estão lá . Pedi para que tivessem contato direto com o senhor, então qualquer movimento estranho eles ligação para o senhor. - Assinto.

- Bom trabalho. - Ela encosta a mão em minha testa.

- Descanse agora, sua mãe deve estar chegando, irei para casa e espero que fique bem logo. - movo minha mão e seguro seu braço.

- Não se preocupe. - afasto a mão dela e fecho os olhos. Adormeço.

Abominável - A lei da AtraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora